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Pirelli deve pôr 450 funcionários em lay-off, diz sindicato
quarta-feira, 1 de abril de 2015
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A Pirelli deverá colocar entre 400 e 450 funcionários da unidade de Santo André em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) a partir deste mês, segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, Marcio Ferreira. O sindicalista participou de reunião na tarde de ontem com os diretores de recursos humanos da empresa no Brasil e na América Latina. O motivo da medida é adequar a produção em razão da queda das vendas.
Segundo Ferreira, a proposta da empresa prevê o afastamento de uma das quatro turmas de trabalho, o que necessitará a paralisação das atividades operacionais aos domingos. Por conta disso, os colaboradores que não forem incluídos no lay-off terão alteração na escala, hoje de 6×2 (trabalham seis dias e folgam dois), passando para 6×1 (com apenas um dia de descanso). “Na segunda-feira, teremos nova reunião para ver se há possibilidade de entrarmos em acordo em cima do que a empresa ofereceu e, depois, vamos submeter a proposta para aprovação da categoria em assembleia.”
Independentemente da decisão final, Ferreira avalia que o lay-off é ruim para os funcionários. “Qualquer coisa que sai da rotina do trabalhador é prejudicial. Ainda mais porque suspende o contrato e o sujeito não sabe se irá voltar ou não ao trabalho”, comenta. Na tarde de hoje, representantes do sindicato estarão na porta da Pirelli para conversar com os colaboradores sobre a oferta da companhia e colher sugestões de contraproposta.
Ainda não ficou definido como será a divisão do pagamento aos funcionários durante o período de suspensão. No lay-off, parte dos vencimentos é paga pelo governo federal, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), com o mesmo teto do seguro-desemprego, de R$ 1.385,91. Para o restante do salário, cada categoria negocia individualmente com o patronato. No caso do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, por exemplo, a empresa complementa todo o restante. Ou seja, se o funcionário recebe R$ 5.000, a montadora cobre parcela de R$ 3.619,09 para inteirar o valor.
A Pirelli foi procurada para comentar as informações, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.
REUNIÃO – Após reunião realizada na tarde de ontem com a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia de Santo André, Oswana Fameli (PRP), representantes da Pirelli saíram pelos fundos do Paço municipal sem falar com a imprensa. Participaram do encontro o diretor de assuntos corporativos da empresa no País, Mario Batista, e o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Paulo Piagentini. O objetivo da agenda foi discutir a venda de cerca de 26% das ações da companhia italiana para o grupo ChemChina (China National Chemical Corporation).
Ao término da conversa, funcionários da Prefeitura liberaram Batista, que estava acompanhado do diretor de relações com a mídia da Pirelli na América Latina, Marco Cortinovis, por uma porta lateral que dá acesso aos elevadores do fundo do prédio. Assim, nenhum dos dois conversou com os jornalistas para explicar o posicionamento da companhia a respeito da transação.
Oswana disse ter sido informada de que a venda de parte do controle acionário não acarretará demissões, especialmente na unidade de Santo André, que possui 2.500 funcionários. Contou também que Batista sinalizou que não haverá mudança na gestão da empresa, pelo menos nos próximos cinco anos, período em que o presidente mundial da multinacional, Marco Tronchetti Provera, deverá ser mantido no cargo. Entretanto, a vice-prefeita admitiu que, apesar do compromisso verbal, não existe garantia da permanência das atividades na cidade. “A iniciativa privada tem autonomia.”
Oswana afirmou ainda que foi dado o compromisso de que o objetivo da transação é fortalecer a presença da Pirelli no mercado asiático, e não enfraquecer ou fechar unidades brasileiras. Hoje, a maior parte da produção da planta andreense, concentrada em pneus de caminhões e máquinas agrícolas, é voltada ao mercado doméstico, mas, segundo as informações repassadas por ela, a entrada dos chineses pode estimular aumento das exportações das demais unidades no País.
Para incentivar a empresa a manter a planta de Santo André em funcionamento, a secretária de Desenvolvimento Econômico reconheceu que a Prefeitura tem pouco a oferecer em relação à redução de impostos – já que a maior parte da carga tributária não é municipal. “Mas nós temos estudado a criação de um plano de inovação para a cidade, com parcerias no campo de pesquisa e desenvolvimento da indústria”, acrescentou.