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Dica de Filme relacionado ao Mundo do Trabalho: Como Enlouquecer Seu Chefe Office Space
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Força
Como Enlouquecer Seu Chefe Office Space
EUA, 1998
Mike Judge
Com Ron Livingston e Jennifer Aniston
Esqueça a sutileza das entrelinhas e a sofisticada linguagem cinematográfica.
'Como Enlouquecer Seu Chefe' é um pastelão, simples e direto.
E não é por incompetência. O filme foi feito assim e é assim que ele funciona bem. Com seu estilo caótico ele toca em pontos nevrálgicos do mundo do trabalho e seus atores.
Lançado no auge do boom das empresas de Internet nos EUA, em 1999 é uma comédia sobre o mundo dos proletários de ‘colarinho-branco’ no Vale do Silício na Califórnia.
Quase toda história se passa dentro da empresa Initech, que atualiza programas de computadores. Os outros cenários do filme, o carro parado no trânsito, o pequeno apartamento e a lanchonete como local de almoço, são quase como subprodutos dos cubículos delimitados pelas divisórias cinzas do escritório.
O jovem Peter Gibbons (Ron Livingston) é um programador imerso no trabalho abstrato, estressado pela rotina e oprimido pelo chefe. Durante as longas horas de seu expediente ele compartilha com seus colegas os oito chefes, freqüentes memorandos, as regras sem sentido, as habituais horas extras no sábado etc.
Aos poucos verificamos que não apenas Peter, mas Joanna (Jennifer Aniston), a garçonete do fast food onde almoçam, e muitos outros demonstram o mesmo tipo de insatisfação e desmotização com o emprego.
O trabalho como ato de criatividade e emancipação passa ao largo desta história. O ambiente é de tédio, tensão, anulação e invizibilidade.
Em seu ‘tempo livre’ Peter se submete às esdrúxulas sessões de hipnoterapia. É em uma destas sessões que ele vive uma profunda transformação. O hipnotizador o leva ao estado máximo de relaxamento, mas não pode trazê-lo de volta à consciência normal, pois morre de infarto no mesmo instante em que conclui a hipnose.
O antes tenso programador de softwares assume agora um comportamento profundamente tranqüilo e despreocupado e, no primeiro dia de trabalho, após a ‘hipnoterapia’ a Initech recebe um novo Peter.
Mesmo disposto a jogar tudo para o alto ele não se desliga totalmente do escritório. O tempo de casa fez com que ele criasse vínculos. Então ele volta e depara-se com pessoas e situações, perante as quais tem a oportunidade de demonstrar sua nova postura.
Peter simplesmente passa a não se submeter a nada daquilo que é contra sua vontade. Com este estado de espírito concede uma entrevista sobre sua função e o dia a dia de seu trabalho em uma dinâmica de atualização dos funcionários da empresa. É com a naturalidade que seu relaxamento permite que ele afirma, entre outras coisas, que não vê sentido no que faz, que passa horas em sua mesa fazendo ‘outras coisas’, que foge do chefe para que este não o chame para horas extras no fim de semana e, sobretudo, que não se sente motivado pois não participa dos lucros da empresa – independente do quanto produzir o pagamento será sempre o mesmo.
O inusitado é que ao se rebelar ele passa a ser mais valorizado pelos especialistas em produtividade. É como se surgisse ali o ‘modelo’ das novas práticas empresariais de flexibilização do trabalho.
Na primeira parte do filme o que vemos é a tensão e o desconforto de um escritório. Após a transformação do protagonista o clima é de libertação, a emancipação e voluntarismo.
A questão central é: como e com que objetivos as pessoas se submetem aos tantos trabalhos estressantes e com regras inúteis que se proliferam na sociedade capitalista? Em posse deste questionamento somos levados a concluir que os rituais e as idiossincrasias do trabalho em escritórios parecem mesmo, muitas vezes, ridículos.