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Distribuição de renda para uma Economia forte
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
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Quando, a partir de 2008, o mundo viu-se em uma crise econômica gerada pela especulação financeira e pela ausência de freios e regras na selvageria do livre mercado e da concorrência elevada em níveis de consumismo e endividamento sem precedentes, o Brasil segurou-se graças ao Mercado Interno e a Políticas Econômicas voltadas para que o consumo do mesmo pudesse proteger e fortalecer nossa economia diante da crise internacional.
Pois bem, deu certo em alguns aspectos e por algum tempo: baixa constante de juros, oferta de crédito cada vez maior e facilidades de consumo permanentes através de estímulos fiscais a importantes setores da indústria. Tudo isso somado a pedidos clementes do governo para que o seu povo não deixasse de “comprar”.
Mas então devemos pensar: “Quem é o principal agente do Mercado Interno?”. A resposta é óbvia: o trabalhador.
Principalmente aquele que, após anos de economia estabilizada e superaquecida, pôde ter acesso a bens de consumo que giraram desde a aquisição de automóveis até eletrodomésticos novos, com mais tecnologia, mais crédito e preços acessíveis, além da maravilhosa e irresistível sensação de estar ascendendo socialmente.
Em poucas palavras, é essa a História. Os trabalhadores brasileiros (o Mercado Interno) seguraram e seguram até hoje, depois de décadas de represamento no consumo, a estabilidade econômica do país.
E, então, chegamos a outra coisa básica: maior consumo interno é igual a maiores lucros para os patrões que é igual a mais impostos para o governo. Mas que maravilha! Então todos saímos ganhando? Certamente que não!
Como trabalhadores não têm lucros, ganharam os patrões; como o Imposto sobre a renda do trabalhador não sofreu alterações para baixo, ganhou o Governo (nesse caso devemos pensar se os serviços públicos melhoraram para a população, mas isso já é outra história).
A “maravilha”despenca diante da realidade. Estamos em mais uma Campanha Salarial e, agora, apesar de todos os esforços dos sindicatos na busca de melhores ganhos para seus representados; apesar de toda a resposta positiva dos trabalhadores aos apelos do sistema, ressurge a conversa patronal das dificuldades que eles enfrentam e o Governo, por sua vez, aposta na livre negociação entre patrões e empregados e assim se isenta em tomar partido.
Dá para entender: reduzir taxas de lucros para poder dar um aumento real digno aos trabalhadores é inconcebível para os patrões; reduzir taxas de juros para o consumo ou incentivos fiscais que atinjam diretamente o trabalhador é inconcebível para o Governo.
Será que, justamente o agente econômico e social que mais gera riqueza, ou seja, o trabalhador, mais uma vez vai ficar com toda a conta pra pagar?
Será tão difícil assim para empresários e governo entenderem que a distribuição de renda é o único caminho para uma justiça social verdadeira e uma economia sólida permanente?
Marco Mota é sociólogo e assessor da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo