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Vale tudo na nova Usiminas
terça-feira, 2 de março de 2010
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Em várias ocasiões, alertamos a comunidade do Vale do Aço sobre os riscos que a região corria com a implantação do ‘novo jeito de ser’ Usiminas. Até então, ninguém havia nos levado a sério, mesmo porque os novos dirigentes da empresa adotaram a tática da pressão econômica sobre entidades e instituições, inclusive públicas, veículos e profissionais de imprensa. Vale tudo para calar a boca de qualquer pessoa que discorde dos novos administradores da Usiminas em sua sanha demolidora.
Enquanto nas mais diferentes áreas internas e externas da Usiminas e suas coligadas, profissionais sérios, competentes, dedicados e pais de família exemplares eram demitidos a rodo, chegando a haver casos de gente que foi guindado a um novo posto num mês e defenestrado no outro, por não concordar com as canalhices que passou a ver acontecer debaixo de seus narizes, pouca gente se incomodou. Afinal, na visão deles, era só mais um a menos no velho esquema, e uma vaga a mais para os ‘chegados’ da política de terra arrasada praticada pela nova direção.
Assédio a peso de ouro
Aí, estourou nacionalmente o escândalo do ‘especialista’ contratado a peso de ouro pela Usiminas para treinar seus executivos. Até a revista Exame publicou o caso do sujeito que responde a dezenas de processos por assédio sexual pelo país afora, mas que recebia R$4.400,00 por hora para oferecer oficinas de ‘imersão’, nada mais do que uma técnica ao estilo nazista de lavagem cerebral para enquadrar os altos escalões da empresa a este famigerado novo jeito de ser.
Há algumas semanas, fizeram um verdadeiro carnaval com a informação de que a empresa havia assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho para abolir a famigerada Lista Negra (que nunca deveria ter existido). A verdade é que tudo não passou de mais propaganda enganosa, extinguiram para criar uma listagem ainda pior e mais rigorosa.
Direção vaselina
Preocupado com os rumos que as coisas estavam tomando, assediada pelas denúncias que pipocam por todo lado, a nova direção da Usiminas tentou fazer uma mídia com a comunidade local. Os dirigentes passaram a dar mais as caras na cidade, passaram a dar entrevistas e escrever artigos para jornais, criaram uma série de artifícios.
Nas últimas semanas, tentaram copiar empresas que forneciam material escolar ou davam ajuda aos funcionários com filhos em idade escolar. E distribuíram a alunos do Colégio São Francisco uma mochila ordinária que não agüenta duas semanas de batalha, dois cadernos, dois lápis, duas borrachas e, em alguns casos, uma caixa de lápis de cor. Ora, se era pra copiar os outros, que o fizessem direito, e não o trabalho porco que realizaram com essa medida, o mesmo que jogar farinha no ventilador.
Num discurso em evento na passarela da Usiminas, o presidente da empresa, Marco Antônio Castello Branco, comemorou o fim da Lista Negra da Usiminas e falou de fim do preconceito e quebra da intimidade das pessoas. Deu a impressão de que ele estava falando de um outro planeta, pois toda perversidade que existiu em outros tempos acontece em dobro nesta nova Usiminas.
O espião do Mossad
Agora, arrebenta outra escabrosa denúncia contra os novos dirigentes da Usiminas. Documentos de fonte segura, e em local seguro, comprovam que a empresa contratou, pelo preço de R$50 mil, e por oito dias de trabalho ao mês, num total de R$400 mil, um especialista em espionagem, o israelense Avner Shemesh (O.L. Security – Sistemas de Segurança), para grampear telefones e espionar dirigentes sindicais, autoridades, lideranças e funcionários da empresa em diferentes locais.
Avner é o mesmo araponga que, treinado pelo Mossad (Serviço Secreto Israelense), e plantado num escritório milionário no centro de São Paulo, esteve envolvido no escândalo do Banco Oportunity, do banqueiro Daniel Dantas (Operação Chacal). Também esteve envolvido em escândalos de espionagem que abalaram autoridades do porte do ex-governador paulista Orestes Quércia, do ex-ministro petista Luis Gushiken e do jornalista da TV Record Paulo Henrique Amorim.
Seguindo o velho ditado que afirma ‘diga-me com quem andas que eu te direi quem tu és’, é no mínimo vergonhoso que a nova direção da Usiminas tenha se cercado e se servido de pessoas desse histórico podre, na sua tentativa de firmar-se no poder a qualquer preço e promover a política de passar o trator sobre quem tenha a dignidade e a coragem de combatê-los.
Como diria o filósofo: ‘Pode-se enganar a todos durante algum tempo; pode-se enganar a alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos por todo o tempo’. E agora, que os podres da nova administração e desse novo jeito de ser Usiminas começaram a vir à tona, o mais provável é que mais e mais escândalos sejam escancarados.
Então, voltamos a perguntar às lideranças e autoridades do Vale do Aço: Na hora em que essa bomba estourar, de que lado vocês vão querer estar? A direção do Sindipa já escolheu o seu lado, o lado dos trabalhadores a quem defende da selvageria capitalista, e ao lado da comunidade que ajudou a construir a história da Usiminas, e que nos últimos meses tem assistido estarrecida os novos dirigentes da empresa atirá-la no lixo.
Luiz Carlos de Miranda, é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Ipatinga – Sindipa e Secretário de Relações Públicas da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM