A música, interpretada pelos Engenheiros do Hawaii, faz uma crítica mordaz à cultura de massa e à sociedade do espetáculo. Usa a figura do Papa – símbolo máximo da autoridade religiosa e moral – misturada ao termo pop, para mostrar como tudo, até mesmo o que é sagrado ou solene, vira produto de consumo e espetáculo midiático.
O refrão “O Papa é Pop, o Pop não poupa ninguém” sugere que qualquer pessoa ou instituição está sujeita a ser “absorvida” e banalizada pela lógica da cultura pop e pelos meios de comunicação.
A menção ao atentado real sofrido pelo Papa João Paulo II (em 1981) traz à tona o poder destrutivo da exposição midiática e das tensões sociais.
O Papa É Pop
(Composição: Humberto Gessinger/1990)
Intérprete: Engenheiros do Hawaii
Todo mundo tá revendo
O que nunca foi visto
Todo mundo tá comprando
Os mais vendidos
É qualquer nota,
Qualquer notícia
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer nova ,
Qualquer notícia
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo…
Todo mundo tá relendo
O que nunca foi lido
Tá na caras
Tá na capa da revista
É qualquer nota,
Uma nota preta
Páginas em branco,
Fotos coloridas
Qualquer rota,
A rotatividade
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo
Um disparo
Um estouro
O Papa é Pop,
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa
O Pop não poupa ninguém
Uma palavra
Na tua camiseta
O planeta na tua cama
Uma palavra escrita a lápis
Eternidades da semana..
Qualquer coisa
Quase nova
Qualquer coisa
Que se mova
É um alvo
E ninguém tá salvo
O Papa é Pop,
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa,é…
O Pop não poupa ninguém
Toda catedral é populista
É pop
É macumba prá turista
Mas afinal?
O que é Rock’n’roll?
Os óculos do John
Ou o olhar do Paul?
O Papa é Pop,
O Papa é Pop!
O Pop não poupa ninguém
O Papa levou um tiro
À queima roupa,
O Pop não poupa!
O Pop não poupa!
Ninguém!…
Fonte: Centro de Memória Sindical
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