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Na manhã desta terça-feira (16) dezenas de lideranças sindicais fizeram uma panfletagem para iniciar a divulgação da celebração do Dia do Trabalhador – 1º de Maio Unificado das Centrais Sindicais foi realizado, no Largo da Concórdia (Estação de Trem do Brás), em São Paulo SP. O evento, este ano, será realizado no Estacionamento da NeoQuímica Arena (Itaquerão – estádio do Corinthians), na Zona Leste da capital paulista, a partir das 10 horas. O 1º de Maio Unitário é organizado pelas centrais sindicais:
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Crise leva Aurora a adiar investimentos e a dar férias coletivas
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Imprensa
Atingida em cheio pela disparada dos preços do milho no mercado doméstico, a catarinense Cooperativa Central Aurora Alimentos, uma das maiores produtoras das carnes de frango e suína do Brasil, suspendeu os planos de investimentos até segunda ordem. A cooperativa, que viu o resultado líquido cair mais de 40% no ano passado, agora já se contentará se encerrar o primeiro semestre deste ano no zero a zero.
"O preço do milho está impraticável", lamentou ao Valor o presidente da Aurora, Mário Lanznaster. Segundo ele, com os preços do cereal acima de R$ 40 por saca, a central está trabalhando com margens negativas nas vendas de itens como pernil e paleta suína, coxas e sobrecoxas de frango. "Certos cortes não dão resultados", disse. O milho é o principal componente da ração de aves e suínos e por isso afeta os custos da Aurora, já que a central fornece o insumo a seus cooperados.
Nem mesmo para os produtos industrializados a situação é confortável. "O industrializado deixa alguma margem, mas muito menor", afirmou Lanznaster. A situação é tão grave que a Aurora vai dar férias coletivas para cerca de 180 trabalhadores de linhas de produção de salsicha e espetinho.
"Tem que parar até que o estoque volte ao normal", afirmou. Segundo o presidente da Aurora, a paralisação das linhas de produção vai durar 30 dias. Lanznaster também assegurou que, apesar do momento difícil, a cooperativa não fará demissões. "Mas também não estamos admitindo", acrescentou. Ao todo, a Aurora emprega 26 mil trabalhadores.
Diante desse cenário delicado, a Aurora decidiu suspender o plano que prevê a ampliação de sua produção de carne de frango. "Vamos parar com tudo. Não tem como investir. Não vai ter novo frigorífico", disse. Em julho de 2015, Lanznaster afirmou ao Valor que estudava construir um frigorífico de frango para elevar os abates diários de 1 milhão de aves para 1,5 milhão até 2020.
Com os aportes na ampliação da produção de frango adiados, a Aurora só fará investimentos de manutenção, que devem ficar abaixo de R$ 100 milhões neste ano, afirmou Lanznaster. Em 2015, a Aurora investiu mais de R$ 600 milhões – a grande parte na ampliação de capacidade, com a compra de um frigorífico da cooperativa Cocari e a expansão das unidades de São Gabriel D'Oeste (MS) e de Joaçaba (SC).
Para que a trajetória de investimentos da Aurora seja retomada, o presidente da cooperativa defende que o governo busque alternativas para superar a crise econômica. "O que queremos é que o governo tome as rédeas da economia e resolva o problema político para que o dólar volte a patamares aceitáveis", afirmou.
Na avaliação de Lanznaster, o dólar deveria estar mais próximo de R$ 3,50. Nos patamares de hoje, em torno de R$ 4,00, a cooperativa é bastante afetada porque os grãos – principal custo de produção da empresa – são referenciados em dólar. Ele também minimizou o efeito benéfico da desvalorização do real para as exportações da empresa. Segundo o dirigente, a Aurora exporta 14% do volume produzido de carne suína e 50% do volume de carne de frango, mas a apreciação do dólar atinge 100% de sua produção.
Afora isso, a Aurora também vem enfrentando dificuldades para repassar o aumento dos custos para os preços dos produtos finais. "O consumidor está bastante descapitalizado", afirmou Lanznaster. Tanto é a assim que a empresa teve que reduzir preço no fim de 2015 – tradicionalmente, o período de festas é o de maior consumo de carnes. "As vendas de fim de ano foram pífias. Tivemos que baixar preços para vender".
De acordo com Lanznaster, a crise econômica brasileira e a alta dos preços do milho – o cereal subiu 9,3% no quarto trimestre -pressionaram o resultado da cooperativa no ano passado. Mas outros fatores, como as greves dos caminhoneiros e dos fiscais agropecuários, também afetaram o desempenho. Apenas a greve dos caminhoneiros, que ocorreu no primeiro semestre, trouxe perdas de R$ 30 milhões para a cooperativa, disse.
Nesse ambiente, a Aurora amargou uma queda de 41% no resultado líquido positivo (sobras), que recuou de R$ 417 milhões em 2014 – melhor desempenho da história – para R$ 246 milhões no ano passado. A margem líquida da cooperativa também registrou queda, passando de 6,8% para 3,5%.
Em faturamento, porém, houve crescimento, puxado pelos investimentos em ampliação e pela aquisição do frigorífico da Cocari. No ano passado, a receita bruta da Aurora atingiu R$ 7,7 bilhões, avanço de 12% na comparação com os R$ 6,7 bilhões reportados no ano anterior. Desse total, R$ 5,8 bilhões foram gerados nas vendas no Brasil, o equivalente a 76% do faturamento.