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São Paulo (SP): Diferença salarial entre negros e brancos é acentuada, diz Dieese
sexta-feira, 13 de maio de 2011
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A diferença salarial entre trabalhadores negros e brancos é de R$ 7,61, a hora. Os brancos recebem R$ 20 a hora e os negros R$ 12,4, mostrou Patrícia Costa, técnica do Dieese, no debate “Igualdade Racial e a Participação do Negro no Mercado de Trabalho”, no Ciclo de Debates organizado pela Força Sindical para comemorar os seus 20 anos.
Todos indicadores, como emprego e saúde demonstram que os negros estão em pior situação.“Cabe ao movimento sindical discutir esta situação nas negociações com os patrões porque este resultado indica que o trabalhador de raça negra não será promovido”, declarou.
Já Maria Aparecida Silva Bento, diretora executiva do CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho, contou que o movimento negro fez uma queixa ao Ministério Público para que fosse assegurado nos principais bancos a igualdade na contratação entre negros e brancos.
Foi feita uma pesquisa com os funcionários. “Constatou-se que 66% dos negros estão no setor há três anos, fruto de uma ação dos movimentos sindical, dos negros e das mulheres. De lá para cá algumas ações definidas naquela época evoluíram e outras não”, disse.
Segundo Cida, a contratação de mulheres negras não avançou. Ela lembrou ainda que os sindicatos e as centrais sindicais tiveram atuações marcantes a favor dos negros no passado e precisam dar prioridade às reivindicações dos negros em suas pautas de negociação.
Susto
A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, afirmou que assusta muito ver estas situações reproduzidas há tantos anos. “Trabalhei com dados das décadas de 50 e 80 e já dava para ver que os negros estavam afastados dos processos mais adiantados da Bahia. Os indicadores ainda têm a cara perversa”, disse.
Sobre a remuneração por hora em relação a escolaridade, “o Brasil é o país que melhor remunera, conforme a escolaridade. Agora por quê ao longo dos anos não se estimulou os estudos dos negros? Não creio que somos inferiores. No Brasil houve investimentos do não progresso dos negros”, destacou.
Para a ministra é necessário ter novas propostas para mudar a situação. “Uma posição das centrais sindicais ajuda muito para que a questão se encaminhe dentro do governo. Não podemos dissociar a escassez de mão de obra com o não investimentos na formação dos negros”, frisou.
José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, disse não acreditar em qualquer forma de libertação que não seja pelo conhecimento. “O movimento sindical deve participar da formação do currículo do Programa Nacional de Educação para que o país possa formar cidadãos e não apenas pessoas para o mercado de trabalho”, destacou.
Adalberto Galvão, secretário nacional de Assuntos Raciais da Força Sindical, ressaltou que construir a igualdade é responsabilidade de todos – negros e brancos. “Os dados apresentados pelo Dieese e CEERT são reveladores da condição de exclusão. A partir deles pode-se estabelecer políticas para o quadro que estamos vivenciando”, disse.
Para ele, falta ao conjunto do movimento sindical enfrentar a diferença salarial na negociação. E devemos voltar a colocar na agenda aquilo que perdemos na votação do Estatuto da Igualdade Racial, que é o Fundo Nacional. Sem recursos pode-se ter belas propostas, mas elas não serão executadas”, observou.
O presidente da Unegro e historiador, Edson França, falou sobre os 123 anos da abolição da escravidão. “Depois de 388 anos de escravidão, a elite optou pela imigração e colocou o negro na marginalidade. Mas eles fundaram a Frente Negra Brasileira, em 1931, que lutou para acessar os empregos públicos. Os negros têm um legado de lutas no Brasil”, enfatizou.
José Braz da Silva, o Fofão, do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, foi o mediador do debate, que contou ainda com a presença do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna.