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Após demissões, trabalhadores do setor sucroenérgetico fecham rodovia
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
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Metalúrgicos e empresários pedem políticas de incentivo ao açúcar e etanol.
Em Sertãozinho, indústrias fecharam e 2 mil perderam o emprego em 2014.
Cerca de 8 mil trabalhadores, sindicalistas e representantes do setor sucroenergético bloqueiam a Rodovia Armando de Sales Oliveira (SP-322), em Sertãozinho (SP), na manhã desta terça-feira (27). O número estimado de participantes é da Polícia Militar (PM). Os manifestantes protestam contra a crise que afeta o setor e deixou 2 mil desempregados na cidade só no ano passado. Comerciantes não abriram as portas e também participam do ato, batizado de "Movimento pela retomada do setor sucroenergético", e que conta com apoio de diversos órgãos, como Prefeitura, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Os manifestantes fecharam a rodovia por volta de 7h30 e saíram em passeata às 8h30, percorrendo dois quilômetros, até à Rodovia Carlos Tonani (SP-333), importante acesso a cidades como Ribeirão Preto (SP) e Jaboticabal (SP). Os participantes chegaram à via por volta das 10h e pretendem apresentar um documento destinado ao Governo Federal, com as principais reivindicações dos setores envolvidos.
Devido ao fechamento da Rodovia Carlos Tonani, o tráfego de veículos está sendo desviado com apoio da Polícia Rodoviária. Motoristas de Ribeirão Preto seguem pela alça de acesso e carros que vêm de Jaboticabal são desviados para a Rodovia Mario Donegá. O congestionamento no local é de 1,5 km.
Reivindicações
Entre as reivindicações dos manifestantes, está o pedido de políticas para estimular o uso do etanol como combustível. “Não existem diretrizes para o setor. Não existe um plano, regras definida, o que o governo pensa realmente, o que ele quer. Até hoje não existe um mecanismo definido. O etanol é estratégico? Qual a perspectiva do etanol para os próximos 10 ou 15 anos? Até hoje, ele não é oficialmente considerado matriz energética brasileira", criticou o prefeito de Sertãozinho Zezinho Gimenez (PSDB).
Crise no município
Considerada um dos principais centros de produção de açúcar e etanol no país, Sertãozinho vem registrando desaceleração desde a recessão econômica internacional. Isso porque, 70% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade depende da cadeia produtiva da cana. "Sertãozinho é o maior pólo sucroenergético do Brasil e queremos chamar atenção do Governo Federal para dar incentivo ao nosso combustível, que é totalmente renovável, é uma energia limpa e barata", afirmou o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceisebr), Antônio Eduardo Tonielo Filho.
A cidade, que há dez anos figurava na lista dos 100 maiores PIBs do país e já ocupou a quarta colocação no ranking nacional em qualidade de emprego, renda, saúde e educação, segundo o índice Firjan de desenvolvimento, hoje amarga um dos piores resultados na geração de empregos do Estado e, só nos últimos dois anos, deixou de arrecadar R$ 30 milhões em tributos.
O presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br), Antonio Eduardo Tonielo Filho, explica que a redução do preço do açúcar no mercado externo e a política de controle de preço da gasolina fizeram as usinas produzir menos e, consequentemente, a indústria metalúrgica – fabricante de equipamentos – também acabou sendo prejudicada.
"Hoje, no Brasil, há incentivos às unidades termoelétricas, caríssimas, enquanto a nossa é muito mais barata. Lutamos para incentivar essa energia renovável. É uma atitude a curto prazo que remunera melhor as usinas, uma energia mais fácil de produzir e vender, que movimenta bastante a indústria. Produzimos praticamente 100% dos equipamentos, estamos preparados para vender energia elétrica", afirma.
Demissões em massa
Só no ano passado, 2,2 mil metalúrgicos foram demitidos em Sertãozinho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O sindicato da categoria informa, no entanto, que o número é muito maior: cerca de 3,5 mil dispensas teriam sido negociadas pela entidade em 2014. Setores como construção civil e comércio não conseguiram absorver a mão-de-obra disponível e a inadimplência aumentou.
A situação levou a administração municipal a assinar um "Pacto Social" com empresários, usineiros e metalúrgicas, com o objetivo de minimizar os prejuízos causados pelas demissões. Entre as medidas em vigor desde dezembro, está a composição de uma cesta básica social, sem margem de lucro aos supermercados da cidade, com preço de R$ 69,90.
As operadoras de plano de saúde também se comprometeram a manter as mensalidades aos desempregados e familiares, pelos valores cobrados nos contratos corporativos. Os bancos estão renegociando empréstimos consignados e a Prefeitura prometeu suspender a cobrança de débitos posteriores a 2011.