Imagem do dia
Enviar link da notícia por e-mail
Artigos
A quem interessa as perseguições ao deputado Paulinho?
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Artigos
Os recentes episódios envolvendo o nome do deputado Paulinho Pereira da Silva, bem como a rapidez com que a corregedoria da Câmara Federal encaminhou à Comissão de Ética o pedido de cassação do referido parlamentar precisa ser melhor compreendido, senão esclarecido, uma vez que, por tradição, o trâmite legal desse tipo de ação por parte do Congresso Nacional, não se dá assim de maneira tão apressada, como estamos a presenciar neste momento crucial da vida brasileira. Não teve o corregedor, deputado Inocêncio Oliveira, preocupação alguma em sequer formar comissão para proceder investigação, como geralmente é feito em caso de acusações a parlamentares. Afinal, a quem interessa as perseguições ao deputado e sindicalista Paulinho?
Pelo que se sabe, Paulinho, apesar do pouco tempo no parlamento, vem tendo uma brilhante atuação no tocante à defesa dos interesses dos trabalhadores. Nunca os projetos essenciais para assegurar direitos e dignidade à classe trabalhadora ganharam tanta agilidade e possibilidades reais de aprovação, como agora, com ele à frente. Do mesmo modo, em relação às grandes mobilizações internas e externas ao parlamento brasileiro, quando se tratou de lutar para impedir que propostas tais como a famigerada Emenda 3 viessem a ser aprovadas em um momento conjuntural em que o mais importante aos trabalhadores é o trabalho regulamentado e não precarizado.
A aprovação da tal emenda apenas beneficiaria segmentos econômicos, como os atuais meios de comunicação (rádios, jornais, TVs, etc.), que acima de tudo privilegiam a contratação de profissionais via freelance, temporários e terceirizados, para não ter de arcar com os direitos estabelecidos em lei e/ou por meio de convenções coletivas. A figura da pessoa jurídica prevista na Emenda 3, seria um golpe certeiro contras as relações de trabalho regulamentadas pelas quais Paulinho tanto tem lutado e que irritou profundamente a classe dominante que não aceita ser contrariada nas suas pretensões quando está em jogo o frio cálculo do lucro.
O mesmo vale para a defesa que o sindicalismo brasileiro, sob a liderança do Paulinho, se propõe a fazer, com vistas a reduzir a jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salário e ainda a lutar para que governo Lula venha a ratificar a Convenção 158, da Organização Internacional do Trabalho – OIT – que prever garantia de emprego contra a demissão imotivada. Condição esta que geram perspectivas outras, entre elas a criação do Contrato Coletivo de Trabalho Nacional e que tem como um de seus pilares a proteção ao emprego, mas que as elites econômicas não querem nem ouvir falar.
As elites estão redondamente enganadas se acham que com essas perseguições as lutas gerais e específicas dos trabalhadores serão interrompidas. Os setores incomodados com as ações firmes e corajosas desenvolvidas no campo sindical e parlamentar por Paulo Pereira da Silva, como vimos recentemente durante mobilização que culminou na legalização das centrais sindicais, acreditam que desta maneira poderão impedir toda e qualquer pretensão dos trabalhadores para se afirmar na sociedade como sujeitos construtores da sua própria história.
As lutas em defesa dos interesses imediatos e futuros da classe trabalhadora vão continuar, queiram ou não as elites, e não é por meio de articulações via mídia e bastidores da política nacional e também local, contando com a participação de setores reacionários e golpistas na tentativa de impedir o surgimento e crescimento de lideranças populares autênticas que a história brasileira sofrerá novas regressões e os direitos trabalhistas serão precarizados. Isto não podemos de maneira algum permitir.
Aparecido Inácio da Silva, Cidão – Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul