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Desemprego atinge mais jovens e mulheres
terça-feira, 17 de novembro de 2009
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A realidade dos números não deixa dúvidas: o mercado de trabalho brasileiro é um sistema excludente que não oferece oportunidades iguais para todos. Há pouco mais de um mês, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou um estudo realizado em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Salvador, que aponta que de julho de 2002 a julho de 2009, a taxa de desemprego subiu 10% entre os trabalhadores pobres. Nesse universo de desempregados, 55% são do sexo feminino. Os jovens representam 59,9% da parcela de desempregados. A deterioração da oferta de empregos aponta para um futuro nada promissor, porque para muitos a saída é a informalidade.
Muitos são os obstáculos que os jovens, principalmente os negros, enfrentam para se inserir no mercado de trabalho, como por exemplo, o acesso a um ensino público de qualidade que lhes dê condições de competir por uma vaga de trabalho. O sucateamento da escola pública é um dos principais fatores que contribuem para o afastamento dos jovens das salas de aula. E como se sabe, tem mais chances de se inserir na força de trabalho quem tem um nível maior de escolaridade. O desemprego entre os jovens se combate com qualificação profissional, através de cursos técnicos profissionalizantes. Assim, eles terão mais chances de encontrar um trabalho que classificamos como decente, ou seja, um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, sem nenhuma forma de discriminação e capaz de garantir uma vida digna para todas as pessoas que vivam do seu trabalho. Aliado a essa qualificação, é preciso se pensar em políticas públicas voltadas à proteção do trabalho.
Quando a mulher se insere na força de trabalho, a primeira barreira que aparece é a questão do gênero. A situação se agrava quando aliada à questão racial. O estudo A mulher negra no mercado de trabalho metropolitano: inserção marcada pela dupla discriminação, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), revela que ‘a inserção das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro é nitidamente desvantajosa, ainda que sua participação na força de trabalho seja mais intensa que a de mulheres não-negras. A presença da discriminação racial se acumula à ausência de eqüidade entre os sexos, aprofundando desigualdades e colocando as afrodescendentes na pior situação quando comparada aos demais grupos populacionais – homens negros e não-negros e mulheres não-negras. Elas são a síntese da dupla discriminação de sexo e cor na sociedade brasileira: mais pobres, em situações de trabalho mais precárias, com menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego’.
Há muito tempo, nós, sindicalistas, estamos brigando por uma mudança estrutural nas relações trabalhistas no Brasil. No entanto, a inércia do mercado de trabalho é um dos nossos maiores problemas. A Força Sindical tem como uma de suas bandeiras de luta a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução de salário. Com a redução, dois milhões de postos de trabalho serão criados, segundo o DIEESE, distribuindo renda e estimulando o consumo. A criação dos postos de trabalho irá permitir a inclusão social e produtiva dos jovens e desempregados, irá dignificar e humanizar as relações trabalhistas, além de diminuir os abismos entre as classes, abismos esses que geram a exclusão e alimentam o preconceito.
Nair Goulart, presidente da Força Sindical/BA