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Filmes
Páginas da Revolução, Sostiene Pereira
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Filmes
Baseado no livro Sostiene Pereira, do escritor italiano Antonio Tabucchi. Marcello Mastroianni, no seu ante-penúltimo papel, interpreta Pereira, editor da página de cultura do jornal Lisboa.
O ano é 1936. Portugal, onde se passa o filme, está sob o governo do ditador Antonio de Oliveira Salazar. Na vizinha Espanha começava a Guerra Civil Espanhola, que durou até abril de 1939 consagrando a ditadura do Generalíssimo Francisco Franco.
O nazismo alemão e o fascismo italiano já impregnavam a Europa, e Hitler e Mussolini deram apoio Franco e Salazar, reforçando o extremismo de direita.
Entre Portugal e Espanha revolucionários ultrapassam as fronteiras para driblar a repressão.
Alheio a tudo isso, Pereira segue sua pacata vida. Viúvo, com problemas cardíacos, ele é amigável e não desperta desconfianças.
Em sua ingenuidade Pereira acredita que seu jornal é ‘independente’, não defendendo nenhuma posição política. Com a discrição e as artimanhas que o contexto exigia seus amigos – o médico, o padre, o garçom – dão a ele sinais de que seu editor, nas entrelinhas do jornal, colocava-se à serviço do regime.
Considerado um ‘café com leite’ pelo editor, Pereira tem total liberdade em sua página cultural. Ele tem, então, a idéia de preparar necrológios de personalidades ainda vivas, para, como diz ele, não ser pego de surpresa.
Conhece, então, o jovem Monteiro Rossi (Stefano Dionisi) e, admirado com uma de suas crônicas, o convida para seu novo projeto. O que o jornalista não sabe é que tanto Monteiro quanto sua namorada Marta (Nicoletta Braschi) pertencem à juventude revolucionária, anti-salazarista. O jovem tem a ideia de usar aquele espaço para manifestar seu sentimento revolucionário, exaltando seus ídolos. Pereira logo compreende que, devido à censura ele não poderia publicar aquele conteúdo, mas mesmo engavetando-os paga pelos artigos. Ele tenta instruir Rossi sobre o que espera de seu trabalho. De espírito rebelde o jovem enrola e não se subordina. Cria-se, entretanto, uma relação afetiva entre eles. Sentimental Pereira passa a ter uma atitude paternal com Rossi e a sentir-se responsável por ele.
Além desta trama central as cenas em que Pereira interage com seus amigos são agradáveis e interessantes. No café Andorinha ele conta Manuel (Joaquim Almeida), o garçom, para se manter atualizado sobre as noticias do país e de sua cidade. Na clínica médica, ele conhece o Dr Cardoso (Daniel Auteuil) que o incentiva a ser uma pessoa mais ativa, participativa e ciente da situação política.
Eis que a partir de uma tragédia tudo aquilo que Pereira ouviu nesta saga passa a fazer sentido. Assistimos ao renascimento do velho jornalista.
Páginas da Revolução
nos leva a refletir sobre as ditaduras direitistas que promoveram, em diversos países, inclusive no Brasil (1964 a 1985) um terrível massacre aos movimentos sociais. Mais do que isso, o filme fala do envolvimento pessoal com as lutas políticas e ressalta a importância das amizades neste processo.