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CNTA buscará apoio internacional para combater política perversa da Ambev
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
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A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins) realizou nessa quinta (20/10), em São Paulo (SP), o Encontro Nacional dos Representantes dos Trabalhadores da Ambev no Brasil. Com pesquisa inédita sobre cultura de gestão do trabalho, CNTA Afins irá mobilizar entidades sindicais internacionais para combater política agressiva que envolve práticas antissindicais e de assédio moral.
O jornalista e mestre em História Social, Carlos Eduardo Batista, proferiu palestra sobre a evolução da gestão do trabalho da Ambev. Com o estudo "Gente Ambev – A trajetória da 'Gestão do Trabalho' que levou a primeira multinacional brasileira ao centro do capitalismo mundial", fruto da dissertação de mestrado concluída em março desse ano, o pesquisador abordou o crescimento da maior cervejaria do mundo (no período de 1985 a 2010), concomitante a transformação sofrida nas relações sociais internas da empresa. De acordo com o autor, que trabalhou na indústria entre 2000 e 2008, a gestão cotidiana do trabalho na Ambev é "bastante violenta" e "com histórico de assédios morais" em sua Cultura.
"Realizar essa tese foi um processo de tratamento para sarar dessa dor causada pelo assédio moral que sofri. E ela tem uma função política de tentar reconhecer as origens e as motivações do modelo de gestão utilizado pela Ambev. Meu objetivo foi tentar reconstruir historicamente como este modelo foi construído. Acredito que ao resgatar essa história, estou resgatando não só minha história, mas a história dos trabalhadores do ramo cervejeiro", comenta o ex-empregado da filial de Jacareí (SP), que ganhou na Justiça ação contra a gigante do setor de bebidas.
O presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, avalia que a política agressiva da Ambev é uma política comum praticada por outros grandes grupos da Alimentação. Segundo ele, é preciso que o movimento sindical unifique lutas e trabalhe a conscientização dos trabalhadores para avançar nas conquistas de direitos.
"O setor econômico conseguiu se organizar de tal forma que quando se fala nos grandes grupos, sabemos da intenção de dividir o movimento sindical. E eles não querem negociar em nível nacional, nem unificar as datas-bases. Temos que ter a consciência de que isto é o capitalismo e tentarmos unificar as ações do movimento sindical com os principais pontos em comum com as demais entidades sindicais da América Latina, Europa etc. Acho que este é o momento de pensarmos uma política mais agressiva para combater esses abusos porque ficar só na defesa não tem surtido efeito", declara.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 35 mil trabalhadores ligados à esta indústria brasileira, sendo as regiões sudeste, nordeste e sul as principais em número de trabalhadores, com 17,4 mil (53%); 6,2 mil (18,9%) e 5 mil (15,5%), respectivamente.