Codesavi promete ao TRT em São Vicente/SP que não mais atrasará salários e benefícios

Crédito: Vespasiano Rocha

Audiência de instrução e conciliação, na tarde desta sexta-feira, na Justiça do Trabalho, em São Paulo

A Companhia de Desenvolvimento de São Vicente (Codesavi) assumiu, nesta sexta-feira (20), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP), na capital paulista, compromisso de pagar “rigorosamente” em dia os salários de seus 1.250 empregados, evitando greves seguidas como nos últimos meses.

O presidente e o gerente financeiro da empresa de economia mista controlada pela prefeitura, José Cosmo de Jesus e Ricardo Rey Rodrigues, assinaram ata garantindo também que não mais atrasarão o pagamento do vale-transporte, plano de saúde, empréstimo consignado e pensão alimentícia.

Eles se comprometeram ainda a entregar a cesta-básica e o vale-alimentação até o dia 30 de cada mês, com exceção da cesta de maio, que garantiram para 10 de junho. E propuseram pagar os salários dos comissionados até o dia 15 de cada mês.

Multa de 25%

Caso descumpram qualquer desses itens, pagarão multa de 25% de cada um em favor dos empregados. “Isso é histórico”, comemora o presidente do sindicato dos trabalhadores na construção civil (Sintracomos), Macaé Marcos Braz de Oliveira, que estava presente e propôs ao juiz desembargador Wilson Fernandes a multa de 25% contra a empresa, com valor revertido para os empregados.

Na audiência de instrução e conciliação requerida pela Codesavi, José Cosmo e Ricardo Rey, assistidos pela advogada Cristiane Cardoso Moreira, assinaram o compromisso de regularizar, até 8 de agosto, o pagamento em dia dos empregados que saírem de férias. E garantiram 30 dias de estabilidade no emprego aos operacionais.

A condição para tudo isso é que os trabalhadores, há 14 dias em greve, desde

7 de maio, retornem ao trabalho neste sábado (21), após assembleia marcada para as 7 horas.
Acompanhado pelo vice-presidente Luiz Carlos de Andrade, pelos diretores Laudelino de Oliveira Xavier, Edson Santos, Paula Liliane Monteiro da Silva, Ana Maria dos Santos e pelo advogado Marco Antônio Oliva, Macaé explicou ao juiz que a decisão será da assembleia.

Dias parados

A proposta conciliatória garante o pagamento de 12 dos 14 dias de greve e compensação dos dois restantes. Também esse item Macaé considera “vitorioso”, pois a empresa queria descontar dos salários todos os dias paralisados.

Macaé ponderou ao desembargador que isso seria “uma injustiça”, alegando que a culpa pela greve foi da empresa, que atrasou salários e benefícios, e não dos trabalhadores, “que vêm arcando com seguidas perdas em virtude do problema, principalmente multas por mensalidades atrasadas”.

Macaé disse ao juiz, ao procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) presente, José Valdir Machado, e aos representantes da empresa que levará a proposta para a assembleia deste sábado.

“A diretoria do sindicato, até em respeito à paciência do juiz e do ministério público, defenderá o acordo na assembleia”, diz o presidente do Sintracomos. “Resta saber se os trabalhadores concordarão, pois já ouviram diversas promessas como essa, todas posteriormente jogadas na lata de lixo”.

O presidente do sindicato observa, entretanto, que “agora a situação é diferente. O compromisso da empresa está firmado diante de uma autoridade da Justiça do Trabalho e não apenas em atas de reuniões com o sindicato. Além disso, as multas de 25% desestimularão sua diretoria de atrasar salários ou benefícios”.