Imagem do dia
Enviar link da notícia por e-mail
Artigos
Fertilizantes versus orgânicos
domingo, 25 de abril de 2010
Artigos
Atualmente existe uma demanda cada vez maior pela produção sustentável. A substituição gradual da agricultura que utiliza fertilizantes químicos, e demais produtos agrícolas, pela orgânica é uma tendência que, como tudo no mundo, enfrenta alguns entraves.
Os fertilizantes químicos foram introduzidos na agricultura mundial já no século 19, quando o alemão Justus Von Liebig estudou e comprovou a eficácia da mistura NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) para o maior crescimento das plantas. Os insumos químicos geraram o inegável benefício da maior produtividade, mesmo com o alto custo desses produtos. E com o passar dos anos, a utilização dos fertilizantes tornou-se comum, mesmo porque, com toda a insegurança que a produção orgânica traz, deu-se preferência aos insumos químicos.
Por esses fatores, dentre outros, a adesão ao mercado dos orgânicos não é tão alta por parte dos produtores. Existe ainda o custo-beneficio, em curto prazo, pela utilização desses insumos que, apesar de caros, contribuem para uma maior garantia de boa produtividade.
Seja no setor agrícola ou industrial, a produção “ecologicamente correta”, passou a ter destaque a partir de cinco ou seis anos para cá. Uma faca de dois gumes na agricultura orgânica é que, apesar de sustentável, é mais cara para o consumidor final. Para o produtor, principalmente o que vende sem atravessadores, isso é ótimo. Mas, se por um lado os agricultores são acusados de não investir em orgânicos, uma boa parcela dos que consomem sente-se afugentada pelos preços um tanto mais altos.
A tendência é que a agricultura familiar seja a rainha dos orgânicos. O agricultor familiar tem vantagens para produzi-los: o pedaço de terra cultivada geralmente é menor, e o cuidado exigido favorece o setor, por ser em pequena escala. Mas antes de acusar o agricultor pelo uso de insumos químicos, é preciso ter a consciência de que, enquanto há a desintoxicação da terra, ele necessita de pelo menos parte de sua propriedade para exercer sua atividade. Por mais que se queira agilizar essa desintoxicação, o processo é lento. Além das dificuldades citadas, o setor sofre com os baixos lucros, e possíveis atravessadores na hora da venda.
O mundo tem sim necessidade pelo sustentável, mas é necessário que tanto os produtores quanto os consumidores atentem para isso, porque é fato que os grandes produtores, que oferecem produtos mais baratos nas prateleiras, não abrirão mão da praticidade dos insumos químicos. Nota-se que são dois nichos atuando num mesmo meio. Sendo assim, é obvio que haverá disputas indiretas pela supremacia comercial. Não creio que haverá substituição total. Mas já há disponibilidade no mercado de ambos os produtos. Quem deve escolher é o consumidor.
Braz Albertini é presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo e produtor rural