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Combater com qualificação e educação o perigoso apagão de mão-de-obra
quarta-feira, 26 de maio de 2010
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O Brasil cresce a olhos vistos. O mundo inteiro percebe. Mas corremos um sério risco de comprometer toda nossa euforia econômica se não reagirmos com eficiência à terrível ameaça do apagão de mão-de-obra.
A ponto de o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, ter afirmado que a falta de qualificação ameaça o crescimento do número de postos de trabalho formais no país.
Este ano, a expectativa é que cerca de 1 milhão de trabalhadores passem por algum curso de formação. “Estamos muito aquém do necessário, deveriam ser 5 milhões”, disse o ministro.
Pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Dom Cabral, com as 76 maiores companhias do pais, constata que sobram vagas em 67% das empresas de setores como o automobilístico, ferroviário, moveleiro, siderurgia e metalurgia, transportes e serviços.
Segundo o professor Paulo Resende, responsável pelo estudo da Fundação Dom Cabral, ‘somos o país das disparidades: há dinheiro para investir, mas a mão-de-obra especializada está cada vez mais escassa”.
Na avaliação dele, essa questão pode se transformar num gargalo perigoso – a exemplo das carências da infraestrutura – para o crescimento sustentável do País, acima de 5% ao ano na próxima década.
Ele conta que encontrou casos de companhias que estão importando mão de obra de outras nações da América Latina. ‘No setor de petróleo, trazem profissionais da Venezuela; no Agronegócio, de Argentina, Uruguai e Paraguai.’ Enquanto que aqui no Brasil ainda registramos mais de 8 milhões de trabalhadores sem nenhum tipo de ocupação.
A alternativa que insistimos há anos é juntar esforços do Poder Público com o setor privado e iniciar, para ontem, uma imensa mobilização nacional pela qualificação. E, ao mesmo tempo, ampliar e profissionalizar os investimentos em Educação. Desde a pré-escola até a universidade.
Não dá mais para manter jovens nas escolas fingindo que aprendem e seus professores, muitas vezes desmotivados, fingindo que ensinam.
Além do envolvimento direto do poder público e privado, o Brasil precisa do esforço de cada um de nós, trabalhadores e trabalhadoras, pais e mães, avôs e avós e, principalmente, dos jovens que precisam ser motivados a aprender a aprender.
O crescimento da nossa economia, com geração de mais oportunidades e empregos, passa pela Educação e pela Qualificação. Ou resolvemos já este problema, ou corremos o risco de nadar e morrer na praia. Pois não há crescimento possível sem mão-de-obra qualificada.
Cícero Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá