O metanol é o grande vilão do mercado de combustíveis, mas é indispensável para a indústria brasileira, disse Marcelo Silva, especialista em regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Ele é o coordenador do curso de qualificação de frentistas desenvolvido pela ANP em conjunto com o SINPOSPETRO-RJ e o SINDCOMB (Sindicato Patronal).
O curso teve início nesta terça-feira (07) com a gravação do projeto-piloto. Os funcionários de postos de combustíveis terão a oportunidade de aprender a manusear e identificar a qualidade dos produtos, além de receberem orientações sobre a forma segura de abastecer os veículos. Segundo Marcelo, a capacitação profissional irá aprimorar a qualidade do serviço e contribuir para a conscientização do cliente.
CURSO
Cerca de 30 trabalhadores participaram da aula inaugural. Os participantes receberam instruções sobre o procedimento a ser adotado para garantir a segurança no abastecimento de veículos, especialmente aqueles movidos a GNV. Marcelo Silva apresentou as medidas de segurança que devem ser tomadas pelos trabalhadores, desde a chegada do combustível ao posto até o teste de qualidade do produto. Ele ressaltou que o curso não pretende transformar o trabalhador em fiscal, uma vez que essa é uma atribuição dos órgãos públicos.
“O curso tem como objetivo garantir a segurança e a saúde do frentista. O uso de combustíveis adulterados pode causar danos à saúde e, em alguns casos, até mesmo a morte”, completou.
COMBUSTÍVEIS
Os trabalhadores acompanharam os testes de qualidade e de detecção de adulteração de combustíveis, realizados pelo fiscal da ANP, Wendel Baroni. Foi feito um teste para determinar o percentual de etanol misturado à gasolina. No Brasil, a legislação permite a mistura de apenas 27% de etanol à gasolina comum. Se ultrapassar este percentual, o produto será considerado adulterado. A análise da qualidade do óleo diesel também foi realizada.
METANOL
Durante a análise com metanol, os trabalhadores notaram que o produto adulterado apresentou uma coloração azul. O coordenador explicou que, se houver uma grande quantidade de metanol, o combustível fica com a cor violeta.
Marcelo Silva disse que o kit para a realização do teste de verificação de adulteração de combustíveis não tem um valor legal e o custo é irrisório diante do risco para os frentistas. Ele acrescentou que a adulteração por metanol é mais comum no etanol, uma vez que a mistura à gasolina requer uma logística mais complexa.
PARCERIA
Eusébio Pinto Neto, presidente do SINPOSPETRO-RJ e da Federação Nacional dos Frentistas, destacou a importância da parceria com a ANP e com os proprietários de postos para a elaboração do curso.
Ele frisou que o frentista trabalha em ambiente periculoso e insalubre e que toda qualificação, sobretudo com a aplicação das normas de segurança e saúde, é de extrema importância para a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. Ele denunciou ainda a violência a que os trabalhadores de postos de combustíveis estão expostos. Eusébio citou dois casos ocorridos no Paraná, nos quais os frentistas foram ameaçados e agredidos por clientes.
O presidente do SINDCOMB, Manoel Fonseca, afirmou que a parceria com a agência reguladora e os representantes dos frentistas visa garantir a segurança dos colaboradores, a defesa do consumidor e a manutenção de um mercado saudável. Ele disse que, além do curso online, a ANP disponibilizará uma linha direta para denúncias de combustível adulterado.
PROJETO
Na etapa seguinte do projeto, será feita uma gravação em um posto de combustíveis. A segunda aula com os trabalhadores será realizada no dia 5 de dezembro, na sede do sindicato patronal. O curso online estará disponível nos sites e redes sociais dos sindicatos em breve.