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Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista
segunda-feira, 7 de abril de 2025
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A máxima “Fazer a América Grande Novamente”, utilizada na campanha política eleitoral estadunidense e vitoriosa com Donald Trump, ecoa um nacionalismo nostálgico que evoca um passado idealizado, obscurecendo as complexas contradições do presente. Tal retórica, desprovida de uma análise materialista da história, revela-se como uma farsa, uma caricatura de projetos nacionais anteriores.
Karl Marx, em sua obra “O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte”, já alertava que a história se repete, primeiramente como tragédia e, depois, como farsa. A ascensão de Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, exemplificava essa dinâmica. Enquanto o tio representara a revolução burguesa em sua fase heroica, o sobrinho, destituído de sua genialidade e contexto histórico, encarnava uma pálida imitação, uma farsa trágica.
No contexto contemporâneo, a retórica populista de “Fazer a América Grande Novamente” guarda semelhanças com a ascensão de Bonaparte. Assim como o sobrinho de Napoleão, líderes populistas contemporâneos a semelhança de Trump, desprovidos de um projeto político original e de uma análise profunda da realidade, apropriam-se de símbolos e discursos do passado, descontextualizando-os e esvaziando-os de seu significado original.
A luta contra a desigualdade social, motor da história, e contemporaneamente contra o imperialismo, impulsiona a transformação do mundo, gerando novas relações de governabilidade, de produção e serviços e novas formas de consciência. A retórica populista, por sua vez, ignora essa dinâmica, propondo um retorno a um passado mítico, congelado no tempo.
A promessa de “Fazer a América Grande Novamente” revela-se, assim, como uma farsa trágica. Ao invocar um passado idealizado, essa retórica obscurece as contradições do presente, impedindo a superação dos problemas reais enfrentados pela sociedade. A desigualdade social, a crise ambiental e a violência estrutural são apenas alguns dos desafios que não podem ser resolvidos por meio de discursos nostálgicos e superficiais.
A história, no entanto, não se repete indefinidamente. A farsa , por mais que se disfarce, cêdo ou tarde revela sua natureza caricatural e trágica. A contradição entre a retórica populista e a realidade material acaba por expor a fragilidade do projeto nacionalista, abrindo caminho para novas formas de luta e de organização social.
A análise da retórica populista à luz do pensamento marxista nos convida a desconfiar de discursos que prometem um retorno a um passado idealizado. A história, como nos ensina Marx, é um processo dinâmico, marcado por contradições e conflitos. Somente a partir da análise crítica da realidade presente e da luta pela superação das desigualdades é que poderemos construir um futuro mais justo e igualitário.
Diógenes Sandim Martins é é médico, diretor do Sindnapi e secretário-geral do CMI/SP