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Trabalhador não deve pagar a conta do combate à inflação
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
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"Essa conta não é dos trabalhadores, que não devem aceitar que os custos do combate à inflação sejam transferidos para os salários. Os trabalhadores devem continuar lutando por aumentos reais de salário", disse Sergio Mendonça, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), referindo-se a alta da inflação durante palestra realizada hoje (27), na sede da Força Sindical.
A Jornada de Debate "A inflação e as campanhas salariais", promovida pelo Dieese e as centrais sindicais foi realizada até agora em 25 estados, com a participação de 1.100 sindicalistas. A Jornada ocorrerá também Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Geraldino dos Santos, secretário de Relações Sindicais da Força Sindical, afirmou que a central é contra a idexação salarial e orientou seus associados a buscarem aumentos reais de salário.
Mendonça afirmou que apenas 19 das 700 categorias analisadas pelo Dieese fecharam acordos com aumentos salariais superiores ao PIB (Produto Interno Bruto).
Na palestra, Mendonça deixou claro que, diferentemente da tese defendida por setores do governo e da sociedade, a inflação não é generalizada, nem de demanda, mas é importada e está localizada nos alimentos.
Para o economista, a economia brasileira hoje é menos vulnerável se comparada à situação verificada há 5 anos, não há desabastecimento e, como a economia é aberta, quando for necessário, pode importar produtos, como o trigo.
Os preços do feijão, farinha de trigo, óleo de soja, carne bovina, arroz, leite in natura e pão francês foram responsáveis por 60% da inflação nos últimos 19 meses. Para as famílias de renda mais baixa de todo o País, os alimentos respondem por 75% da inflação. A elevação nos preços dos alimentos, disse Mendonça, deve-se a um conjunto de fatores: aumento no preço do petróleo (hoje US$ 120/barril), que afeta toda cadeia produtiva; elevação da demanda mundial por alimentos, com a entrada de novos consumidores, como a China; as comodities agrícolas (por exemplo, arroz, milho, soja) formam preços lá fora e vem para o Brasil; desvalorização do dólar frente ao real; forte especulação nos mercados futuros; fatores climáticos que contribuíram para a quebra de safra e, o etanol à base de milho, que afeta o preço da carne.
Mendonça observou que é importante este diagnóstico sobre as causas da inflação porque dependendo do diagnóstico são adotadas políticas econômicas diferentes. "Houve a sensação de inflação generalizada nos últimos meses que não é verdadeira. Esta avaliação é discutível", afirmou. O economista explicou que o investimento está crescendo mais que o consumo; a economia brasileira é aberta e pode importar produtos que faltarem; o salário médio na indústria vem crescendo abaixo da produtividade e, portanto, os salários não estão pressionando a inflação. "Teve um debate que o consumo estava crescendo muito. O consumo é forte, mas o investimento é maior", destacou.
O Dieese recomendou aos sindicalistas que lutem por aumentos reais; valorizem os pisos salariais; que usem índices que reflitam a variação nos preços dos alimentos; lutem por abonos. Os dirigentes sindicais devem lutar também por mais investimentos na economia, mais créditos porque o crescimento econômico do País é vital para os trabalhadores.