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Campo Grande (MS): Empregados em supermercados devem recorrer à greve geral
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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Sem acordo na 12ª rodada de negociação, os comerciários se reúnem agora para decidir sobre greve geral
Os empregados em supermercados de Campo Grande serão obrigados a apelar para a greve para impedir a abertura e funcionamento de alguns supermercados da cidade, mesmo tento que enfrentar obstáculos que certamente serão impostos por seguranças dos estabelecimentos ou pela própria tropa de choque da polícia. Tudo isso para conseguir um mínimo de 2% de ganho real sobre seus vencimentos. Os empresários estão há quase 9 meses protelando conceder 1% sequer de ganho real sobre o índice de inflação de abril (data base da categoria), que foi de 5,5%. A ameaça foi feita pela direção do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande no final da reunião de ontem com supermercadistas e dirigentes de entidades patronais.
"Infelizmente, acredito que seremos obrigados a partir para o confronto de fato para que os senhores mudem de idéia e respeitem seus empregados, pagando salários dignos e não tratando-os como escravos", comentou Idelmar aos empresários, encerrando assim a 12ª tentativa de chegar a um acordo com os supermercadistas.
O Sindicato dos Comerciários vai convocar os empregados em supermercados para uma assembléia geral no dia 9 de dezembro na sede da entidade, às 19 horas, para decidir se partem ou não para a greve geral. A entidade já marcou também uma nova reunião com os supermercadistas, a 13ª, para o dia 11/12/08, às 9 horas, na sede do sindicato dos donos de supermercados, para anunciar a decisão da categoria. Ou seja, se haverá ou não a greve.
"Faremos tudo como manda a lei. Vamos usar da greve, se assim a assembléia decidir, como um instrumento de pressão aos empresários para que hajam com maior decência no trato com seus empregados",comentou Idelmar. Ele informou que na última assembléia geral que realizou no sindicato, dia 18, os empregados já manifestaram desejo de partir para a greve geral nos supermercados. "Há uma revolta muito grande da categoria pelo descaso e desrespeito com que são tratados nas empresas", comentou o sindicalista.
Idelmar já adiantou aos empresários, no final da reunião de ontem, em caso de greve, terá o apoio da Força Sindical, do Fórum Sindical dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul (organismo que integra dezenas de sindicatos e federações de trabalhadores no Estado), CNTC (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio) e FETRACOM (Federação dos Trabalhadores no Comércio de Mato Grosso do Sul) e de inúmeros sindicatos e federações de trabalhadores de diversas categorias. A própria cúpula nacional da Força Sindical, FST e CNTC deverão dar apoio especial ao movimento que deverá ser deflagrado em Campo Grande.
Além de impedir o funcionamento de alguns supermercados da cidade, de maneira simultânea, os manifestantes deverão entregar folhetos aos consumidores informando-os de que o movimento se deve "à falta de escrúpulos" de alguns supermercadistas que acabam dominando a vontade dos demais. Idelmar tomou conhecimento de que na reunião dos empresários, realizada na semana passada, um empresário, "baixinho", dono de uma rede de supermercados na cidade, teria chegado ao ponto de esmurrar a mesa de reunião contrariando boa parte dos empresários ali reunidos, dizendo que os empregados deveriam ganhar "nada" de aumento salarial. No final, acabou prevalecendo sua vontade, "o que é lamentável numa democracia como vivemos", comentou Idelmar.
Propostas
Os empregados querem 7,5% de reposição salarial e um piso de R$ 520,00. Os empresários ofereceram apenas o índice inflacionário de abril (quando deveria entrar em vigor a nova Convenção Coletiva de Trabalho), que foi de 5,5% e um piso salarial de R$ 510,00. O vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de Campo Grande, Nelson Benites informou que os comerciários lojistas ganharam um reajuste de 7,5%, para aqueles que ganham acima do piso salarial. E aqueles que ganhavam um piso de R$ 515,00, passaram a ganhar R$ 560,00. "Observe que os comerciários lojistas ganhavam há um ano, muito acima do que os supermercadistas estão oferecendo agora como piso para seus empregados, que é de R$ 510,00", comentou Nelson.
O vice- presidente lembrou ainda que os empregados lojistas além de ganhar mais, não trabalham aos domingos e feriados, como os comerciários de supermercados. "Mesmo assim esses empresários insistem em não reconhecer esse esforço. Não haverá outro jeito de convence-los a respeitar a categoria se não for através da greve, do confronto direto para que sintam no bolso os prejuízos de um tumulto por horas a fio em frente a seus estabelecimentos", comentou Nelson.