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Pesquisas na agricultura
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
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Para desenvolver pesquisas nas áreas de grãos, cana, frutas, entre outras culturas, o imperador Dom Pedro II criou, em 1886, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que se orgulha de ter espalhado pelo país e até no exterior variedades de soja, arroz, café, uva, figo, e tantos outros cultivares que nos ajudam a alcançar os índices de produtividade que temos, fazendo com que nossos produtos sejam competitivos no mercado internacional. Temos hoje no Estado de São Paulo um investimento considerável na Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), 840 pesquisadores distribuídos em seis institutos de pesquisa: o agronômico (IAC), biológico (IB), da pesca (IP), de zootecnia (IZ), de economia agrícola (IEA) e o de tecnologia de alimentos (ITAL), que trabalha com o processamento de produtos pós-colheita. Essas pesquisas estão distribuídas em 15 pólos regionais e 42 unidades de pesquisa, com laboratórios equipados em todo o Estado. Para se ter uma idéia, a Apta só é menor que a Embrapa, que, em nível nacional, também faz um trabalho espetacular.
O fato é que, mesmo com as pesquisas em crescente evolução, à medida que o tempo passa, o agricultor necessita cada vez mais ter acesso aos resultados delas, para ser competitivo e se manter na atividade. Para isso é preciso investimento, e com os preços dos alimentos baixando, isso certamente reflete muito no bolso do agricultor. Temos recursos para pesquisa, e isso é ótimo, mas a pesquisa boa é aquela que é aplicada o máximo possível. Essa situação desanima muito porque, depois de tanto esforço para aumentar o orçamento da Secretaria da Agricultura, há boatos que ficará em 0,72% no próximo ano. E com esse pífio capital, o sistema de contratação de profissionais na área de extensão rural fica prejudicado.
Nunca vi com bons olhos a municipalização do sistema de extensão rural, porque é instável, com alta rotatividade dos técnicos, prejudicando a continuidade dos projetos. A preocupação é fugir dos encargos trabalhistas. Os investimentos em pesquisa estão bons, mas o resultado final não é satisfatório, uma vez que não chega ao produtor rural da forma correta. O Estado de São Paulo tem a maior agricultura do país, que representa parcela significativa do PIB estadual. Diante da grandeza da nossa agricultura, falta a nobreza e a vontade políticas de dar condições equivalentes para todos os setores que a envolvem, para proporcionar desenvolvimento e rentabilidade maiores dos produtores, além de diminuir o abandono da atividade de tantas pessoas que poderiam ganhar sua vida na zona rural, sem concorrer com empregos urbanos, insuficientes também para os que estão na cidade.
Braz Albertini é presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo