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Chapecó (SC): Métodos inadequados de trabalho vão deixar 8.000 profissionais doentes
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
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É crítica e caótica a situação dos trabalhadores das agroindústrias, em conseqüência dos inadequados métodos de trabalho utilizados. As empresas estão subestimando as condições físicas da força produtiva e isso pode significar verdadeira catástrofe. Mantidas as atuais condições de trabalho, somente na região Oeste mais de oito mil trabalhadores adoecerão em curto prazo.
Esse quadro ficou evidenciado no 1º Fórum dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados realizado domingo (24) em Chapecó. A promoção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó – Sitracarnes (filiado a Força Sindical Nacional) reuniu mais de 200 profissionais da área e tratou das doenças ocupacionais. Os palestrantes foram unânimes em suas colocações: mudam os métodos de trabalho ou cresce a legião de jovens lesionados.
O futuro de milhares de trabalhadores já está comprometido e outros tantos terão o mesmo destino. "Não são os frangos e suínos que estão sendo desossados, mas sim os trabalhadores", protestou o procurador do Ministério Público do Trabalho Sandro Eduardo Sardá. Para dimensionar a gravidade da situação, disse que existem setores produtivos onde um trabalhador repete o mesmo movimento até 35 mil vezes ao dia, quando 15 mil já significam comprometimento físico do profissional. "Existem mães mutiladas que não conseguem nem mesmo amamentar o filho". "Isso é inaceitável", lamentou.
Em sua palestra Sardá explicou que é "elevado demais" o custo social dos casos de doenças ocupacionais, especialmente LER e DORT, temas do Fórum. Mostra que nos últimos anos o INSS gastou 4% do PIB no tratamento dos que sofreram acidentes ou foram acometidos por doenças do trabalho. "Isso representa astronômica cifra de R$ 107 bilhões a cada doze meses".
Excesso – "São desumanos os atos cometidos contra os trabalhadores", condenou o especialista em saúde do trabalhador, médico Ronaldo de Souza Costa, de Campo Grande (MS). Explicou que a atual jornada de trabalho é excessiva ao defender jornada de 30 horas semanais com pausas de 10 minutos, não de 40 horas como está debatida no país. "O tempo de trabalho exigido pelos frigoríficos é rigoroso e desumano" repetiu, para acentuar a caótica situação. Acrescentou ser "inadmissível o comportamento das empresas diante do absurdo número de trabalhadores doentes".
O presidente do sindicato Valdecir Stobe enfatizou que o evento "atingiu plenamente a meta". Reabriu com vigor a discussão sobre o grave problema e a criminosa jornada de trabalho que precisa ser cumprida. A partir de agora o movimento sindical vai intensificar "a sagrada missão de reduzir a jornada para humanizar o ambiente de trabalho". Foram palestrantes ainda, o engenheiro do trabalho Feres Felipe Daher Junior e o auditor fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego Paulo Roberto Cervo.