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Relações Internacionais
Pleno emprego não eleva salário no Japão
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Relações Internacionais
Isso sugere que os trabalhadores estão com mais poder. Então, qual o tamanho do aumento real de salário que eles estão tendo? Exatamente zero.
Dados oficiais divulgados ontem mostram que o trabalhador japonês ganhou em média 275.321 ienes (cerca de US$ 2.500) em abril. Ajustado à inflação, é o mesmo salário de um ano atrás.
Essa é a mais recente evidência a apontar para um fenômeno estranho, registrado em outros países desenvolvidos. O senso comum diz que quando há uma grande procura por trabalhadores, eles podem exigir um salário maior. Mas isso não parece estar ocorrendo.
Nos EUA, a taxa de desemprego atingiu em maio o menor nível em 16 anos, recuando para 4,3%. Ainda assim, na comparação com o mesmo período do ano passado, os salários mal cresceram quando ajustados à inflação. No Reino Unido, os salários regulares caíram ligeiramente no primeiro trimestre pela primeira vez desde 2014, após ajustados à inflação, apesar da taxa de desemprego de 4,6%, a menor em mais de quatro décadas.
No Japão, o aumento dos salários é especialmente importante na luta do premiê Shinzo Abe para colocar a terceira maior economia global numa recuperação sustentada, após duas décadas de baixo crescimento. Uma alta significativa dos salários seria boa para os gastos das famílias, que perfazem três quintos da economia.
Este é um dos grandes mistérios do mundo desenvolvido. Economistas japoneses têm algumas pistas. Por exemplo, a longa batalha do país para superar a deflação e seu fraco crescimento deixaram os trabalhadores cautelosos em pedir aumentos salariais. Isso ocorre especialmente quando grandes empresas estão crescendo fora do país e podem contratar funcionários com salários menores em lugares como Sudeste Asiático e México.
Recentemente, economistas vêm se concentrando num fator adicional no Japão: a mutação na composição da força de trabalho.
Em especial desde que Abe assumiu, em dezembro de 2012, novos trabalhadores, como idosos, mulheres e estrangeiros, estão se empregando em meio período e com salários menores ou irregulares.
Por outro lado, aqueles que estão deixando a força de trabalho tendem a ser trabalhadores muito bem remunerados, que atingiram a idade de aposentadoria de 60 ou 65 anos, depois de décadas recebendo aumentos anuais por tempo de trabalho. Essas pessoas não conseguirão equiparar a sua renda mesmo que queiram continuar ativas até os 70 anos ou mais.
Kazuo Noguchi, de 68 anos, engenheiro aposentado, diz que recentemente começou a procurar emprego depois de quatro anos parado. Ele quer continuar ativo e complementar a sua aposentadoria para manter o padrão de vida que tinha até se aposentar. "Quero ter dinheiro suficiente", diz. "Ficar sem trabalhar é como se ninguém se importasse se eu existo ou não."
A saída de trabalhadores mais caros mantém a pressão sobre o salário médio, segundo economistas, mesmo quando o mercado de trabalho apertado eleva um pouco os salários na ponta mais baixa.
O governo não calcula as diferenças de salário entre os trabalhadores que estão saindo do mercado de trabalho e os que estão entrando. Mas os economistas Ryo Kambayashi e Yuko Ueno, com base em números do censo salarial japonês de 1993-2012, estimam que, à época, a média salarial por hora daqueles que deixavam o mercado de trabalho era de 2.010 ienes (cerca de US$ 18), enquanto que o salário dos que entravam era de 1.217 ienes. Eles acreditam que essa tendência continua até hoje.
"Quando as pessoas deixam o mercado de trabalho por causa da idade, grande parte do pagamento se vai. Elas são substituídas por trabalhadores mais baratos", diz Takashi Miwa, da Nomura Securities.
Enquanto o salário individual médio está estagnado, o valor total de salários pagos a todos os trabalhadores do Japão na verdade cresceu 2,1% (ajustado à inflação) no ano fiscal encerrado em março de 2017, segundo dados do governo. Isso acontece em boa parte porque o número de trabalhadores vêm crescendo cerca de 1% ao ano, apesar do encolhimento da população, refletindo o aumento da participação de idosos, mulheres e estrangeiros na força de trabalho.
Em vez de se concentrarem na composição da força de trabalho, outros economistas tentam avaliarn se a produtividade menor explica a tendência dos salários. Seja qual for a causa, o certo é que alguns dos recrutadores mais agressivos estão oferecendo empregos com salários mais baixos.
A FamilyMart Uby Holdings, operadora de lojas de conveniência, vem realizando feiras de emprego para estrangeiros em escolas de língua japonesa. Numa feira para idosos, realizada nesta semana em Tóquio pela 7-Eleven, cerca de cem pessoas receberam dicas de gerentes de lojas de conveniência sobre como se tornar balconista. Alguns chegaram a testar imitações de caixas registradoras.
Diretores da Seven & I Holdings de Tóquio, que opera as lojas de conveniência 7-Eleven no mundo, disseram que contratar idosos como trabalhadores de meio período ajuda as lojas a manter os custos com pessoal sob controle. "Para os idosos, não se trata apenas de quanto eles ganham por hora", disse o supervisor Hironobu Hoshino. "Eles se preocupam mais em contribuir e fazer algo digno."
Questionado sobre as mudanças divulgadas em abril nas pesquisas mensais de comércio e serviços, que provocaram ruído no mercado e as quais acompanhou de perto como diretor de pesquisas, Olinto reforçou o discurso do IBGE de que não houve revisão metodológica, apenas uma reponderação dos pesos e um expansão da amostra, e que os dados estão "corretos".
No caso da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), cujo dado inicialmente divulgado após a atualização, uma queda de 0,7%, foi revisto dias depois para alta de 5,5%, Olinto afirmou que foi ele mesmo que achou o dado "estranho" e pediu que a equipe reavaliasse o resultado. Com base na Pesquisa Anual do Comércio (PAC), usada como base para a reponderação dos pesos da PMC, o IBGE recalculou os fatores de expansão, o que teria provocado a mudança de patamar do resultado. "Você pode dizer que é assustador [o salto], mas é verdadeiro", afirmou Olinto.
É comum haver esse tipo de "degrau" no encadeamento de séries atualizadas, ele acrescenta, e esta é a recomendação internacional. A chamada "retropolação", a revisão de toda a série "para trás", só deve ser feita quando há mudança de conceito ou de classificação, como aconteceu com o Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado – os recursos aplicados em pesquisa, antes considerados apenas gastos, passaram a ser contabilizados como investimentos na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF).
A diferença grande entre dezembro e janeiro, ele diz, é uma comparação dessazonalizada, um dado de alta frequência, especialmente em um período como o atual, em que a economia ensaia saída da recessão. Na série "original" da PMC, a variação é calculada em relação ao mesmo período do ano anterior – a partir desse número é que se obtém o dado mensal. "O ajuste sazonal é algo a mais que a gente faz. Quem não gostou do nosso ajuste sazonal pode fazer seu próprio".
Questionado sobre o momento de divulgação da mudança, em que a maior parte dos indicadores frustrava as expectativas e não dava sinais claros de retomada, Olinto ressaltou que a atualização começou há dois anos. "A definição [da divulgação] não segue critérios políticos. O dado é publicado quando ele fica pronto".
Para ele, criou-se "uma discussão exagerada" sobre a atualização, com críticas "um pouco levianas" de alguns especialistas. Sem citar nomes, Olinto referiu-se a um artigo publicado pelo economista Marcos Lisboa em que ele afirmava que o IBGE havia "quebrado o termômetro" que se usava para fazer o diagnóstico da economia. "Isso nos chateia profundamente".
A única crítica que ele disse julgar pertinente foi a de que as atualizações deveriam ter sido comunicadas com maior antecedência, não apenas de um mês. Sobre o impacto das mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), Olinto afirmou que "se não tivesse revisão, o PIB estaria errado".