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A taxa de juros e os trabalhadores: Especulação x Produção
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
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No final de novembro, o COPOM (Comitê de Política Monetária) realizou a última reunião de 2013 e registrou a sexta alta consecutiva da taxa dos juros básicos da economia. A Selic foi elevada em 0,5 ponto percentual, ficando em 10% ao ano. Com essa decisão o COPOM atende as exigências do Banco Central frente ao combate a inflação.
Em nota, o DIEESE explica que a taxa de juros é um dos instrumentos utilizados pelos Bancos Centrais para reduzir o dinheiro em circulação, conter a expansão do crédito (tomar empréstimos), combater a elevação de preços generalizada. Em outras palavras, quando mais elevada a taxa de juros menor é a demanda/consumo, ou seja, com menos pessoas e empresas consumindo bens e serviços, os preços tendem a cair, reduzindo com isso a inflação.
Contudo esse mecanismo, como via de regra, gera efeitos colaterais, dentre eles, a desaceleração da economia. Com isso, a taxa de juros é se torna um dos aspectos que mais pesam para o desenvolvimento, tanto na viabilização de investimentos dos empresários na economia (aumento da produção e ampliação do parque industrial), como no crescimento da atividade econômica e, sobretudo, nas decisões de consumo das famílias. Além disso, no caso do Brasil, a taxa de juros influencia a dívida pública, tendo em vista que parte da mesma é corrigida pela SELIC.
Vale ressaltar que o Brasil continua figurando entre os primeiros colocados no ranking dos países com maior taxa de juros. O Japão, por exemplo, tem uma taxa de juros de 0,10% ao ano, já os Estados Unidos e a União Europeia, a taxa é de 0,25 ao ano. China, Índia e Egito, respectivamente, 6%, 7,75% e 8,7%, também contam com juros elevados.
Já assistimos a esse filme antes e, olha que desde a gestão governamental de Fernando Henrique Cardoso, somada a uma boa parte do governo Lula e, agora na administração de Dilma Rousseff, sempre tivemos que conviver e confrontar essa vil política de aumentos na taxa de juros. Com exceção apenas, no momento da crise de 2008, quando por um curto período, conseguimos presenciar uma pequena derrocada desse vil mecanismo.
São diversas as vias pelas quais uma política de controle inflacionário, baseada na elevação constante da taxa de juros, se mostra prejudicial aos trabalhadores. Olhemos, por exemplo, para a defasagem acumulada pela tabela de cálculo do imposto de renda. Estima-se que a defasagem acumulada pelo reajuste da tabela do IRPF, entre janeiro de 1996 e dezembro de 2013, em relação ao IPCA, seja de 62%. Desta forma, os trabalhadores sofrem com a incidência de uma tributação cada vez maior sobre os salários, pois o reajuste da tabela do IRPF não acompanha sequer a inflação, a mesma inflação que justifica as recorrentes elevações na taxa básica de juros.
O governo precisa colaborar e ouvir novamente os representantes dos trabalhadores. Tudo o que queremos é um pouco mais de respeito aos direitos trabalhistas e sociais e um maior investimento, por parte do governo e das empresas na produção e não no mercado especulativo, afinal, o Brasil é um dos campeões na taxa de juros, e agora, alcançando os 10% ao ano, vai ficar ainda mais difícil o acesso da classe trabalhadora ao consumo. Chega de especulação, queremos produção e crescimento!
Sergio Luiz Leite,presidente da FEQUIMFAR e 1° secretário da Força Sindical