Funcionários da Disney terão salário mínimo de US$ 15 por hora
Acordo prevê novo valor para 2021, e põe fim a nove meses de negociações
Milhares de empregados do Walt Disney World ganharão um aumento após acordo entre a empresa e um grupo de sindicatos. O salário mínimo inicial pago pela empresa passará a ser de US$ 15 por hora a partir de 2021. O acerto encerra nove meses de tensas negociações salariais que levaram a protestos na região central da Flórida.
Os sindicatos, que representam 38 mil funcionários da Walt Disney World — cerca de metade do número total de pessoas trabalhando nos parques da companhia — anunciaram a novidade no último sábado e chamou o acordo de “histórico”.
A maioria dos trabalhadores ganha menos de US$ 11 por hora, conta Jeremy Haicken, presidente da Local 737, maior dos sindicatos envolvidos na negociação.
Jessica Lella, representante de um dos sindicatos e operadora de atrações no parque DinoLand USA, trabalha para a Disney há quase 6 anos e, atualmente, recebe US$ 10 por hora, mesma faixa salarial de um recém contratado. Com o aumento dos salários, ela diz querer continuar na empresa e espera formar uma família no futuro próximo.
“Eu amo trabalhar para a Disney, só não consigo viver disso”, afirma Lella. Ela e a esposa atualmente vivem na casa de seus pais para economizar. “Não há dúvidas de que isso vai mudar a vida das pessoas”.
A votação está marcada para os dias 5 e 6 de setembro.
“Estou muito confiante que nossos membros votarão para aceitar o acordo”, diz Haicken.
Sob o novo contrato, o salário inicial receberá aumentos graduais de US$ 1 por hora. A partir de setembro de 2019, ele será de US$ 13 por hora, até passar para US$ 14 em outubro de 2020 e finalmente chegar aos US$ 15 por hora em outubro de 2021, ressalta o grupo de sindicatos. Ainda segundo ele, quem ganha mais de US$ 10 por hora receberá, pelo menos, US$ 4,75 por hora em aumentos até outubro de 2021.
Espera-se que esses aumentos tragam um valor estimado de US$ 1 bilhão em salários adicionais para a economia da Flórida Central durante os 4 anos de contrato, afirma o grupo de sindicatos.
Robbin Almand, vice presidente de relações trabalhistas da Walt Disney Parks and Resorts, disse em um pronunciamento:
“Estamos muito animados com o fato de que nossos colaboradores terão a chance de votar no que é um dos maiores salários para vagas de entrada do país. Isso representa um crescimento de 50% nos pagamentos quando os salários iniciais atingirem US$ 15 por hora em 2021”.
O acordo surgiu cerca de um mês após o Disneyland Resort, na Califórnia, anunciar que aumentaria o salário mínimo de 9.700 empregados para US$ 15 por hora até 2019. A mudança salarial incluía funcionários que trabalham nas atrações, nas lojas e no atendimento ao cliente.
O salário mínimo na Califórnia é de US$ 11 por hora para empregadores com 26 funcionários ou mais e um aumento para US$ 15 por hora já está previsto em 2022. Na Flórida, o salário mínimo é de US$ 8,25 por hora. John Morgan, um advogado de Orlando, pretende implementar uma medida nas eleições americanas de 2020 que eventualmente aumentaria o salário para US$ 15 por hora.
Durante as negociações com membros sindicais da Walt Disney World, a empresa ofereceu inicialmente um aumento de 2,5% nos salários, sem mudanças na remuneração inicial mínima. Em outubro, centenas de trabalhadores protestaram próximo a entrada do Disney World, bloqueando o trânsito. Mais tarde, outra proposta foi apresentada oferecendo um aumento de 50 centavos de dólar, também rejeitada pelos trabalhadores.
Em janeiro, após um corte nos juros foi aprovado pelo Congresso americano, a Disney afirmou que iria dar US$ 1 mil em bônus para seus funcionários, mas anunciou que membros de sindicatos não receberiam a quantia durante as negociações de aumento salarial. Sindicatos, representando os trabalhadores na Flórida e na Califórnia, registraram queixas no National Labor Relations Board, agência governamental responsável por fiscalizar relações trabalhistas nos EUA. O órgão se posicionou a favor da Disney.
Finalmente, os dois lados chegaram a um acordo sobre o aumento salarial em troca do que Haciken chamou de “pequenas mudanças”, como a diminuição da quantidade de vezes que um funcionário pode mudar de um trabalho para outro.
“Tenho que dar crédito a Disney”, afirma Haicken. “Sim, houve muita pressão popular para que o aumento salarial acontecesse, mas eles fizeram”.
Segundo Haicken, os aumentos podem levar a uma melhora dos salários para empregados não sindicalizados na Flórida, citando decisões anteriores da Universal Orlando Resort e do SeaWorld Orlando de aumentar as remunerações para US$ 10 por hora, seguindo os passos da Disney.
“A Disney é um grande empregador. Eles realmente definem padrões de emprego na região”, afirma.