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A luta pelo trabalho decente na saúde
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
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É com imenso pesar que constatamos um número cada vez maior de acidentes de trabalho na saúde. É assustador o quadro registrado nos últimos anos. Ao mesmo tempo, e de forma paradoxal, a categoria da saúde nunca esteve tão mobilizada na luta por suas reivindicações; antenada em novas propostas, unida em nível nacional, usando inclusive as redes sociais para traçar suas estratégias de luta em busca de melhorias salariais e de condições de trabalho.
Como explicar, então, este contraditório? Quem trabalha na área da saúde sabe que não é fácil manter uma ação preventiva na dinâmica e massacrante rotina diária de um ambiente hospitalar. Os acidentes com perfurocortantes – agulhas, cateteres, gelcos e outros -; são os mais frequentes no ambiente hospitalar. A picada da agulha contaminada é apenas a ponta sangrenta de um drama que começa no topo da pirâmide, ou seja, na gerência e repasse das verbas públicas e privadas. O acidente silencioso, que não mata na hora, mas contamina para sempre, assombra diariamente milhões de trabalhadores da saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem e toda a equipe que tem contato direto ou indireto com o paciente.
O drama humano, do profissional contaminado em ambiente hospitalar, não é notícia no telejornal. A notícia só aparece quando este mesmo profissional comete um erro. E aí o mal já está feito. Espremido por um horário massacrante e uma distribuição desumana de trabalho (muitas vezes ele toma conta sozinho, durante um plantão, de até dez pacientes); o profissional da saúde, na maioria das vezes, é mais uma vítima deste processo. O sistema injusto pune sempre quem está na ponta da agulha, ou seja, aquele que cuida do doente. Os que crucificam o profissional da saúde por eventuais erros, esquecem-se das milhares de vidas que eles salvam diariamente, mesmo atuando em condições desumanas como a da maioria dos hospitais públicos e em muitos da área particular. Por isso mesmo, uma das nossas principais reivindicações na Campanha Salarial e Social deste ano é pelo trabalho decente na saúde. Vamos à luta!
José Lião de Almeida, presidente do Sinsaudesp