Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
8 OUT 2025

Imagem do dia

Seminário Pré-COP30; FOTOS

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Artigos

O discurso de Dilma: uso interno e uso externo

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Artigos

O discurso de Dilma: uso interno e uso externo

Por: Paulo Kliass

Uma das boas novas com que a Presidenta poderia brindar o País em 2013 seria um maior alinhamento de orientação de sua equipe de governo quanto à determinação sugerida aos parceiros europeus para superar a crise. Todos teríamos muito a agradecer por essa tão aproximação entre o “uso interno” e o “uso externo” das receitas de Dilma.
Paulo Kliass
 
As repercussões da recente viagem da Presidenta Dilma à Europa, durante esse final de ano, foram bastante positivas. Refiro-me aqui, em especial, à sua passagem pela França e aos eventos nos quais ela esteve presente. Cada vez mais o Brasil encontra eco junto à comunidade diplomática internacional e vê sua presença fortalecida na cena das nações mais influentes no mundo contemporâneo.

A bem da verdade, é preciso dizer que o sucesso das articulações no território francês serviram também para encobrir um pouco as dificuldades enfrentadas na seqüência da missão, quando a chefe de Estado se dirigiu à Rússia. Isso porque durante as reuniões realizadas naquele integrante do bloco dos BRICs, não se conseguiu êxito no tema que era considerado o ponto mais importante da missão: o anúncio da tão esperada liberação de nossas exportações de carne para aquele país. Junto com outros países, a Rússia mantém um embargo à import ação de carne bovina brasileira, em função dos casos associados à suspeito da doença conhecida como “vaca louca”.

As repercussões da viagem à França

No entanto, a missão diplomática em Paris foi coberta de boas notícias. O evento mais importante foi a participação de Dilma no “Fórum pelo Progresso Social: o crescimento como saída para a crise”. A iniciativa pela organização do evento coube ao Instituto Lula e à Fundação Jean Jaurès, vinculada ao Partido Socialista Francês. O objetivo era conferir maior visibilidade às alternativas menos ortodoxas como caminhos para solução da crise econômica internacional. E isso interessava tanto ao governo brasileiro quanto à equipe de François Hollande. Ao lado do Presidente da França e do ex-Presidente Lula, Dilma foi lá e fez um discurso firme, criticando o tipo de ajuste que a direção da União Européia está impondo aos seus países membros. Falou pesado contra o chamado “tsunami financeiro” patrocinado pelos países desenvolvidos e contra a forma de atuação conservadora ainda encaminhada pela troika (Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

Apesar do baixo peso relativo da fala de uma Chefe de Estado de um país externo à cena européia, não se pode menosprezar completamente as conseqüências do ato. E isso pode servir um pouco como contraponto para os ouvidos moucos que a Primeira Ministra da Alemanha, Angela Merkel, tem feito aos tímidos sussurros – quase envergonhados, é bom que se diga – ensaiados por Hollande. Na verdade, Dilma só reforçou a análise do então candidato socialista às eleições presidenciais francesas. Mas depois da posse, o ímpeto mudancista de Hollande parece ter entrado em compasso de espera. Veja aqui trechos do discurso de Dilma:

“E, diante disso, concordamos com o fato de que a opção preferencial por políticas ortodoxas, na maioria dos países desenvolvidos, não tem resolvido o problema da crise, nem seu aspecto fiscal, nem tampouco seu aspecto financeiro. Pelo contrário, o que nós vemos é o agravamento da recessão, o aumento do desemprego, o aumento do desemprego entre os jovens, a desesperança e o desalento. E, com essa recessão e essa situação, a situação fiscal, necessariamente, se deteriora mais.”

Ou ainda:

“Nós sabemos, e essa é uma discussão que está colocada pelo fato da crise ser uma presença internacional, na medida que ela afeta o ritmo de crescimento de todas as economias, nós sabemos que o corte de gastos, a política monetária exclusiva e a retirada de direitos, elas não podem e não devem ser as respostas para a crise, até porque não resolvem as questões da dívida bancária e da dívida soberana. E, muita vezes – como até o próprio Fundo Monetário reconheceu -, a austeridade por si só provoca mais recessão, mais desemprego.”

Encontro com empresários e o convite para investir no Brasil

Dilma ainda compareceu a outros eventos organizados pela diplomacia do Itamaraty em Paris. Houve um seminário dirigido para o empresariado francês, em articulação com a MEDEF, principal associação patronal do país. O foco era a tentativa de estimular os investidores a encararem mais seriamente a “alternativa Brasil” em seu cardápio de opções pelo mundo afora. A Presidenta participou também da Assembléia Geral Anual da União Internacional de Ferrovias, onde procurou chamar a atenção para a retomada (muito tímida, nós aqui sabemos) dessa opção mais lógica e racional de transporte de cargas e de passageiros, em especial para um país de dimensões continentais como o nosso. Finalmente, Dilma encontrou-se com o prefeito socialista de Paris, Bertrand Del anoé, para uma agenda mais política no sentido estrito da palavra.

Para a platéia de empresários, a Presidenta centrou seu discurso na redução do chamado “custo Brasil” e no apelo para o potencial de retorno sobre os investimentos, com a incorporação de novas camadas de assalariados ao mercado consumidor. Porém, como sempre, afinou sua melodia aos encantos de redução do custo da mão-de-obra, insistiu na falácia enganosa do fenômeno da “nova classe média” e procurou assegurar que não estamos passando por nenhum processo de desindustrialização. Veja aqui:

“Atuamos também sobre o custo da mão-de-obra, mas ao contrário do que tem sido feito em muitos países, não estamos reduzindo nem direitos, nem tão pouco precarizando o trabalho no Brasil. Ao contrário, nós reduzimos, de forma significativa, a tributação sobre a nossa folha de pagamento.”

“E isso porque mais de 40 milhões de brasileiros ch egaram à classe média, o equivalente a, em termos de população, a um país como a Argentina, na América do Sul. Hoje, 105 milhões de pessoas integram o que muitos de nós chamam de a nova classe média brasileira.”

“Significa, também, que nós não estamos tendo uma canibalização da nossa indústria, uma vez que nós consideramos que a indústria, junto com o investimento e a infraestrutura, são os elementos estratégicos para que o Brasil mude seu patamar e se torne, cada vez mais, uma economia que possa de fato dobrar a sua renda per capita num horizonte de até 20 anos.”

Enfim, para uso externo, o discurso da Presidenta manteve-se em um patamar bastante razoável, principalmente se levarmos em conta a necessidade de muita flexibilidade e jogo de cintura nesse tipo de missão, para atender aos múltiplos ouvidos de interlocutores os mais diversos. Para os franceses restou um certo sabor de frustração, em razão do silêncio bras ileiro quanto à compra dos jatos para nossa Força Aérea – a Dassault Rafale é uma das candidatas nessa licitação internacional.

Contradição entre as sugestões para fora e a política para dentro

Porém, uma das fragilidades esbarra na contradição entre esse aspecto surpreendente do discurso “para fora” e a passividade com que ela enfrenta os obstáculos internos para avançar no processo de transformação social e econômica em nosso País. Pode até parecer bonito e corajoso chegar botando banca e dizendo às forças políticas progressistas francesas e européias quais seriam seus principais deveres de casa.

No entanto, todos sabemos que a postura de Dilma, quando se trata de solucionar pendências internas, não apresenta a mesma vontade nem a mesma energia que ela tanto recomendou aos seus homólogos no Velho Continente. É bem provável que, se ela houvesse incorporado aqui – em seu cotidiano de chefe d e Estado – a disposição em abraçar os caminhos sugeridos aos europeus, o Brasil estivesse em situação mais interessante.

Para uso interno, ela continua resistindo a romper com a lógica dos interesses das grandes corporações e dos setores vinculados ao modelo primário exportador. Esse tem sido o sentido dos estímulos fiscais e das isenções tributárias oferecidas ao grande capital, sem a exigência de contrapartida do ponto de vista da sustentabilidade econômica, social e ambiental. Da mesma forma, parece ser a origem do apoio de Dilma à inexplicável obsessão de parte da equipe econômica com a manutenção de elevado e sistemático nível de superávit primário. Lá fora, ela critica o apoio exagerado conferido pelos governos ao setor financeiro. Porém, aqui dentro, mantém intocável a drenagem de recursos públicos em direção ao financismo: o Orçamento Geral da União apresenta quase 40% de suas despesas comprometidas com custeio e rolagem d a dívida pública.

Insistência com ajustes conservadores, voltados para o capital

Do ponto de vista social e ambiental, também a versão “uso interno” se contradiz bastante com as sugestões apresentadas aos dirigentes políticos europeus.

O governo mantém e amplia cada vez mais uma perigosa e irresponsável política de desoneração da folha de pagamentos das empresas. O fim da cobrança da contribuição previdenciária patronal compromete seriamente o equilíbrio futuro do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Sob o falso argumento da necessidade de redução do “custo Brasil”, o que se faz é jogar para debaixo do tapete um debate sério a respeito das margens excessivas de lucros das empresas e o impacto do aspecto financeiro no custo total das empresas. O governo federal abdica “espontaneamente” da receita previdenciária oriunda de 20% sobre a folha salarial e fica com uma promessa de contribuiÍ ão de alíquotas sobre o faturamento das empresas. Um dos problemas dessa “experiência de laboratório” é que a conta ainda não fechou. Há setores que recolherão mais do que outros e o fato é que o Tesouro Nacional acabará cobrindo a diferença de mais essa modalidade disfarçada de socialização de ganhos privados.

Por outro lado, a verdadeira preocupação ambiental do governo não pode ser avaliada apenas pelo desempenho da diplomacia em eventos como a Rio+20 ou as intervenções em encontros como o de Paris. O fato é que permanece a submissão aos interesses da bancada do agronegócio e dos setores mais retrógados do ruralismo, como aconteceu quando da votação do Novo Código Florestal. Infelizmente, há muito pouco a ser dito a respeito de compromisso efetivo, e não apenas retórico, com avanços na legislação e na fiscalização ambientais. O mesmo pode ser dito quanto aos escândalos envolvendo as grandes corporações denunciadas por p ráticas sociais nefastas, como a utilização de trabalho escravo. Os órgãos públicos, inclusive o BNDES, continuam a oferecer todos os tipos de vantagens para tais empresas, por mais que elas estejam incluídas na lista suja por tais práticas.

Enfim, uma das boas novas com que a Presidenta poderia brindar o País em 2013 seria um maior alinhamento de orientação de sua equipe de governo quanto à determinação sugerida aos parceiros europeus para superar a crise. Todos teríamos muito a agradecer por essa tão esperada aproximação entre o “uso interno” e o “uso externo” das receitas de Dilma.

Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo
Eusébio Pinto Neto

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir
Eduardo Annunciato, Chicão

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz
Clemente Ganz Lúcio

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz

Diretores e dirigentes sindicais
João Guilherme Vargas Netto

Diretores e dirigentes sindicais

Dois anos sem João Inocentini
Milton Cavalo

Dois anos sem João Inocentini

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente
Maria Auxiliadora

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente

Metalúrgicos em Ação
Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Metalúrgicos em Ação

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira
Marilane Oliveira Teixeira

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira

Indústria forte é Brasil forte!
Cristina Helena Silva Gomes

Indústria forte é Brasil forte!

Se está na convenção, é lei
Paulo Ferrari

Se está na convenção, é lei

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto
César Augusto de Mello

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!
Cláudio Magrão

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites
Márcio Ferreira

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites

Pelo trabalhador
Lineu Mazano

Pelo trabalhador

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista
Diógenes Sandim Martins

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista

Centrais sindicais convocam ato unificado contra juros altos na Avenida Paulista
Força 4 DEZ 2025

Centrais sindicais convocam ato unificado contra juros altos na Avenida Paulista

Debate sobre jornada expõe disputas entre tempo, trabalho e vida
Imprensa 4 DEZ 2025

Debate sobre jornada expõe disputas entre tempo, trabalho e vida

Sintrabor participa de Congresso dos Trabalhadores Dominicanos
Força 4 DEZ 2025

Sintrabor participa de Congresso dos Trabalhadores Dominicanos

Sinthoresp realiza ações de base
Força 4 DEZ 2025

Sinthoresp realiza ações de base

FAT e Codefat celebram 35 anos e debatem sustentabilidade
Força 3 DEZ 2025

FAT e Codefat celebram 35 anos e debatem sustentabilidade

Sindicatos fortes e democracia: debate destaca desafios urgentes
Imprensa 3 DEZ 2025

Sindicatos fortes e democracia: debate destaca desafios urgentes

Centrais pressionam governo por fim do 6×1 e jornada de 40 horas
Força 3 DEZ 2025

Centrais pressionam governo por fim do 6×1 e jornada de 40 horas

Metalúrgicos de SP e Mogi seguem mobilizados por PLR e mais benefícios
Força 3 DEZ 2025

Metalúrgicos de SP e Mogi seguem mobilizados por PLR e mais benefícios

Sindicalismo protesta contra prisão de José Elías Torres
Força 3 DEZ 2025

Sindicalismo protesta contra prisão de José Elías Torres

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo
Artigos 2 DEZ 2025

A força do voto e a participação cidadã na construção de um futuro mais justo

Nota: Prisão de secretário-geral da CTV é anti-democrática                   
Força 2 DEZ 2025

Nota: Prisão de secretário-geral da CTV é anti-democrática                   

Arakém e Miguel Torres recebem certificados de honra ao mérito
Força 2 DEZ 2025

Arakém e Miguel Torres recebem certificados de honra ao mérito

Jefferson Caproni, do SinSaúdeSP, é um dos 100 mais influentes da saúde no ano
Força 2 DEZ 2025

Jefferson Caproni, do SinSaúdeSP, é um dos 100 mais influentes da saúde no ano

Sinthoresp abre inscrições para reservas nas colônias de férias
Força 2 DEZ 2025

Sinthoresp abre inscrições para reservas nas colônias de férias

Borracheiros intensificam mobilização após proposta abusiva da Prometeon
Força 2 DEZ 2025

Borracheiros intensificam mobilização após proposta abusiva da Prometeon

Eletricitários denunciam Enel e cobram manutenção do PSAP/Eletropaulo
Força 2 DEZ 2025

Eletricitários denunciam Enel e cobram manutenção do PSAP/Eletropaulo

Eletricitários SP lançam livro: ’80 anos, a energia que nos move’
Força 2 DEZ 2025

Eletricitários SP lançam livro: ’80 anos, a energia que nos move’

Trabalho, Jornada e Direitos: a luta pela redução do tempo laboral
Imprensa 1 DEZ 2025

Trabalho, Jornada e Direitos: a luta pela redução do tempo laboral

Federação dos Metalúrgicos SP reelege Diretoria com unanimidade
Força 28 NOV 2025

Federação dos Metalúrgicos SP reelege Diretoria com unanimidade

Campanha Salarial 2026 do Sintrabor segue a pleno vapor
Força 28 NOV 2025

Campanha Salarial 2026 do Sintrabor segue a pleno vapor

Reunião da FEQUIMFAR define desafios e prioridades para 2026
Força 28 NOV 2025

Reunião da FEQUIMFAR define desafios e prioridades para 2026

13º salário: direito garantido pela luta sindical
Força 28 NOV 2025

13º salário: direito garantido pela luta sindical

STIEESP contribui para decisões estratégicas e aprovações financeiras da CNTI
Força 28 NOV 2025

STIEESP contribui para decisões estratégicas e aprovações financeiras da CNTI

Químicos tomam posse na nova diretoria do DIESAT 2025–2028
Força 28 NOV 2025

Químicos tomam posse na nova diretoria do DIESAT 2025–2028

Sintepav-BA intensifica luta pelo fim da violência contra a mulher
Força 28 NOV 2025

Sintepav-BA intensifica luta pelo fim da violência contra a mulher

Dia do técnico de segurança do trabalho celebra avanços
Força 27 NOV 2025

Dia do técnico de segurança do trabalho celebra avanços

Juventude e Trabalho: novos sentidos da resistência
Imprensa 27 NOV 2025

Juventude e Trabalho: novos sentidos da resistência

Miguel Torres dialoga com ministro do STF sobre pautas trabalhistas
Força 27 NOV 2025

Miguel Torres dialoga com ministro do STF sobre pautas trabalhistas

Isenção do IR até R$ 5 mil marca avanço histórico
Força 26 NOV 2025

Isenção do IR até R$ 5 mil marca avanço histórico

Força participa de encontro dos Fóruns do Ministério das Mulheres
Força 26 NOV 2025

Força participa de encontro dos Fóruns do Ministério das Mulheres

Aguarde! Carregando mais artigos...