Linha do Tempo: Depoimentos de sortudos do 1º de Maio

Crédito: Força Sindical

Elias Andrade dos Santos
“O raio vai cair pela terceira vez no mesmo lugar”, diz trabalhador que ganhou carro duas vezes no 1º de Maio

“O raio vai cair pela terceira vez no mesmo lugar”, diz Elias Andrade dos Santos, manobrista desempregado de 66 anos,  que já ganhou dois carros nas manifestações de 1º de Maio da Força Sindical. Ele acredita que ganhará um carro pela terceira vez, na festa do 1º de Maio. Ele vendeu os dois primeiros carros e gastou o dinheiro. Hoje mora com parentes no bairro do Cambuci.

Na primeira vez foi sorteado em 2012, quando ganhou um Celta. A segunda vez foi em 2015 quando recebeu um HB20. Elias contou que quando o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, Paulinho, o reencontrou em 2015, na concessionária Hyundai onde os carros foram entregues, Paulinho afirmou: “Você é abençoado! Ganhou duas vezes”.

O manobrista, de riso fácil, jeito calmo de falar, conta que, de fato, já ganhou carros três vezes. A primeira foi em 1985, em um bingo em sua terra natal, Recife. Ele vendeu o veículo a prazo para seu irmão, que pagou a primeira prestação e vendeu o carro. “Mas fiquei sem receber o restante do dinheiro porque meu irmão morreu logo em seguida”, disse.

Elias tinha uma companheira e se separou. Em 1977, veio trabalhar em São Paulo. Morou na casa de um irmão no Parque novo Mundo. Trabalhou em indústrias da alimentação, de brinquedos e  produtos de borracha.

“Há dezessete anos frequento o 1º de Maio da Força Sindical. Antes não me interessava. Os colegas pegavam os cupons e diziam: “Vamos lá rapaz!”. Aí resolvi pegar os cupons e ir também. Passava em vários sindicatos para retirar os cupons. Em 2012 coloquei quatrocentos nas urnas. Em 2015, aumentei para seiscentos”, contou o manobrista.

“Em 2012 ganhei um carro que valia R$ 22 mil e vendi por R$ 18 mil. Paguei uma dívida, comprei roupa, celular e viajei para Recife”, relatou Elias.

Em 2015, Elias também vendeu o veículo e comprou um terreno. Só que foi em um local que dava  enchente. “Vendi o terreno por um preço mais baixo do que aquele pelo qual comprei. Como o dinheiro não dava para comprar outro terreno, fui passear em Recife e na Paraíba”, declarou.

Elias não fala sobre os planos, se realmente ganhar pela terceira vez. Diz apenas que estará lá no 1º de Maio a partir das 7 horas com os cupons, e que o raio cairá no mesmo lugar pela terceira vez. Ou seja, que ganhará outro carro.
 

Crédito: Força Sindical

Maria da Conceição Oliveira Bonfim
Sorteada em 2013, tenta a sorte novamente neste ano

Maria da Conceição Oliveira Bonfim, de 55 anos, é uma senhora morena que demonstra maturidade e muita experiência de vida. Ganhou um carro no sorteio do 1º de Maio e este ano tenta de novo. “Saio de casa e me benzo. Com Deus, nada é impossível”, ressalta.

“Em 2013”, conta, “trabalhava em uma metalúrgica na Bela Vista e resolveu ir à festa de 1º de Maio da Força Sindical”. Por volta das 3 horas da tarde foi sorteada, mas ficou em dúvida porque o dirigente que sorteou o carro disse apenas o primeiro nome, Maria.

“Tem muitas Marias. Perto de mim tinham mais duas. Não deu para atravessar aquele mar de gente e ir conferir na hora. Quando já vinha embora, um rapaz da organização do 1º de Maio me ligou avisando que tinha sido sorteada. Fui atrás do palco conferir, mas não consegui saber. Fiquei dois dias sem dormir. Vim na Força Sindical, conferi e vi que realmente havia ganhado”, ressalta.

“O carro me ajudou muito. Vendi o veículo e completei com o dinheiro que tinha, peguei mais um empréstimo e comprei uma quitinete em Praia Grande, que alugo. Tenho também um apartamento em São Paulo, onde moro, e uma loja de doces na rua Manoel Dutra. Tem gente que ganha e gasta tudo. Eu sei sempre o que fazer”, afirmou Maria.

A baiana, que chegou a São Paulo ainda criança, já morou na rua, em pensão, trabalhava nas indústrias e, nos finais de semana, montava barraca para complementar a renda.

Maria diz que participará do 1º de Maio neste ano. “Se eu ganhar, não vou contar para ninguém porque tem gente que fica de olho querendo o dinheiro. Em 2013 contei para muita gente no bairro da Bela Vista. Ninguém ia no 1º de Maio. Depois que ganhei, todos vão à festa porque sabem que o carro é realmente entregue para quem ganha”.