A extinção do imposto sindical tem um lado bom. É o do trabalhador equivocado não poder mais gabar-se de sustentar seu sindicato com aquele um dia de serviço que lhe era descontado compulsoriamente uma vez por ano.
Hoje, para criticar sua entidade representativa, o trabalhador tem que ser sindicalizado, pagar a mensalidade e assim usufruir dos benefícios. Aliás, só os associados deveriam ter direito às conquistas das campanhas salariais.
O raciocínio dos parágrafos acima é do presidente do sindicato dos servidores municipais de Guarujá (Sindserv), Zoel Garcia Siqueira, que, desde sua posse no cargo, em janeiro de 2019, promove campanha de sindicalização.
“Fico indignado com alguns funcionários da prefeitura que querem se beneficiar das conquistas do sindicato, mas sem fazer parte do quadro associativo. E, pior, ficam do lado de fora, atirando pedras em quem luta”, diz ele.
“Essas pessoas, que felizmente são poucas, deveriam ter vergonha de atacar o sindicato por questões minúsculas”, desabafa Zoel. “Não quer ter os direitos garantidos pela sindicalização? Tudo bem. Mas, por favor, não perturbe”.
O sindicalista lamenta que alguns servidores não considerem conquistas de lutas sindicais o plano de saúde e odontológico, quadros de carreiras, reposições e aumentos salariais, melhores condições de trabalho “e outros pontos”.
‘É preciso ser forte, não fraco’
“Se o cidadão não valoriza o sindicato, se não quer se filiar, lutar ao lado do conjunto da categoria, vencer e perder batalhas, conquistar direitos e benefícios e sentir orgulho disso, ótimo. A diretoria pede apenas que não atrapalhe”.
Ele cita o caso dos funcionários que desejam incluir familiares no plano de saúde sem, para isso, se sindicalizar. E explica que isso é impossível porque o contrato da empresa é coletivo, com o sindicato, e não com a prefeitura.
Zoel pondera que a categoria se organiza para mais uma campanha salarial da data-base de abril e “precisa estar unida, forte, coesa, com fé no taco. Não precisa, portanto, dessas ovelhas desgarradas que plantam desunião”.
Ele considera ainda “as investidas do governo federal contra os servidores municipais, estaduais e federais, por meio de projetos como o da reforma administrativa, que visam destruir o serviço público e revogar direitos da categoria”.
“Vivemos tempos difíceis de opressão do capital contra o trabalho. Os assalariados da iniciativa privada e o funcionalismo público são as vítimas dos ataques. Precisamos de fortes, não de fracos”, finaliza o dirigente.