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Alimentação:Trabalhadores do Setor Lácteo debatem o mundo do trabalho
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
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Sindicalistas do Brasil e da América Latina mostram-se preocupados com a ação das empresas transnacionais
Preocupados com a ação das transnacionais no País, a CNTA (Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação) e o Sindicato dos Trabalhadores de Laticínios de São Paulo discutiram, em seminário internacional realizado em Buenos Aires, na Argentina, o mundo do trabalho do Setor Lácteo do Brasil e da América Latina. “Os participantes chegaram a três resoluções. Uma específica sobre as dificuldades de os pequenos produtores de leite da Colômbia se organizarem. As outras duas referem-se à atuação desenvolvida pelas grandes empresas do setor em relação aos trabalhadores, e como elas interferem no mercado local, ou seja, no País em que instalam suas fábricas”, declara Melquíades de Araújo, presidente da Federação da Alimentação de SP (Fetiasp).
Novo debate, em âmbito mundial, sobre os trabalhadores e o setor, acontecerá em São Francisco, nos Estados Unidos, em data ainda a ser definida. “A estratégia da Uita (União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação) é realizar encontros setoriais”, explica Geraldo Gonçalves Pires, Geraldinho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Laticínios de São Paulo.
“No setor de Laticínios atua um número maior de empresas multinacionais sediadas na Europa. Ao realizar estes debates internacionais, os trabalhadores querem levantar as reivindicações e negociá-las por empresa”, declara Lauro Fiaes dos Santos, vice–presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Laticínios. Hoje, são poucas as empresas que realizam negociações setoriais, a exemplo da Nestlé.
“Um fato que chamou nossa atenção, e que queremos conhecer melhor, é a estratégia desenvolvida pela multinacional francesa Lactalis, empresa que controla a marca Parmalat e que comprou a Divisão de Lácteos da BRF (antigas Batavo, Elegê). Ela vem adquirindo empresas que estavam fechadas ou em recuperação judicial”, declara Fiaes.
Neuza Barbosa, secretária de Relações Internacionais da Fetiasp, afirma que ainda há muito espaço para aumentar o consumo de leite no País, o que representaria a geração de mais empregos no setor. “Queremos empregos de qualidade”, diz ela, observando que o Ministério da Saúde recomenda o consumo de duzentos litros de leite por ano (incluindo-se aí doces, bolos e iogurtes, entre outros), mas o consumo é apenas de 128 litros por ano. “Para nós é importante debater o setor para exigirmos trabalho decente”, destaca Geraldinho.
Perfil do setor
Conforme estudo realizado pela subseção do Dieese na Confederação da categoria, o Brasil tinha 123.867 trabalhadores em laticínios, conforme dados de 2013 da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Naquele ano, a remuneração média era de R$ 1.823,93.
No primeiro semestre deste ano foram fechadas 2.373 vagas no setor, ante as 343 vagas extintas no ano passado. Minas Gerais tem o maior número de trabalhadores, 28.817 em 2013, com remuneração média de R$ 1.602,52. São Paulo tem o segundo maior número de trabalhadores, com 24.816 empregados e remuneração média de R$ 3.089,52, seguido do Paraná, com 10.240 funcionários e remuneração média de R$ 1.649,16.