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Assuntos Raciais
Trabalhadoras da Força Bahia exigem igualdade de gênero e raça na Marcha das Mulheres Negras
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Assuntos Raciais
Marcha das Mulheres NegrasAs mulheres trabalhadoras da Força Sindical Bahia participaram da 1º Marcha Nacional das Mulheres Negras, ontem (18), em Brasília. A Marcha é uma ação estratégica para denunciar as injustiças e as múltiplas violências provocadas pelo racismo e sexismo, conquistar visibilidade, reconhecimento social, político, direitos e cidadania plena.
A concentração foi no Ginásio Nilson Nelson, na região central da capital. Mais 10 mil mulheres caminharam por 7KM até a Praça dos Três poderes e gritaram contra o racismo, a violência sexista, o genocídio da juventude negra e por mais políticas estruturantes e políticas públicas para as mulheres negras.
As Centrais e os Sindicatos são fundamentais na luta por políticas afirmativas para garantir igualdade na contratação, na remuneração e na ascensão profissional. Para a Presidente da Força Sindical Bahia, Nair Goulart, se não houver atuação propositiva do movimento sindical, o cenário não irá mudar. Para Nair, a Marcha é uma manifestação histórica. “Exigimos um basta na desigualdade de gênero e raça. Todos os anos as pesquisas compravam que a mulher negra é colocada em um patamar de inferioridade. Precisamos dar um basta nisso e não vamos parar de lutar para ocupar o poder político, econômico e social”, finalizou Nair.
“Nos últimos anos tivemos um grande processo de reformulação, de mudanças, de ampliação de direitos, de acesso a políticas e a bens e serviços. No entanto, quando a gente faz um recorte racial e de gênero, identificamos que as mulheres negras, um quarto da população, estão em condição de vulnerabilidade, de fragilidade, sem garantias”, disse a coordenadora do núcleo impulsor da Marcha, Valdecir Nascimento, coordenadora executiva do Instituto da Mulher Negra da Bahia (Odara)
Perfil da mulher negra brasileira
A participação da mulher negra no mercado de trabalho é de 53,1%, conforme relatório sobre as estatísticas de gênero do último censo do IBGE, em 2010. Levantamento feito pela subseção do Dieese da Força Sindical indica que persiste a diferença salarial das mulheres negras em comparação aos homens não negros, que recebem os maiores níveis de rendimento. “Percebemos a dupla discriminação de cor e gênero. O valor nominal do rendimento das mulheres negras é, em média, 48% inferior ao das mulheres não negras.
Em relação aos homens não negros, o percentual fica em torno de 65%. Estas informações deixam claro que as mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho não apenas por serem mulheres (que já recebem rendimentos inferiores), mas também por serem negras, já que seus rendimentos são ainda inferiores aos das mulheres não negras”, declara Tamires Silva, técnica do Dieese.
A taxa de frequência escolar no ensino médio para mulheres negras ou pardas é 12,5% inferior à frequência de mulheres não negras. A proporção de mulheres negras sem instrução é inferior ao número de homens negros sem instrução. Em 2013, o Relatório Anual Socioeconômico das Mulheres mostrou que a violência física foi 54% dos relatos computados.