A ideia da volta às aulas me parece assustadora, creio que não mandaria meus filhos de 10 e 13 anos neste momento de pandemia, sem a segurança de uma vacina, e vejo com indignação o comportamento social de pessoas sem responsabilidade com a vida e a saúde, que não aderiram ou abandonaram as práticas de higiene, o uso de máscara e o distanciamento social.
Este mesmo sentimento de indignação tenho há algum tempo com relação à política brasileira. Tivemos muitas perdas recentes na política como a reforma trabalhista, a terceirização sem limites, o congelamento dos investimentos sociais e a reforma da Previdência, que tiraram direitos, não geraram os empregos prometidos e precarizam ainda mais as relações de trabalho.
Tenho me cuidado e tentado viver em paz um dia de cada vez, para ao menos minimizar o impacto da opção política conservadora e autoritária da parte dos brasileiros que continua alheia ao sofrimento de milhões de brasileiros desempregados, subocupados, desalentados, excluídos e em risco social constante.
Uma importante tarefa é fazer com que os trabalhadores se vejam como classe trabalhadora, não se atendo ao individualismo exacerbado, ao modelo desumano de acúmulo de riquezas, e entrando pra valer nas lutas sociais, políticas, sindicais e trabalhistas.
Devemos ter em mente que no passado de nossa História tivemos pessoas que, além de serem provedoras de riquezas, se uniram, lutaram por bens coletivos, se descobriram como classe trabalhadora e deixaram como legado muitas conquistas e benefícios que são ou podem ainda ser usufruídos pela atual e pelas futuras gerações.
Nas empresas, nas fábricas e nos locais de trabalho de um modo geral, todos nós devemos ter a obrigação moral de seguir as orientações de combate ao coronavírus. Precisamos também fazer a seguinte reflexão:
Se o pai e a mãe voltam ao trabalho, quem ficará com os filhos?
O cuidador será uma pessoa de confiança, um parente, um vizinho que esteja desempregado?
Ele receberá por este trabalho?
A família, que já está com redução de salário e renda, terá condições de pagar?
Até quando vamos aguentar o custo de vida cada vez mais alto?
Vamos nos contentar apenas com os R$ 600 do auxílio emergencial ou vamos lutar por uma vida digna permanente?
São grandes os desafios para a nossa sociedade, inclusive para o projeto político que se diz tão preocupado com a “família” brasileira mas que, ganancioso, arrogante e cego socialmente, em momento algum apoia ou participa de ações benéficas para toda a coletividade.
Maria Euzilene Nogueira, Leninha
Diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes