Menu

Mapa do site

Emissão de boleto

Nacional São Paulo

Emissão de boleto

Nacional São Paulo
8 OUT 2025

Imagem do dia

Seminário Pré-COP30; FOTOS

Imagem do dia - Força Sindical

Enviar link da notícia por e-mail

Artigos

O futuro dos sindicatos

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Artigos

O futuro dos sindicatos

Por: Ruth Coelho Monteiro

O Imposto Sindical foi instituído pelo Governo de Getúlio Vargas, como uma forma de sustentação do modelo de estrutura sindical confederativo, baseado no modelo italiano da época de Mussolini, que estabelecia o tripartismo nas relações do trabalho, com a participação do Estado como mediador entre os empregados e os empregadores e a criação dos sindicatos oficiais, de trabalhadores e patronais, correspondentes para cada setor da economia, organizados em federações estaduais e confederações nacionais, sob o princípio da unicidade sindical.

Essa nova organização, inserida na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, veio substituir os sindicatos então existentes, de orientações anarquistas, comunistas e socialistas, que eram ferozmente combatidos e perseguidos tanto pelos patrões como pelo Estado que representava os interesses da burguesia nacional, sendo considerada a questão social como um caso de polícia. Para criar um novo modelo de desenvolvimento nacional, com a industrialização, o Governo de Getúlio necessitava de estabilidade nas relações de trabalho, criando assim, no plano político, o trabalhismo, com o suporte do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB e da Justiça do Trabalho.

Essa contribuição, de cunho obrigatório e natureza tributária (com 20% destinada ao Ministério do Trabalho), consolidou a estrutura sindical oficial no Brasil e criou uma rede de serviços para os trabalhadores, alternativa ao Estado e de cunho privado, tanto por parte dos sindicatos de trabalhadores – como assistência jurídica, à saúde, à educação, formação profissional e lazer -, como pelos sindicatos patronais – concentrado no sistema “S” (Sesc, Senac, Senai, Sesi, Senat, Senar, Sest, Sebrae, etc…), que ainda recebe cerca de 3% do total das folhas de pagamento para o seu custeio.

Com essa contribuição, a associação e mensalidade sindical tornou-se apenas um complemento da arrecadação das entidades e possibilitou o aparecimento de ricas estruturas sindicais – nas maiores cidades onde havia a concentração de trabalhadores – com pequeno número de associados. Possibilitou também, graças ao rateio obrigatório de 15% para as Federações e 5% para as Confederações, que essas entidades passassem a desempenhar papel preponderante nos dissídios coletivos para os sindicatos pequenos (muitas vezes por elas criados) e nas raras negociações coletivas. Da mesma forma isso possibilitou o enfraquecimento da democracia interna sindical em todos os níveis, com minorias de trabalhadores e de sindicatos decidindo sobre as suas direções e políticas.

Com muita luta dos partidos de esquerda, aliados aos democratas de centro, foi possível a retomada da direção dos sindicatos e dos movimentos populares, o que levou à redemocratização do Brasil e à Constituição Federal de 1988; o movimento sindical teve, então, mais ferramentas para voltar a fortalecer-se. Além de manter a unicidade sindical, o imposto (que passou a denominar-se Contribuição Sindical), a “Constituição Cidadã” criou a contribuição confederativa para a manutenção da mesma estrutura sindical. Apesar de naquele momento já haverem sido criadas as centrais sindicais, provavelmente a forte influência das Confederações (que naquele momento se viam ameaçadas) e do setor patronal, junto aos integrantes da Assembléia Nacional Constituinte, não permitiu a inclusão dessa nova estrutura sindical no sistema jurídico nacional.

O reconhecimento legal das centrais sindicais só veio muitos anos depois da sua reconstrução e quando elas já tinham sua legitimidade reconhecida tanto pelos trabalhadores, como pelo setor patronal e pelo Governo, fazendo parte dos organismos tripartites de políticas públicas, desde o Governo de José Sarney, substituto dos acordos de Tancredo Neves eleito no processo da Campanha das”Diretas Já”, que tinha no Conselho Nacional de Direitos da Mulher a representação da Força Sindical, com Nair Goulart.

Desde então, o movimento sindical vem dividindo-se em correntes que vão desde a simples manutenção do status quo , com direções provenientes e coniventes com o antigo regime (que adaptaram-se à nova realidade pelo simples instinto de sobrevivência), os revolucionários (sempre presos ao passado e atados aos seus dogmas) e uma terceira corrente que pretende transformar a situação dos trabalhadores dentro da realidade histórica concreta que vivemos e mudar a relação capital x trabalho pelo aprofundamento da democracia política, social, econômica e cultural. Mas os Sindicatos, Federações e Confederações, continuaram a sua existência e aumentaram a sua arrecadação, agora com a contribuição assistencial (prevista na CLT), ou confederativa (prevista na Constituição Federal) ou, mais tarde, a contribuição negocial, com pouca ou quase nenhuma destinação para as centrais sindicais, pois ainda não percebiam claramente (a maioria dos sindicatos de base) a sua importância.

Com a legalização das centrais sindicais, foi negociado o repasse de 50% de toda a arrecadação da contribuição sindical que destinava-se originalmente ao Ministério do Trabalho (20% da arrecadação de um dia de trabalho dos trabalhadores com carteira assinada, autônomos e profissionais liberais de todo o território nacional). Não é preciso dizer a importância política e o espaço que o sindicalismo conseguiu ocupar, nacional e internacionalmente, em virtude dessas condições. Elegeu parlamentares em todos os níveis, prefeitos e ocupou secretarias de governos municipais, estaduais e federal, sem falar na organização de vários setores sociais, discriminados ou marginalizados que careciam de apoio e que foram empoderados graças à influência do movimento sindical, através das centrais, junto aos diversos governos que se alternam após a abertura política no Brasil.

O grande problema foi a falta de sintonia e unidade dentro do próprio movimento sindical, (dividido e subdividido em visões de estratégias, muito mais que ideologicamente) que deixou passar várias oportunidades para modificar a sua estrutura, de forma a acompanhar as mudanças nas empresas, para poder seguir representando o novo tipo de trabalhador exigido pelas empresas cada vez mais competitivas e globalizadas, com profundas transformações tecnológicas e na organização da produção. Vários fóruns, como o Fórum Nacional do Trabalho, projetos de lei, como o dos deputados federais Paulinho (Solidariedade) e Bebeto (PSB), não conseguiram ser aprovados porque as centrais sindicais não chegaram a um acordo unitário quanto à forma de organização dos trabalhadores e a sustentação financeira dos sindicatos e suas estruturas superiores.

Então veio a lei da reforma trabalhista que acabou com a Contribuição Sindical, num momento adverso, com um Governo ilegítimo, embora legal, um Congresso Nacional eleito pelo povo, mas em sua maioria representante dos interesses das bancadas BBB (boi, bala e bíblia) onde ruralistas, evangélicos e policiais direitistas uniram-se contra um projeto de ampliação dos direitos dos trabalhadores e dos excluídos em geral. Fica claro que o fim da Contribuição Sindical obrigatória veio para enfraquecer principalmente as centrais sindicais, que não tem a prerrogativa de representar as categorias nas negociações coletivas, mas também pode enfraquecer as federações e confederações mais acomodadas. Com o enfraquecimento das centrais, o diálogo social tripartite, em todos os Conselhos e espaços públicos conquistados certamente vai diminuir, o que é um atraso para a democracia.

As soluções propostas até agora, de aprovação da Contribuição Sindical por assembléia ou inserção na Convenção Coletiva são paliativas já que podem ser questionadas judicialmente e os juízes podem condenar os sindicatos à devolução das importâncias recolhidas sem o consentimento expresso do trabalhador, caso este entre com reclamação trabalhista. No mesmo sentido, apesar da orientação do Ministério do Trabalho de que o assunto seja decidido entre patrões e empregados durante a negociação coletiva, sempre dependerá da aprovação de uma assembléia onde não estarão todos presentes.

Uma opção (que muitos sindicalistas estão defendendo) seria transformar a negociação coletiva somente para os associados do Sindicato, como é nos Estados Unidos. Mas isso não se encaixaria na nossa legislação trabalhista atual, ou na Constituição Federal, pois para trabalho igual deve existir salário igual e os aumentos conquistados para os associados seriam estendidos a todos os trabalhadores, ou pela própria empresa, ou em ações de equiparação salarial na Justiça.

A alternativa imediata, que já está sendo tomada por vários sindicatos, é ir de empresa em empresa ou fazendo assembléia, quando possível, ou colhendo as assinaturas dos trabalhadores, de concordância com o desconto. Mais eficaz ainda é a sindicalização dos trabalhadores pois o trabalhador filiado tem que cumprir o Estatuto Social e nele sempre existe a cláusula de obrigatoriedade das contribuições que garantem a sustentação do sindicato. Mas isso nem sempre é possível, dependendo da pulverização da categoria e das relações entre os sindicatos e as empresas que, na sua maioria, cometem as práticas e atos antissindicais, sem uma legislação punitiva.

A médio e longo prazo, seria importante retomar a discussão sobre a forma mais eficiente de organização sindical que o Brasil precisa, seguindo a evolução da organização do trabalho nas empresas nacionais e transnacionais, com Contratos Nacionais de Trabalho, negociados pelas centrais sindicais em seus diversos setores de atividade, com Convenções Coletivas de Trabalho negociadas pelas Confederações ou Secretariados das Centrais e as Federações transformarem-se em Sindicatos Estaduais, por ramo de atividade, negociando tanto Convenções como Acordos Coletivos, tendo como sua base os Sindicatos Locais. Seria uma forma de unificar direitos, fortalecer a negociação coletiva e racionalizar os recursos, ao mesmo tempo que definir nos marcos legais a forma de sustentação das entidades sindicais não só pelos trabalhadores, mas pela sociedade, num reconhecimento da importância dessa organização para o desenvolvimento e a paz social.

Ruth Coelho Monteiro é Secretária Nacional de Cidadania e Direitos Humanos da Força Sindical

 

A permanente luta contra a desigualdade no Brasil
Eusébio Pinto Neto

A permanente luta contra a desigualdade no Brasil

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir
Eduardo Annunciato, Chicão

Energia, Trabalho e Soberania: o Brasil que queremos construir

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz
Clemente Ganz Lúcio

Tarifaço, Empregos e a Resposta das Centrais Sindicais no Brasil; por Clemente Ganz

Diretores e dirigentes sindicais
João Guilherme Vargas Netto

Diretores e dirigentes sindicais

Dois anos sem João Inocentini
Milton Cavalo

Dois anos sem João Inocentini

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente
Maria Auxiliadora

Mulheres por igualdade, democracia e trabalho decente

Metalúrgicos em Ação
Josinaldo José de Barros (Cabeça)

Metalúrgicos em Ação

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira
Marilane Oliveira Teixeira

Mercado de Trabalho: Avanços e Persistências; por Marilane Teixeira

Indústria forte é Brasil forte!
Cristina Helena Silva Gomes

Indústria forte é Brasil forte!

Se está na convenção, é lei
Paulo Ferrari

Se está na convenção, é lei

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto
César Augusto de Mello

O lado positivo das homologações sindicais; por César Augusto

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!
Cláudio Magrão

Resistir pelos interesses dos trabalhadores!

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites
Márcio Ferreira

PL da Devastação é carta branca para o desmatamento sem limites

Pelo trabalhador
Lineu Mazano

Pelo trabalhador

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista
Diógenes Sandim Martins

Uma Análise da Retórica Populista à Luz do Pensamento Marxista

Metalúrgicos de SP reelegem Diretoria com unanimidade
Força 28 NOV 2025

Metalúrgicos de SP reelegem Diretoria com unanimidade

13º salário: direito garantido pela luta sindical
Força 28 NOV 2025

13º salário: direito garantido pela luta sindical

Dia do técnico de segurança do trabalho celebra avanços
Força 27 NOV 2025

Dia do técnico de segurança do trabalho celebra avanços

Juventude e Trabalho: novos sentidos da resistência
Imprensa 27 NOV 2025

Juventude e Trabalho: novos sentidos da resistência

Miguel Torres dialoga com ministro do STF sobre pautas trabalhistas
Força 27 NOV 2025

Miguel Torres dialoga com ministro do STF sobre pautas trabalhistas

Isenção do IR até R$ 5 mil marca avanço histórico
Força 26 NOV 2025

Isenção do IR até R$ 5 mil marca avanço histórico

Força participa de encontro dos Fóruns do Ministério das Mulheres
Força 26 NOV 2025

Força participa de encontro dos Fóruns do Ministério das Mulheres

Scaboli participa da 1ª reunião da CISTT em Brasília
Força 26 NOV 2025

Scaboli participa da 1ª reunião da CISTT em Brasília

Sindec-POA conquista aumento real e avança em direitos sociais
Força 26 NOV 2025

Sindec-POA conquista aumento real e avança em direitos sociais

13º salário: uma conquista histórica dos sindicatos
Força 26 NOV 2025

13º salário: uma conquista histórica dos sindicatos

Isenção do IR: vitória das entidades sindicais
Palavra do Presidente 26 NOV 2025

Isenção do IR: vitória das entidades sindicais

Conatec/Fenatec 2025 abre debates sobre inovação sindical
Força 25 NOV 2025

Conatec/Fenatec 2025 abre debates sobre inovação sindical

Frentistas do estado de SP iniciam campanha salarial 2026
Força 25 NOV 2025

Frentistas do estado de SP iniciam campanha salarial 2026

Eletricitários SP cobram soluções do MME para problemas na ENEL
Força 25 NOV 2025

Eletricitários SP cobram soluções do MME para problemas na ENEL

Ato dia 27 contra retirada de patrocínio do PSAP/Eletropaulo
Força 25 NOV 2025

Ato dia 27 contra retirada de patrocínio do PSAP/Eletropaulo

13º salário: fruto da luta dos sindicatos
Palavra do Presidente 25 NOV 2025

13º salário: fruto da luta dos sindicatos

Centrais convocam plenária preparatória para etapa Estadual da 2ª CNT
Força 24 NOV 2025

Centrais convocam plenária preparatória para etapa Estadual da 2ª CNT

Décimo terceiro: regras, prazos e direitos do trabalhador
Imprensa 24 NOV 2025

Décimo terceiro: regras, prazos e direitos do trabalhador

Escala 6×1 amplia desigualdades e afeta trabalhadores negros
Imprensa 24 NOV 2025

Escala 6×1 amplia desigualdades e afeta trabalhadores negros

Premiação do 39º Campeonato Hoteleiro de Futebol (Hoteleirão)
Força 24 NOV 2025

Premiação do 39º Campeonato Hoteleiro de Futebol (Hoteleirão)

Eletricitários se mobilizam em defesa do plano de previdência PSAP/Eletropaulo
Força 24 NOV 2025

Eletricitários se mobilizam em defesa do plano de previdência PSAP/Eletropaulo

Mais grupos patronais fecham acordos da Campanha Salarial dos Metalúrgicos
Força 24 NOV 2025

Mais grupos patronais fecham acordos da Campanha Salarial dos Metalúrgicos

Sindec-POA lança HQ para incentivar sindicalização
Força 24 NOV 2025

Sindec-POA lança HQ para incentivar sindicalização

Centrais debatem desenvolvimento com embaixador chinês
Força 21 NOV 2025

Centrais debatem desenvolvimento com embaixador chinês

Racismo estrutural e jornada 6×1: impactos sobre trabalhadores negros
Imprensa 20 NOV 2025

Racismo estrutural e jornada 6×1: impactos sobre trabalhadores negros

NOTA – Sindicato e Sindicalização no Brasil: reencontros de classe
Força 19 NOV 2025

NOTA – Sindicato e Sindicalização no Brasil: reencontros de classe

Sindicalistas reforçam importância da COP30 nos debates globais
COP-30 19 NOV 2025

Sindicalistas reforçam importância da COP30 nos debates globais

Movimento sindical realiza panfletagem na Green Zone da COP30
COP-30 19 NOV 2025

Movimento sindical realiza panfletagem na Green Zone da COP30

Centrais sindicais alinham ações e atualizam pauta para 2026
Força 19 NOV 2025

Centrais sindicais alinham ações e atualizam pauta para 2026

Festa do Havaí anima Colônia de Férias dos Eletricitários SP
Força 19 NOV 2025

Festa do Havaí anima Colônia de Férias dos Eletricitários SP

Aguarde! Carregando mais artigos...