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DCI: Pochmann critica estímulo à terceirização da mão-de-obra
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
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O professor de Economia da Unicamp e atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, apresentou ontem estudo sobre a terceirização em empresas multinacionais em 145 países. Munido de dados, Pochmann decretou que no Brasil falta uma política para tratar do assunto e disse que, com isto, o país perde a oportunidade disputar postos de trabalho em outros ambientes. "Com o mesmo crescimento do Produto Interno Bruto podemos ter mais empregos, porém é preciso ter uma estratégia para disputar esses postos de trabalho que estão sendo deslocados para outros lugares", afirmou em seminário realizado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, em São Paulo.
Para Pochmann, a terceirização não pode ser deixada ao sabor do mercado. "A proliferação de pequenas empresas de terceirização e a contratação de PJ [pessoa jurídica), que é o que temos agora, é uma atividade de sobrevivência. Não dá futuro, porque estamos lidando com grandes corporações. Este é o debate que o Brasil precisa fazer, guardadas as devidas proporções: se quer ou não quer ter grandes empresas. Das 500 maiores empresas do mundo, o Brasil tem cinco: duas são estatais, Petrobras e Banco do Brasil, outra é ex-estatal, a companhia do Vale do Rio Doce e as outras duas são bancos", explicou.
Para o professor, o Brasil não despertou para o fenômeno da terceirização, que produziu uma mudança substancial nas relações de trabalho e na divisão geográfica no mundo.
Segundo ele, a discussão está centralizada em temas como condições de trabalho inadequadas e baixos salários. "Isto é importante, mas insuficiente. Está faltando uma política nacional. É o caso ou não de ter, porque os países que estão optando por isso estão tendo mais empregos. O Brasil não pode esperar formar uma classe média criando empregos no setor agrícola", explicou.
Em 1970, segundo o estudo, existiam no mundo cerca de 7 mil multinacionais, que contratavam cerca de 30 milhões de trabalhadores. Em 2005, este número chegou a 72 mil, empregando 96 milhões de pessoas. "As grandes empresas são o motor da terceirização", contou. Em 2006, dos 376 milhões de ocupados no mundo, 42,1 milhões respondiam por terceirizados transnacionais. No Brasil, a terceirização é de 7,1 milhões (1,9% de participação mundial), sendo que 480 mil postos de trabalho são transnacionais.