
250 cipeiros se reúnem para debater saúde mental
O Encontro de Cipeiros 2025, promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, foi marcado por reflexões profundas e discussões fundamentais sobre saúde mental e dignidade no ambiente de trabalho.
O evento reuniu nesta quinta-feira, 22, um total de 250 pessoas na sede do Sindicato, a maioria delas cipeiros e cipeiras, representantes de 90 metalúrgicas da base territorial da entidade.
Com a presença de representantes do Ministério do Trabalho, da Fundacentro e do Sesi, o evento reforçou uma mensagem clara: cabe a nós, trabalhadores, trabalhadoras e cipeiros, construir o ambiente de trabalho que queremos.
Gilberto Almazan (Ratinho), presidente do Sindicato, abriu o evento destacando a importância de valorizar o papel do cipeiro e fortalecer as CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes).
Ele lembrou que, conforme a convenção coletiva, as atas das reuniões e a comprovação da formação dos cipeiros devem ser encaminhadas ao Sindicato.
“Uma coisa é ter a CIPA, outra é ela, de fato, atuar”, enfatizou.
O compromisso com a atuação efetiva é essencial para que a CIPA seja uma ferramenta real de transformação, por isso que criamos o Programa de Valorização de Fortalecimento das CIPAs.
Deise Canhisares, Gerente Regional do Trabalho e Emprego, em Osasco, destacou que o cipeiro precisa estar atento, saber ouvir, comunicar e, principalmente, pedir ajuda quando necessário.
“O sindicato é muito importante para saber o que pode ser feito”, afirmou. Segundo ela, o acompanhamento e o diálogo são pilares para um ambiente mais justo e seguro.
O Chefe de Segurança e Saúde do Trabalho, Guilherme Guernica, fez um resgate histórico dos acidentes de trabalho no Brasil e trouxe as principais mudanças na NR (Norma Regulamentadora) 1, que passarão a valer em maio de 2026. Ele foi enfático ao dizer:
“Não queremos um capítulo a mais, queremos resultados mais efetivos”.
Guernica disse que entre as atribuições do cipeiro está a identificação dos riscos e propor mudanças concretas no local de trabalho.
Guernica explicou que os fatores de risco psicossociais estão relacionados diretamente com a organização do trabalho. Eles decorrem de problemas na concepção, na organização e na gestão do trabalho, podendo gerar vários efeitos à saúde do trabalhador em nível psicológico, físico e social.
Silenciamento das Doenças
A médica e técnica da Fundacentro, Maria Maeno, trouxe uma reflexão sobre o silenciamento das doenças relacionadas ao trabalho.
“Temos convicção de que as empresas tendem a esconder os acidentes, principalmente as doenças. E a culpa sempre recai sobre o trabalhador”, alertou.
Maeno criticou a dificuldade do reconhecimento oficial das doenças relacionadas ao trabalho: “O INSS não reconhece muitas doenças que têm relação com o trabalho. E este Sindicato está numa luta histórica para que tal reconhecimento aconteça.”
Ela também abordou a desigualdade de percepção social sobre lesões no trabalho. “Quando um jogador de tênis ou futebol se afasta, todos entendem que o trabalho causou a lesão. Mas o mesmo não acontece com o trabalhador comum”, observou.
Para ela, é urgente construir uma verdadeira democracia no ambiente de trabalho, em que todos sejam ouvidos e respeitados.
“O trabalho é determinante no nosso modo de viver. Nossa vida é ditada pelo trabalho”, afirmou, e chamou todos a refletirem sobre as mudanças que queremos em nossos locais de atuação.
Por fim, Maria Tereza, do Sesi, apresentou os serviços oferecidos pela instituição, muitos dos quais voltados à saúde e segurança do trabalhador, reforçando a importância de parcerias estratégicas para fortalecer a prevenção.
O Encontro também contou com a presença de Daniel Bispo Calazans, secretário-geral da CUT/SP e Sesi-SP e reforçou que a construção de um ambiente de trabalho seguro, saudável e digno depende da atuação dos órgãos competentes, das empresas, dos sindicatos, das CIPAs, e da união de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
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