
João Carlos Juruna representa trabalhores do Brasil na China. Leia o discurso
Uma delegação das centrais sindicais brasileiras visita a China entre os dias 16 e 23 de setembro de 2025 para um importante intercâmbio sindical, político e cultural. A agenda incluiu reuniões com a Assembleia Popular da China e com a Federação Nacional dos Sindicatos da China (ACFTU), aprofundando as relações bilaterais e fortalecendo o diálogo entre os trabalhadores dos dois países.
Na ocasião, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, fez uma intervenção histórica na Assembleia Popular da China, abordando temas centrais como:
- o fortalecimento do multilateralismo e da cooperação internacional;
- os impactos das transições tecnológica, climática e geopolítica sobre os trabalhadores;
- a luta pela justiça social, o trabalho decente e a paz mundial;
- o apoio ao reconhecimento do Estado Palestino e a condenação da violência contra civis em Gaza;
- a importância estratégica da parceria Brasil–China e do fortalecimento dos BRICS e do G20.
O discurso reafirma o compromisso do movimento sindical brasileiro com a defesa da democracia, da soberania nacional, da integração internacional e da solidariedade entre os povos.

Delegação brasileira de sindicalista em visita a Assembleia Popular da China (Parlamento Chinês)
Leia aqui na íntegra:
INTERCÂMBIO SINDICAL BRASIL – CHINA
16 a 23 de setembro de 2025
Apresentação do Sr. João Carlos Gonçalves – Juruna, na Assembleia Popular da ChinaPrezados amigos e amigas, representantes da Assembleia Popular da China,
Em nome dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, as centrais sindicais brasileiras – CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CSB e CTB – agradecem profundamente o convite e a oportunidade de realizarmos este intercâmbio e troca de experiências com uma das mais altas instâncias de representação do povo chinês.
Gostaríamos de saudar e parabenizar os representantes da Assembleia Popular da China, a ACFTU e o presidente Xi Jinping, pelo trabalho e compromisso em melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo chinês, bem como pelos esforços e atuação em defesa do fortalecimento do multilateralismo, do processo de globalização com ganhos compartilhados, do respeito mútuo entre os povos e países, e da paz no mundo.
Consideramos muito importante a parceria estratégica entre o Brasil e a China, que se encontra em seu melhor e mais alto nível nos últimos 51 anos de relações diplomáticas e comerciais entre os dois países.
Estamos confiantes de que os documentos e acordos comerciais firmados nos últimos anos entre os presidentes Lula e Xi Jinping gerarão benefícios mútuos para os trabalhadores, as trabalhadoras e a população de ambos os países.
Não temos dúvida de que o papel da China, do Brasil, dos BRICS e do G20 é fundamental para garantir o equilíbrio da geopolítica e contribuir de forma decisiva para a construção de uma nova arquitetura da ordem mundial.
A presença dos presidentes das centrais sindicais na comitiva do presidente Lula, em sua visita de Estado ao presidente Xi Jinping, demonstra a satisfação e a importância que o movimento sindical brasileiro atribui ao fortalecimento das relações sindicais e diplomáticas entre Brasil e China.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer à Federação Nacional dos Sindicatos da China – ACFTU – pelo apoio, acolhida e hospitalidade à delegação das centrais sindicais brasileiras durante estas semanas de intercâmbio sindical, político e cultural na China.
Prezados amigos e companheiros representantes da Assembleia Popular da China e da ACFTU, gostaríamos de compartilhar nossas opiniões sobre a grave e preocupante escalada da crise geopolítica global, caracterizada atualmente pelo unilateralismo, conflitos armados, guerras, crises humanitárias, imposição de tarifas comerciais exorbitantes, sanções arbitrárias e pela interferência indevida nos assuntos internos da maioria dos países do mundo, inclusive no Brasil, por parte de potências estrangeiras.
As transições tecnológica/digital, climática e ambiental, demográfica e geopolítica impactam profundamente os trabalhadores e a sociedade. Esperamos que essas mudanças possam, de fato, gerar mais e melhores empregos, salários justos e contribuir de forma decisiva para a justiça social. Isso só será possível com políticas públicas e privadas comprometidas e voltadas para alcançar esses objetivos.
Condenamos, de forma contundente, a violência indiscriminada contra a população civil, o genocídio e a crise humanitária em Gaza. Consideramos todos esses atos incompatíveis com o processo civilizatório da humanidade no século XXI, portanto inaceitáveis.
No Brasil, somamos nossa voz ao movimento sindical e à comunidade internacional pelo reconhecimento imediato do Estado Palestino e pelo direito de palestinos e israelenses viverem em paz, com dignidade, desenvolvimento econômico sustentável e uma vida melhor para ambos os povos.
Fazemos um apelo à ONU e à comunidade internacional para que realizem todos os esforços necessários em busca de uma solução definitiva para o conflito. É urgente pôr fim às atrocidades e à crise humanitária na Palestina, assumindo compromissos com a reconstrução e o reconhecimento do Estado Palestino.
Por outro lado, reconhecemos que os avanços científicos e tecnológicos têm sido importantes e fundamentais para o desenvolvimento e o bem-estar econômico e social da humanidade. No entanto, também observamos graves efeitos colaterais nesse processo, como desemprego, precarização do trabalho, aumento da pobreza e desigualdades sociais, especialmente nos países mais pobres e em desenvolvimento.
Defendemos o fortalecimento do multilateralismo, dos processos de integração econômica e social, do diálogo social, do tripartismo, do intercâmbio e da cooperação mútua entre países, organizações de trabalhadores e a sociedade civil.
Nesse sentido, é fundamental o fortalecimento dos BRICS, do G20, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da OMC, dos organismos multilaterais, das organizações sindicais e da sociedade civil organizada.
Informamos que uma delegação das centrais sindicais, encabeçada pelos presidentes Sérgio Nobre (CUT) e Miguel Torres (Força Sindical), manteve importante encontro com a diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), para denunciar e solicitar providências contra o tarifaço e as sanções econômicas e comerciais unilaterais e arbitrárias do governo Trump.
É preciso estabelecer e garantir o equilíbrio geopolítico das relações comerciais, diplomáticas e do mundo do trabalho, buscando desenvolvimento econômico sustentável, preservação ambiental, transição justa, justiça social, trabalho decente e bem-estar social e econômico para todos e todas.
O Brasil segue avançando com políticas públicas importantes e afirmativas. Após a vitória do presidente Lula em 2022, nosso país saiu novamente do mapa da fome, a economia apresentou considerável melhora, o desemprego diminuiu e a democracia se fortaleceu, graças à luta e à contribuição dos trabalhadores e do movimento sindical brasileiro.
Evidentemente, ainda enfrentamos graves problemas deixados pela desastrosa gestão anterior, que atacou direitos trabalhistas e mergulhou o país em profunda crise econômica, política e social.
Atualmente, vivemos graves ataques internos e externos, promovidos pela extrema direita e pela interferência indevida em nossos assuntos internos por parte de potências estrangeiras em nosso continente.
Apesar disso, nós, trabalhadores, seguimos lutando pela manutenção e ampliação de direitos e conquistas, pelo diálogo social, pelo trabalho decente, pelo fortalecimento da democracia e pela justiça social.
Nós, centrais brasileiras, continuaremos trabalhando com compromisso pelo fortalecimento do intercâmbio sindical com a ACFTU, consolidando ainda mais os BRICS, o G20, o Mercosul, a OIT e os espaços do multilateralismo.
Agradecemos os esforços do governo do presidente Lula e do ministro do Trabalho, companheiro Luiz Marinho, pelo trabalho em fortalecer o diálogo social, a democracia e as relações comerciais, políticas e sociais com a China e outros países do mundo.
Gostaríamos de registrar nossa satisfação com os debates e a troca de experiências no Seminário de Intercâmbio com as lideranças sindicais do Brasil e da China.
Neste intercâmbio, a vice-presidente da ACFTU, Sra. Lu Ma, e os diretores técnicos realizaram importantes apresentações sobre a história dos 100 anos da ACFTU, as novas formas de trabalho e os avanços científicos e tecnológicos, com destaque para a digitalização e o uso de plataformas digitais.
Consideramos muito importante este intercâmbio das centrais sindicais brasileiras na China. No caso da Força Sindical, registramos nossa satisfação em ter sido a primeira central brasileira a apoiar e defender a ACFTU na OIT.
Por fim, a Força Sindical rende homenagem especial à ACFTU pelos 100 anos de lutas e conquistas e pelos mais de 32 anos de relações bilaterais entre nossas duas organizações.
Viva a China! Viva o Brasil!
Muito obrigado.
João Carlos Juruna
Secretário-Geral da Força Sindical