
Centrais reforçam democracia e rejeitam anistia a golpistas
As Centrais Sindicais defenderam a democracia e reafirmaram a rejeição à anistia para os golpistas de 8 de janeiro, durante encontro com Paulinho da Força.
Na terça-feira (30), Miguel Torres, presidente da Força Sindical, e outras lideranças sindicais, entregaram ao relator do Projeto de Dosimetria uma nota oficial conjunta.
O documento afirma que as entidades sindicais lideraram lutas históricas que construíram a democracia brasileira, sempre defendendo a igualdade de direitos e a justiça social.
O texto relembra que, nos anos 1980, o Brasil derrotou um regime civil-militar que restringiu liberdades, fechou instituições, perseguiu opositores, retirou direitos e matou lideranças.
Os sindicalistas ressaltaram que, durante quatro anos, iniciativas golpistas atacaram instituições e movimentos sociais, espalhando negacionismo que causou mais de 700 mil mortes evitáveis.
A nota afirma que as instituições democráticas bloquearam o golpe, garantindo julgamento legal aos arquitetos, operadores e apoiadores que depredaram prédios públicos e símbolos dos Poderes.
O texto destaca que as instituições identificaram, julgaram e condenaram os responsáveis, que devem cumprir as penas previstas, já que a Constituição de 1988 proíbe anistia.
Leia a seguir o documento na íntegra:
DIALOGO, SEMPRE. GOLPE, NUNCA MAIS!
A democracia moderna é uma longa história de lutas pela igualdade de direitos e contra o recorrente golpismo da elite civil ou militar dominante. As entidades sindicais (Centrais Sindicais, Confederações, Federações e Sindicatos) sempre estiveram à frente na construção do Estado Democrático de Direito e das suas instituições para garantir a liberdade e a igualdade. No Brasil não foi diferente.
O golpismo impune é uma marca trágica da nossa República. Na década de 80 superamos, mais uma vez, um golpe civil-militar que durou mais de duas décadas, cerceando a liberdade, fechando instituições, prendendo e matando, retirando direitos trabalhistas, sociais e arrochando salários. As anistias, sob o argumento de pacificação, “autorizaram” novas tentativas de golpe, como o que culminou no 08 de janeiro de 2023. Foram quatro anos de iniciativas para viabilizar o golpe, atacando instituições, movimentos sociais e entidades sindicais, promovendo o negacionismo responsável por mais de 700 mil mortes na crise sanitária, a maioria evitável com vacina.
Bloqueamos e impedimos o golpe de 08 de janeiro de 2023! Nossas instituições garantiram o devido processo legal para aqueles que foram identificados como os arquitetos e operadores do golpe, bem como aqueles que aderiram à iniciativa na frente dos quarteis e, depois, depredando o patrimônio público, símbolo e espaço das nossas instituições e poderes. Investigados, julgados e condenados, devem cumprir as penas previstas na Lei.
Vamos virar a página da nossa história. Nossa Constituição é clara, para esses crimes não há anistia e nem perdão. Para que viremos a página da nossa trágica história golpista, devemos ir até o fim com aquilo que os constituintes em 1988 outorgaram: o golpismo será punido. Que assim o seja até o fim.
O movimento sindical sempre esteve na arena pública do diálogo social, negociando e fazendo acordos salariais, tratando das políticas públicas e da vida política do país. Por isso, mais uma vez, manifestamos nosso apoio aos esforços de diálogo e de construção de entendimentos em torno do fortalecimento das instituições, da igualdade de direitos, da transparência, do bom uso dos recursos públicos, mas sem anistia. Vale ressaltar que o STF (Supremo Tribunal Federal) teve e tem papel fundamental na manutenção e no fortalecimento da democracia.
Consideramos essencial também que o Congresso Nacional aprove o projeto de correção da tabela do Imposto de Renda, de tributação dos super-ricos; trate da redução da jornada de trabalho e fim da escala 6X1; amplie a proteção trabalhista e previdenciária para os mais de 100 milhões de trabalhadoras e trabalhadores; valorize e fortaleça a negociação coletiva e o sindicalismo representativo, entre outros projetos relevantes.
Essa é pauta de interesse da classe trabalhadora, que deve avançar, trazendo benefícios para toda a sociedade, sem anistia e projetos de proteção e privilégios de parlamentares.
Por um Brasil que deixa o golpismo para trás, porque o pune. Sem anistia!
Viva o Brasil! Viva a Democracia!Brasília, 29 de setembro de 2025
Sérgio Nobre – presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres – presidente da Força Sindical
Ricardo Patah – presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo – presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Tesch Auersvald – presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto – presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
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