A canção “Levanta José”, composta por José Gonçalves em 1961 e interpretada por Zé do Rancho e Mariazinha, constitui um exemplo expressivo da música caipira brasileira, retratando, de forma satírica e crítica, aspectos do cotidiano das camadas populares rurais.
A letra, estruturada em forma de diálogo entre um casal, expõe com humor as tensões da vida doméstica, evidenciando temas como a preguiça, a escassez de recursos, o trabalho informal e o papel da mulher na manutenção do lar.
Por meio de uma linguagem coloquial, com expressões regionais e rimas simples, a obra revela não apenas um retrato da cultura interiorana, mas também questões sociais mais amplas, como a desigualdade econômica e a divisão tradicional de papéis de gênero.
O tom cômico da composição contrasta com a seriedade das dificuldades enfrentadas pelos personagens, tornando a música um recurso rico para a análise de valores, comportamentos e estruturas presentes no Brasil rural da época.
Levanta José
(Composição: Jose Goncalves/1961)
Interpretes: Zé do Rancho e Mariazinha
Oi, levanta José, deixa desse tereré
Olha bem pro relógio, veja só que hora é
Lave o rosto, José
Vá tomar esse café
Não vê que está com tudo atrasado
Pois só compra fiado, trabalhá você não quer
E ainda levanta zangado
Com os olhos vidrado parecendo jacaré
Mariazinha, seja mais boazinha
Deixa eu dormir mais um bocado
Você está vendo que estou adoentado
Estou com dor de cabeça e muito resfriado
E além de tudo, com o sono atrasado
Que sono que nada, é quase meio-dia
Daqui a pouco eu jogo água fria
Se eu me aborreço faço um desacato
O vizinho do lado vai sabê do fato
Vai sabê que fome aqui em casa é mato
Cala a boca, mulher
Cala a boca que nada, isto não é vida
A quatro dias que eu não pego uma gordura
Eu tô ficando magra que nem saracura
Mulher danada, não me desmoraliza
Se eu não me levanto pois nem tenho camisa
Eu dô pulo e dô salto, até pareço um cabrito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Oi, levanta José, deixa desse tereré
Olha bem pro relógio, veja só que hora é
Lave o rosto, José
Vá tomar esse café
Não vê que está com tudo atrasado
Pois só compra fiado, trabalhá você não quer
E ainda levanta zangado
Com os olhos vidrado parecendo jacaré
Mariazinha, seja mais boazinha
Deixa eu dormir mais um bocado
Você está vendo que estou adoentado
Estou com dor de cabeça e muito resfriado
E além de tudo, com o sono atrasado
Que sono que nada, é quase meio-dia
Daqui a pouco eu jogo água fria
Se eu me aborreço faço um desacato
E o vizinho do lado vai sabê do fato
Vai sabê que fome aqui em casa é mato
Cala a boca, neguinha
Cala a boca que nada, isto não é vida
A quatro dias que eu não pego uma gordura
Eu tô ficando magra que nem saracura
Mulher danada, não me desmoraliza
Se eu não me levanto pois nem tenho camisa
Eu dô pulo e dô salto, até pareço um cabrito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Dinheiro no meu bolso é língua de mosquito
Fonte: Centro de Memória Sindical