"Esperamos que esses trabalhadores possam, depois, ser efetivados", diz o presidente do grupo Volvo América Latina, Wilson Lirmann. O executivo está animado com os pedidos de caminhões e ônibus feitos à companhia. O suficiente para prever que o mercado interno de caminhões pesados, a especialidade da Volvo, vai crescer pelo menos 30% em 2018.
Mas, por outro lado, as indefinições que rondam a votação das reformas e as incertezas no cenário politico num ano eleitoral sugerem prudência. "Durante um momento a economia descolou da política. Mas essa circunstância tem limites. Uma liderança tem que aparecer e ser transparente para que fique claro o que vamos enfrentar como nação", afirma Lirmann, que assumiu o cargo em meio à crise, há um ano e meio.
A recessão foi dura com a Volvo. As vendas de caminhões e ônibus despencaram em todo o país, obrigando os fabricantes a operar com menos de um terço da capacidade instalada. Em três anos, a Volvo demitiu 20% do efetivo. Os trabalhadores agora contratados em regime temporário representam um acréscimo de 8% no quadro efetivo. "O desemprego foi o aspecto mais dolorido da crise", destaca Lirmann.
A necessidade, agora, de produzir mais vem também do bom desempenho das exportações, registrado por todos os fabricantes de veículos que vendem a outros países. Na Volvo, o volume de veículos exportados cresceu 27,6% em 2017 em comparação com 2016, ano em que as vendas ao exterior já haviam aumentado 30%.
As exportações da montadora absorvem hoje 45% da produção no segmento de caminhões e 75% no de ônibus. No caso do transporte de passageiros, a empresa conta com a demanda de países vizinhos, que têm expandido o serviço de transporte urbano.
No mercado brasileiro, a direção da companhia sueca conta com licitações previstas para áreas urbanas e a necessidade de renovação da frota no transporte rodoviário. O executivo que comanda a área de ônibus na Volvo, Fabiano Todeschini, prevê, para este ano, uma expansão de 15% a 20% no mercado interno.
Mas todas as projeções baseiam-se, claro, no cenário atual. "Temos boas perspectivas, mas o Brasil é um mercado onde tudo pode mudar em pouco tempo", afirma Lirmann.