
Delegação da Força Sindical: Resoluções da 20ª Reunião Americana da OIT e Desenvolvimento Sustentável
Após três dias de debates tripartites (governos, trabalhadores e empregadores) de 35 países das Américas, na 20ª Conferência Regional Americana da OIT (Organização Internacional do Trabalho), realizada em Punta Cana, na República Dominicana foram aprovadas por consenso as resoluções que nortearão as ações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no continente.
Os temas discutidos em reuniões setoriais e apresentados nas plenárias realizadas no auditório do Centro de Convenções do Hotel Barceló Bávaro, na República Dominicana, trataram de questões centrais para o mundo do trabalho com destaque para a promoção do trabalho decente e da justiça social, com foco no desenvolvimento sustentável e na transição justa.
A delegação da Força Sindical, foi encabeçada por Márcio Ferreira, presidente do Sindicato dos Borracheiros (SINTRABOR), e composta também por:
- Edson Dias Bicalho, secretário internacional adjunto da Força Sindical e secretário-geral da FEQUIMFAR;
- Ruth Coelho, secretária nacional de Direitos Humanos da Força Sindical;
- Alison Aparecido Martins, presidente do Sindicato do Congresso Nacional e TC
- Dr. César Granieri, assessor jurídico do SINTRABOR;
- Ortelio Palacio, assessor de assuntos internacionais do SINTRABOR e da Força Sindical;
- Valter Soares da Paixão, assessor de comunicação do SINTRABOR/FENABOR;
A dirigente Ruth Coelho, secretária nacional de Direitos Humanos da Força Sindical, apresentou um panorama sobre a qualificação profissional no Brasil. Ela destacou que, atualmente, o empresariado – por meio do Sistema S – detém a gestão dos recursos e dos cursos, quando o ideal seria uma gestão paritária com as entidades sindicais, garantindo formações alinhadas às reais necessidades dos trabalhadores e trabalhadoras.
Em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, apresentou as principais iniciativas do governo brasileiro voltadas à erradicação da fome e da pobreza, e à inclusão social das populações mais vulneráveis, reforçando o compromisso do país com os princípios da OIT.
Ao final dos trabalhos, a delegação brasileira entregou lembranças institucionais e culturais ao diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo; à diretora regional das Américas, Ana Virgínia Moreira; e ao presidente da Reunião Regional, Eddy Olivares Ortega.
Declaração de Punta Cana
A Declaração de Punta Cana sintetiza o consenso tripartite — entre governos, empregadores e trabalhadores — das Américas sobre os rumos do mundo do trabalho. O documento reafirma o papel da OIT como espaço legítimo de diálogo social e cooperação internacional e estabelece diretrizes para os próximos anos (2026–2029), alinhadas ao seu Plano Estratégico.
O texto parte de um diagnóstico contundente: o de uma era de mudanças aceleradas — tecnológicas, climáticas e sociais — que colocam em risco a democracia, a justiça social e os direitos trabalhistas.
Diante disso, os delegados reafirmam o compromisso com o multilateralismo, a democracia e a solidariedade como pilares para construir um futuro de trabalho decente, sustentável e inclusivo nas Américas.
Conheça os Principais Pontos e Compromissos
1. Defesa dos direitos fundamentais no trabalho
- Reafirma os princípios da OIT: liberdade sindical, negociação coletiva, erradicação do trabalho infantil e forçado, combate à discriminação e ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
- Pede fortalecimento da inspeção do trabalho e acesso rápido à justiça trabalhista.
2. Promoção do trabalho decente e da formalização
- Prioriza políticas que estimulem o emprego produtivo e formal, integrando inovação, tecnologia e sustentabilidade.
- Propõe estratégias baseadas na Recomendação 204 da OIT e na iniciativa FORLAC 2.0 para formalizar o trabalho informal e ampliar a proteção social.
3. Proteção social universal
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Defende sistemas de proteção social universais, solidários e sustentáveis, baseados em igualdade e não discriminação, com foco especial na transição da informalidade para a formalidade.
4. Salários dignos e políticas de renda
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Recomenda fortalecer políticas salariais e instituir mecanismos para garantir salários dignos, conforme diretrizes da reunião de peritos de 2024 sobre o tema.
5. Igualdade de gênero e combate à violência
- Integra a igualdade de gênero como eixo transversal em todas as políticas.
- Reafirma o compromisso com a Convenção 190 da OIT, que trata da violência e assédio no mundo do trabalho.
- Destaca a importância de sistemas nacionais de cuidado e de políticas que valorizem o trabalho de cuidado e ampliem a participação das mulheres.
6. Transição justa e empregos verdes
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Propõe ações para uma transição ecológica justa, combinando sustentabilidade ambiental e geração de empregos verdes, com foco em inovação e proteção social para os mais afetados pela crise climática.
7. Formação profissional e inclusão digital
- Defende modernização dos sistemas de formação profissional, integração entre educação e trabalho, e certificação de competências.
- Reforça a necessidade de reduzir a desigualdade digital, ampliando o acesso à tecnologia e à conectividade, especialmente nas economias de plataforma.
8. Migração laboral e direitos dos povos indígenas
- Incentiva migração laboral justa, segura e regular, com políticas bilaterais e multilaterais de proteção aos trabalhadores migrantes.
- Reforça o compromisso com a Convenção 169 da OIT, garantindo direitos dos povos indígenas e tribais.
9. Fortalecimento da democracia e do diálogo social
- Considera o diálogo social tripartite como condição essencial para fortalecer a governança do trabalho e a democracia.
- Valoriza o papel das organizações sindicais e patronais representativas na construção de políticas públicas inclusivas e estáveis.
10. Linhas de ação futuras e acompanhamento
- Determina que o Escritório da OIT elabore um plano regional de implementação com metas e acompanhamento até 2026.
- Incentiva a coordenação com ONU, bancos de desenvolvimento e mecanismos regionais para consolidar a Coalizão Global pela Justiça Social.
A Declaração de Punta Cana reafirma o compromisso das Américas com uma agenda comum de justiça social, trabalho decente, sustentabilidade e democracia participativa.
Seu conteúdo dá continuidade à Declaração do Panamá (2018) e antecipa uma nova etapa de cooperação regional, centrada nas pessoas e nos direitos, com a OIT como eixo articulador das políticas para o futuro do trabalho no continente.
Leia aqui a Declação Aprovada na Conferência Regional das Américas
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