Na corrida matinal de domingo, ao ver uns fuscas nas ruas, refleti sobre esse carro popular das décadas de 1960, 70 e 80, introduzido no Brasil nos anos 50, e as escolas cívico- militares.
Eu mesmo tive uns cinco fuscas, naqueles anos de chumbo. Atualmente, são poucos os ‘besouros’ em circulação, com o característico barulho e cheiro forte de combustível, prejudiciais ao ambiente e à saúde.
Os fuscas hoje restaurados pertencem a saudosistas que os compram e reformam, deixando-os o mais parecido possível com os originais, usando-os somente por força de reminiscências.
Quase ninguém os utiliza no seu cotidiano, para ir e voltar do trabalho, fazer compras, levar os filhos à escola ou tarefas semelhantes. Quem os tem é apenas para curtir nos finais de semana.
A tecnologia automobilística progrediu e ninguém, em sã consciência, trocaria, para o seu dia a dia, um carro moderno, com ar-condicionado, direção hidráulica e menos poluente por um fusca.
Saudosistas equivocados
Ao ver os fuscas dominicais, lembrei-me das escolas cívico-militares que alguns querem incrementar nestes tempos em que a pedagogia se aprimora e moderniza.
Esses saudosistas de um regime que, apesar de desenvolvimentista, causou tantos males ao Brasil, naquelas décadas de 60, 70 e começo dos 80, pouco entendem de educação.
Essa ideia estapafúrdia e anacrônica assemelha-se a grande crime contra a educação pública. Se quisermos um bom exemplo, miremo-nos nas escolas técnicas federais.
O campus Cubatão do Instituto Federal de São Paulo, do Ministério da Educação, bem aqui no município vizinho, é um orgulho para a nossa região da baixada santista.
Os conservadores que querem introduzir no presente aquela pedagogia da década de 80 e 70 das escolas cívico-militares estão redondamente enganados.
Forças essenciais
Não me refiro ao excelente ensino das escolas públicas municipais, estaduais e federais que sempre marcaram nossa história, pelo menos depois da década de 1930.
Peço uma reflexão profunda dos nossos educadores sobre a proposta de uma dessas escolas de viés militar em nossa região. Não podemos misturar militarismo com educação.
Com todo respeito pelas forças armadas, essenciais para a defesa da soberania de qualquer país, deixemos os militares nos quarteis e a educação para os educadores.
Quando os militares se meteram na política e na economia, com certeza não foram boas experiências. Que os fuscas e as escolas cívico-militares fiquem em suas épocas.
O passado é para ser estudado e não repetido. A história é para ser aprendida a fim de não cometermos seus erros. Deixemos os fuscas e as escolas cívico-militares nos seus devidos tempos.
Zoel é professor, formado em sociologia e presidente do Sindserv (sindicato dos servidores municipais) Guarujá