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Dica de Filme relacionado ao Mundo do Trabalho: As pontes de Madison
segunda-feira, 16 de março de 2009
Força
As pontes de Madison (The Bridges of Madison County)
1995, EUA
Clint Eastwood
Com: Clint Eastwood e Meryl Streep
Fotografia como profissão é um charme. A imagem do fotógrafo, como aquele que lida com a representação simbólica da realidade, com a subjetividade e, sobretudo, com o belo, é a imagem do homem refinado, moderno, despojado das coisas mundanas do dia a dia. No outro extremo, ser dona de casa é uma atividade tão ordinária e estigmatizada que parece estar desprovida de qualquer encanto.
Se partirmos de tais "pré-conceitos" do senso comum não conseguiríamos vislumbrar um encontro profícuo entre pessoas que se dedicam à primeira e à segunda atividade.
Na contramão de qualquer tipo de preconceito, a história que relata a saga do fotógrafo Robert (Clint Eastwood) para fotografar as famosas pontes cobertas do Estado de Iowa (EUA), para uma reportagem para a revista National Geografic, saga na qual ele conhece a dona de casa Francesca Johnson (Meryl Streep), que trocou a Itália pelo sonho de viver na América, casou-se com um soldado e, anos depois, tem sua vida resumida à cuidar da casa e criar os filhos, mostra a humanidade e a riqueza das pessoas para muito além dos rótulos atribuídos por suas profissões.
Pode-se dizer que o filme "As pontes de Madison" é uma ode à simplicidade. Neste ponto o fotógrafo e a dona de casa concordam. Ninguém melhor do que eles para expressar tal beleza. Como Francesca afirma, à certa altura, ela vive uma vida de "detalhes". Detalhes, esses, que não escapam à percepção de Robert. Com seu olhar de fotógrafo, treinado para captar beleza, ele percebe a sedutora mulher que há em Francesca quando ela, do alto de sua maturidade, prepara o chá, seleciona os legumes, fala de si e dos seus com paciência e pudor.
O encontro de Robert e Francesca é um dos mais comoventes e profundos da história do cinema. A despeito dos seus contrastes, – a provinciana dona de casa que não conhece muito além da cidade em que vive e o fotógrafo cosmopolita da National Geographic, com uma rica bagagem de experiências pelo mundo – o filme nos convence de que eles foram feitos um para o outro.
Uma doce melancolia atravessa todo o filme. Os pés no chão, o senso de responsabilidade e a pesada consciência das condições concretas, típica de quem já passou dos quarenta, deixam no ar a idéia de que já não há mais tempo para este amor. Ele chegou tarde.
O filme mostra o fotógrafo no exercício de sua profissão. Através dele vemos que tal atividade requer um envolvimento pessoal com cada projeto, e que, por ser um trabalho de concentração e individualidade, é fortemente marcada pelas idiossincrasias de cada profissional. Como contraponto, o filme mostra também uma mulher, moldada pela vida como uma exímia dona de casa, condição esta que também é aprendida e que também tem suas peculiaridades.
As Pontes de Madison é uma adaptação do famoso romance The Bridges of Madison County, de Robert James Waller, que supostamente é baseado em uma história real.