3º Café Sensorial

Evento foi muito prestigiado e agradou os participantes
 

A 3ª edição do Café Sensorial foi marcada por valorosas contribuições do público presente. Envolvidos com o assunto, pessoas com deficiência, presidentes e integrantes de entidades da região, autoridades, representantes da área de Recursos Humanos, sindicatos, bem como apoiadores da causa, compartilharam conhecimento em busca de um mesmo objetivo: a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.

Realizado nesta quarta-feira (24/08), na sede do Sincomerciários de Jundiaí e Região, cerca de 230 pessoas prestigiaram o evento promovido pelo presidente do sindicato, Milton de Araújo, em parceria com a Fecomerciários.

Na abertura dos trabalhos, a professora Eunice Aires, representando o presidente da Fecomerciários, Luiz Carlos Motta, ressaltou a importância e magnitude do momento. Para ela, a integração com as pessoas com deficiência foi fundamental para que o evento ganhasse maior expressão.

O presidente Milton, por sua vez, se alegrou ao ver o grande número de participantes e desde aquele momento, disse ter certeza do aproveitamento de cada um. “Vocês vão aprender muito aqui hoje, pois nós preparamos um evento de qualidade, com ótimos assuntos e palestrantes” afirmou.

Com o intuito de promover a acessibilidade e total participação das pessoas com deficiência, como os surdos, durante todo o evento houve a participação de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

A importância do recurso de audiodescrição com seus benefícios e vantagens ao deficiente visual
A professora doutora em Linguística Aplicada e Estudos de Linguagem, Lívia Motta, distribuiu aparelhos de audiodescrição para as pessoas com deficiência visual e foi responsável por descrever os acontecimentos imagéticos durante todo o café.
Dinâmica, Líviainiciou sua palestra convidando todos a vendar os olhos, para “assistir” um vídeo comercial e então, questionou o possível produto e imagens que faziam parte da propaganda. Em seguida, reproduziu o vídeo, mas agora com a narração de audiodescrição, assim, Lívia conseguiu demonstrar as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência visual, bem como a importância da audiodescrição.

A doutora acredita que ainda falta para a sociedade informação: “Quem são as pessoas com deficiência? Quais os recursos que ela precisa utilizar? As pessoas devem refletir quanto a isso”. Ela ainda explicou que a audiodescrição é a “tradução de imagens em palavras”, comentando suas diversas funções e aplicabilidade, como eventos sociais, filmes, educação, entre outros.

A importância da empregabilidade da pessoa com deficiência
A coordenadora do Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência (PADEF), Marinalva Cruz, foi fundamental para alertar as dificuldades enfrentadas para a inserção no mercado de trabalho. Com dados e gráficos, Marinalva desmitificou a conhecida premissa dos empregadores de que as pessoas com deficiência não são qualificadas, demonstrando que, na realidade, o que ocorre é a falta de conhecimento por parte dos mesmos.

A coordenadora do PADEF acredita que precisa haver uma mudança de atitude, no sentido de que as pessoas devem ser contratadas por suas qualidades e competências e não apenas para cumprir a Lei de Cotas. Ela também fez uma importante ressalva, “as pessoas com deficiência precisam ser, de fato, incluídas no mercado de trabalho e não apenas inseridas”, ou seja precisa haver condições e oportunidades iguais para que ela possa desenvolver suas habilidades profissionais.

Legislação para pessoas com deficiência, no âmbito do mercado de trabalho
A última palestra foi proferida pelo juiz federal do trabalho Paulo Eduardo Vieira de Oliveira. Em sua explanação, ressaltou que já que todos somos iguais perante a lei, devemos lutar pela igualdade real de salário, acesso e possibilidades na sociedade e no mercado de trabalho.

O juiz também afirmou que a lei de cotas, assim como toda a legislação das pessoas com a deficiência, existe para corrigir uma discriminação existente na sociedade em geral, “a lei, com certeza, auxilia, mas o que precisa haver é uma mudança de consciência da população. O ideal é que não precisássemos de lei para haver inclusão” pontuou o doutor.

Opiniões
José Luis Pires de Camargo diretor do Sincomerciários de Jundiaí e Região se sentiu sensibilizado com o evento, pois, ao conviver com as pessoas com deficiência, percebeu que sua dificuldade, por não ter a perna direita, é muito pequena perante a dos demais. “Pude aprender muito com o evento, além de que os depoimentos fizeram meu coração bater mais fortes” emociona-se José Luiz.

Já para Ariosto Francisco Conceição, presidente da União dos Deficientes de Jundiaí e Região (UDJR), que participou de todas as edições do Café Sensorial, o evento evolui a cada ano, sempre com assuntos importantes. Para ele, que é uma pessoa com deficiência visual, a novidade da audiodescrição foi um ponto alto: “achei muito interessante, a partir de agora vou procurar sempre utilizar esse recurso” enfatizou Ariosto.

Cartilha Pessoas com Deficiência – Direitos e Conquistas
Finalizando a cerimônia, o presidente Milton agradeceu os palestrantes, lhes entregando uma placa de homenagem. “Vocês foram fundamentais para o sucesso do evento” pontuou. E para alegria dos presentes, o presidente também realizou sorteios e distribuiu brindes.

Dentre os presentes distribuídos para todos, está o livro “Pessoas com Deficiência – Direitos e Conquistas”, desenvolvido pelo presidente Milton, juntamente com sua diretoria, cujo intuito é divulgar conhecimento para toda a sociedade, de maneira a incentivar atitudes mais positivas e corretas em relação a inserção dessas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho.

A cartilha demonstra o posicionamento cidadão do Sincomerciários, que, além de promover o Café Sensorial, se mobilizou para difundir os direitos das pessoas com deficiência para um grande número de indivíduos, melhorando assim, a qualidade de vida e assegurando os direitos desses trabalhadores.

Dentre os temas da cartilha, destaca-se: a explanação sobre a Lei de Cotas, as entrevistas com a Deputada Federal Mara Gabrilli e com a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, LinamaraRisso; bem como a apresentação de órgãos e entidades preparados para prestar assistência de qualidade para as pessoas com deficiência.

No material ainda há explicação sobre o cuidado na maneira de lidar com as pessoas com deficiência; não pode, por exemplo, se exercerem uma mesma função, pagar a elas salário inferior em relação aos demais empregados. Há também dicas de cuidados com as palavras e orientações para os comerciários melhor atenderem um cliente com deficiência.

O presidente Milton, ao desenvolver a cartilha, concretiza, juntamente com a realização do Café Sensorial, sua contribuição na busca de uma sociedade mais justa e igualitária. “Para todos nós do sindicato esse trabalho é muito importante, pois, lutamos pela garantia de direitos das pessoas com deficiência e pela inserção adequada desses trabalhadores no mercado de trabalho. Sabemos que são pessoas competentes, que merecem oportunidades iguais” fundamenta o presidente.