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Verdades sobre a crise
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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Notícias veiculadas pela grande imprensa dizem que o setor de alimentação foi o que mais demitiu no mês de dezembro. Segundo essas notícias, o setor teria cortado 123 mil vagas só no final do ano passado.
Nem todos os jornais informaram, no entanto, que a maior parte desses cortes foi feito pelas empresas que trabalham com cana-de-açúcar e seus derivados. E isso ocorre, há muito tempo, em todos os finais de ano por conta do final da safra.
Agora em março, quando recomeça a safra da cana, milhares de trabalhadores serão novamente contratados. Mas, o que precisa ser dito é que esse movimento sazonal caracteriza a perversidade de um segmento patronal expressivo.
Além de pagar salários baixíssimos e condicionar melhor remuneração a produtividades absurdas, boa parte do setor patronal da cana-de-açúcar mostra não ter qualquer sensibilidade social.
Com os altos lucros que obtém, seria perfeitamente possível manter esses trabalhadores empregados, oferecendo a eles, durante a entressafra, cursos de qualificação e requalificação profissional.
Todos sabem que a maioria desses trabalhadores veem de regiões miseráveis do país e não possuem sequer o ensino fundamental. Muitos são analfabetos.
Os patrões talvez tenham medo de que se ajudarem a educar esses trabalhadores, eles talvez jamais se submetam as condições de trabalho e aos salários que lhes são oferecidos.
Aliás, se houvesse um pouco mais de preocupação com a qualificação profissional dos brasileiros, nossos salários não seriam tão baixos e não haveria tanto desemprego.
Carlos Vicente de Oliveira, o Carlão, é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de São Paulo