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A química que falta para crescer: inovação com diálogo
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
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Sergio Leite, Osvaldo Bezerra, Paulo Lage, Raimundo Suzart, Sergio Novais e Herbert Passos Filho
O Encontro Anual da Indústria Química realizado pela ABIQUIM em São Paulo na última semana evidenciou os excelentes resultados em termos de aumento do faturamento, da produção e da diversificação das exportações das empresas fabricantes de produtos químicos para uso industrial e dos demais segmentos do setor, como tintas e vernizes, farmacêuticos, fertilizantes, produtos de limpeza e higiene pessoal, defensivos agrícolas e cosméticos.
O faturamento líquido do setor químico como um todo, que emprega cerca de 750 mil trabalhadores no País, cresce a taxas médias de 9,1% ao ano desde 1996, com destaque para o setor de fertilizantes (12,2% ao ano), defensivos agrícolas (10,5%) e tintas e vernizes, que cresceu 14,8% apenas no último ano, estimulado pela construção civil. As estimativas da ABIQUIM indicam que a indústria química no Brasil chegará a um faturamento global de US$ 158 bilhões em 2011, crescimento de 23,4% em relação a 2010, o que irá melhorar a posição da indústria química brasileira no cenário mundial, hoje a sétima maior em termos de faturamento. Cerca de 2,5% do PIB brasileiro é resultado da atividade industrial química, e responde por 10,1% do PIB da indústria de transformação no Brasil, atrás apenas da indústria de alimentos, de petróleo e de veículos.
Estes resultados expressivos correspondem à retomada do crescimento econômico da economia brasileira como um todo a partir de 2004, sob a liderança do governo Lula, seguido pela Presidenta Dilma. Entretanto, restam desafios a serem superados, os quais exigem ações coordenadas da indústria e do governo, com decisiva participação dos trabalhadores.
O principal desafio, estrutural, diz respeito ao déficit da balança comercial do setor. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o déficit comercial da indústria química deverá ser de US$ 25,9 bilhões em 2011, ante US$ 20,7 bilhões registrados em 2010, indicando que um terço da demanda nacional vem sendo suprida por produção importada. Segundo a ABIQUIM, se 50% desses produtos importados tivesse sido produzido no Brasil, 60 mil novos empregos diretos poderiam ter sido gerados no setor.
Mas a decisiva inovação, o grande salto de qualidade que colocará a indústria química brasileira no rumo do desenvolvimento sustentável diz respeito aos valores e as práticas do diálogo social, da promoção da qualidade de vida e da diversidade de gênero e raça, e da valorização dos trabalhadores do setor.
Como pudemos debater ao longo deste ano sobre os desafios da indústria química até o ano 2020, a viabilização do crescimento sustentável exige mais proteção social, mais diálogo dentro da fábrica, mais segurança no emprego contra a demissão imotivada, com jornada de trabalho equilibrada com a vida social e familiar, com locais de trabalho mais seguros e saudáveis.
Estas condições devem ser consideradas no âmbito dos Conselhos de Competitividade setoriais do Plano Brasil Maior, como medidas estruturais e inovadoras que lhe atribuam a necessária dimensão social.
Não haverá crescimento econômico que não seja sustentado em termos trabalhistas, sociais e ambientais. Esta é a inovação que a indústria química brasileira deve desenvolver, em diálogo com os trabalhadores e sintonia com as diretrizes políticas do governo da Presidenta Dilma Rousseff.
Sergio Leite é presidente da FEQUIMFAR e 1º secretario da Força Sindical; Osvaldo Bezerra é coordenador geral do Sindicato dos Químicos e Plásticos de São Paulo e região; Paulo Lage é presidente do Sindicato dos Químicos do ABC; Raimundo Suzart é coordenador da FETQUIM-CUT; Sergio Novais é vice-presidente para América Latina e Caribe da ICEM; Herbert Passos Filho é o coordenador da Secretária Nacional dos Químicos da Força Sindical.