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Preço de alimento perde fôlego e projeções apontam desaceleração do IPCA-15 no mês
terça-feira, 23 de agosto de 2016
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Depois de ter atingido seu pico na primeira quinzena de julho, a inflação de alimentos voltou a ficar abaixo de 1% em igual período deste mês, avaliam economistas, mas ainda está em nível elevado para a época do ano. Devido à perda de fôlego desses itens, 19 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data estimam, em média, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) cedeu para 0,46% em agosto, após alta de 0,54% no mês anterior.
As projeções para a prévia da inflação oficial do mês, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de aumento de 0,38% até 0,55%. Na medida acumulada em 12 meses, a expectativa é que o IPCA-15 suba ligeiramente na passagem mensal, de 8,93% para 8,96%, movimento que, segundo analistas, tende a ser pontual.
Para Márcio Milan, da Tendências Consultoria, o grupo alimentação e bebidas deixou alta de 1,45% na prévia de julho e avançou 0,78% em agosto. A desaceleração foi o principal impacto de baixa sobre o IPCA-15, que teria recuado a 0,38%. O feijão e o leite, que vinham figurando como principais destaques de elevação nos últimos meses, contribuíram com a perda de ímpeto dos alimentos, com alguma normalização das condições de oferta, afirma ele.
Nas estimativas da Tendências, o feijão-carioca aumentou 10% na prévia deste mês, depois do salto de 58% observado em igual período de julho. Já o leite recuou de 15,54% para 4,2%. "Os alimentos estão ainda em patamar elevado. Em 2015, agosto foi o 'vale' da variação do grupo", lembra o economista. No IPCA fechado daquele mês, a parte de alimentação e bebidas registrou deflação de 0,01%.
Segundo a LCA Consultores, mais itens do grupo ajudaram na descompressão prevista para os alimentos, como bebidas e infusões e o subgrupo alimentação fora do domicílio, além das quedas esperadas para batata-inglesa, tomate, hortaliças e verduras e carnes. A consultoria trabalha com alta de 0,46% para o IPCA-15 em agosto, e de 0,98% para o grupo alimentação e bebidas. A LCA também cita o recuo sazonal, de 0,25%, projetado para o segmento de vestuário, que ficou estável na medição anterior.
Outro fator que deve contribuir para o alívio inflacionário em agosto é a reversão do aumento de passagens aéreas, que subiram 19% em julho, afirma a equipe econômica do Santander, para quem o IPCA-15 diminuiu para 0,47% no mês atual.
"Por outro lado, é esperada deflação mais fraca para a tarifa de energia elétrica, tendo em vista a dissipação dos efeitos dos reajustes negativos de julho, e uma leve alta para combustíveis", dizem os economistas do banco, em relatório a clientes. No mês passado, as contas de luz diminuíram 1,65%, em função da queda de tarifas em Curitiba, São Paulo e Porto Alegre.
O grupo de transportes, calcula Milan, da Tendências, teve leve alta na prévia de agosto, de 0,05%, ante 0,17% em julho. O índice do grupo não ficou negativo, de acordo com o economista, devido à influência residual do reajuste de 9% nas tarifas de ônibus interestaduais, efetuado no início do mês passado.
Para o Santander, apesar da descompressão no dado mensal, o resultado deste mês vai levar a um pequeno aumento da inflação acumulada nos últimos 12 meses, que passará de 8,93% para 8,97% entre julho e agosto. Para o ano de 2016, o banco estima avanço de 7% para o IPCA.
"É um movimento pontual. Nada indica que haverá reversão da trajetória de desaceleração que vimos o ano inteiro", afirma Milan. No cenário da Tendências, o indicador oficial de inflação vai subir 7,4% este ano.