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Mulher
Quase oito em cada dez empresas pagam mais a homens que a mulheres no Reino Unido
quinta-feira, 5 de abril de 2018
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Quase oito em cada empresas no Reino Unido pagam mais a homens que a mulheres, segundo os números finais de um levantamento do governo britânico sobre a desigualdade de rendimento no mercado de trabalho. Os dados coletados mostraram que 78% das companhias pagam mais a trabalhadores que a trabalhadoras, 8% não registraram desigualdade e 14% têm desigualdade contrária, ou seja, pagam mais a mulheres que a homens.
As informações mostram que o salário médio pago a homens é 9,7% maior que aquele pago a mulheres, quando se considera a mediana, que é o ponto médio entre os que ganham mais e os que ganham menos. Mas o levantamento deixou em evidência casos extremos, como por exemplo a companhia aérea Ryanair, em que a diferença chegou a 71,8%. O HSBC, maior banco europeu, declarou uma desigualdade de 59%. Mais do que apenas uma questão de igualdade entre os gêneros, o fim da desigualdade de renda pode representar um estímulo para o crescimento da economia, apontam analistas.
Ao todo, 10.015 empresas enviaram seus relatórios — todas aquelas com mais de 250 funcionários eram obrigadas a participar. Cerca de 1.500, no entanto, não enviaram os dados e podem enfrentar multas caso não cumpram com a obrigação.
“Há cerca de 1.500 empresas que não entregaram seus relatórios. Estamos, claro, satisfeitos com a participação, mas é a lei, não é uma opção. É a coisa certa a fazer, e vamos atrás de todas as organizações que não cumpriram o prazo”, disse a diretora-executiva da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos, Rebecca Hilsenrath.
A desigualdade de renda por gênero é um conceito diferente de uma desigualdade de renda, já que a lei britânica proíbe há quase 50 anos diferença na renda de acordo com o sexo. Ou seja, homens e mulheres que exerçam a mesma função devem receber o mesmo salário.
Quando se considera a desigualdade de renda por gênero, são observados aspectos como se há mais homens com melhores remunerações que mulheres e qual é a parcela de homens e mulheres em cargos de liderança, por exemplo.
Em geral, os relatórios entregues pelas companhias apontavam a maior presença de homens em cargos de chefia e a maior parcela de mulheres que trabalham apenas em uma parte da jornada de trabalho (os chamados part-time jobs) como as principais razões para a desigualdade de renda.
Impacto no crescimento da economia
Mais do que uma questão de justiça entre os gêneros, o que especialistas e consultorias destacam é que a redução das desigualdades entre homens e mulheres no mercado de trabalho pode ter um forte impacto positivo na economia, já que a subutilização da força de trabalho feminina representa um custo.
A consultoria McKinsey estima que a eliminação da disparidade poderia representar um acréscimo de US$ 211 bilhões na economia britânica até 2025, ao estimular a participação feminina, encorajar o trabalho por mais horas e incentivar a entrada em posto de trabalho com mais produtividade e rendimento, em áreas como ciência e engenharia.
— Reportar a desigualdade de renda por gênero pode impulsionar a produtividade ao encorajar empregadores a avaliar se estão explorando ao máximo seus talentos — disse Charles Cotton, do Instituto Chartered de Pessoas e Desenvolvimento.