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Aumentar a unidade e combater a inflação
sexta-feira, 4 de julho de 2008
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O monstro acordou e os cantadores da enrolação começam a sua toada. Dizem eles que o repique inflacionário é provocado pelos ganhos reais do salário mínimo, pelos reajustes de salários e benefícios dos aposentados.
Estes enroladores não querem que gente perceba que na cesta básica os aumentos superam de muito os próprios ganhos do salário mínimo; que eles (os aumentos) vêem se acumulando há mais de um ano e que se aceleram (principalmente nas regiões mais pobres do Brasil e entre os trabalhadores mais pobres). Há, portanto, muito mais um aumento especulativo influenciado pelo clima de cassino nos setores financeiros e pelas dificuldades circunstanciais das economias norte-americana e mundial, do que uma sistemática e generalizada alta de preços decorrentes do consumo dos trabalhadores.
O movimento sindical e os trabalhadores odeiam a inflação porque perdem – e muito – com ela. Exigem firmemente seu controle de maneira a não se prejudicarem. Mas, convenhamos, com os índices de produtividade superando em três ou quatro vezes os ganhos reais de salários, como acreditar que estes causem inflação?
Por experiência própria e acumulada os trabalhadores não querem ouvir falar de indexação (dos salários à inflação) sob nenhuma de suas formas. Seria a aceitação de um processo que pode e deve ser combatido com êxito, apesar da histeria dos interesseiros.
Este é um tema sério. A unidade de ação das centrais sindicais – fator deciso para as vitórias recentes do movimento sindical – já exige a institucionalização de um fórum permanente de dirigentes das centrais. Seria, por exemplo, o Colégio de Presidentes, capaz de implementar de maneira unitária, democrática, correta, fundamentada e tempestiva a luta contra a inflação e contra as perdas dos trabalhadores. A sistemática reunião de dirigentes das centrais já vem ocorrendo por conta das discussões sobre organização e recursos.
A reunião do Colégio de Presidentes para enfrentar a inflação poderia contar com a valiosa assessoria do DIEESE e com a ajuda de especialistas amigos dos trabalhadores como os professores Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann, Aloísio Teixeira, Carlos Lessa e Waldir Quadros.
Além dessa tarefa imediata, o Colégio de Presidentes deveria tratar também da organização da 5ª Marcha da Classe Trabalhadora, em Brasília, com os temas unitários do mundo sindical. A organização da Marcha servirá a que nos preparemos para enfrentar a forte contra-ofensiva de nossos adversários no Congresso Nacional após as eleições de outubro; o perigo desta ofensiva pode ser avaliado pela estrondosa vitória que obtiveram na Comissão de Relações Exteriores da Câmara Federal em votação contra a Convenção 158 da OIT.
João Guilherme Vargas Neto – Consultor Sindical