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Seria ficção, não fosse verdade
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
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No Brasil, o povo sempre foi desconsiderado ou excluído dos principais acontecimentos da história. Em mais de cinco séculos, do período colonial à democracia, raras foram as participações diretas daqueles que construíram/constroem esta nação.
O povo, figurante nessa obra chamada Brasil, assiste aos governantes implantarem medidas em total descompasso com a realidade, talvez porque há tempos não sabem – ou nunca souberam – o que é conviver com o descaso, como se lendo um livro, em que a história nunca termina com um final feliz.
Diante de tantos absurdos, colocamo-nos em dúvida se estamos assistindo um noticiário ou se parte de um filme fantasioso. A realidade e a ficção, no Brasil, confundem-se. Por mais criativo que sejamos é difícil conceber e aceitar que elementos tão básicos para uma vida digna na terceira idade seja ainda um desafio para uma nação, que se configura dentre as 10 maiores economias do mundo.
As recentes Medidas impostas pelo Governo Dilma, retirando, suprimindo direitos ou tornando quase impossível o acesso a alguns direitos, reforça a frase de Caetano Veloso, parte da canção “Fora da Ordem”; tão usada, porém, tão atual, em que diz: “aqui tudo parece que é ainda construção, mas já é ruína”.
Mais fictício ainda é que essas medidas partem de um grupo político, constituído em sua formação ideológica, por compromissos com a classe trabalhadora que, em síntese, formam o capítulo dos que lutam por direitos e uma vida melhor na história do Brasil.
A realidade parece conter mais ficção do que a própria ficção. Atos surreais são recorrentes na história da humanidade, como um dia Maria Antonieta, rainha da França (esposa de Luiz XVI, às vésperas da Queda da Bastilha), após perguntar ao cocheiro a razão de toda aquela gente parecia tão desgraçada, ouviu do empregado que o povo estava assim porque “não há pão para comer”. Então, simplesmente, ela respondeu: "- Se não têm pão, que comam brioches".
Carlos Ortiz é presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical