
Metalúrgicos da Força debatem igualdade racial no mercado de trabalho
A Secretaria de Políticas para a Diversidade, Inclusão Social e Promoção da Igualdade da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos – CNTM em parceria com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável realizou, nesta quinta-feira (15), o Seminário Sindical “Igualdade Racial no Mercado de Trabalho”.
O evento foi realizado na Colônia de Férias da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo, em Praia Grande, litoral sul de São Paulo com a finalidade de debater e aprofundar caminhos de consciência e ação social contra as discriminações existentes em nossa sociedade e enfrentar as desigualdades no mundo do trabalho a partir de ações sindicais concretas, entre elas a inclusão de cláusulas de equidade racial nas Convenções e nos Acordos Coletivos e a adesão ao Pacto Nacional pela Igualdade Racial no Trabalho, por meio da assinatura de uma carta-compromisso.
Diversas lideranças sindicais dos Sindicatos e Federações filiados à CNTM participaram do encontro, entre as quais, o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves (Juruna) que é também vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi.

Metalúrgicos da Força debatem igualdade racial no mercado de trabalho
O sindicalista ressaltou que é possível ver que os negros e negras são aqueles mais prejudicados por causa da história e que a busca de políticas públicas que o governo tem feito para melhorar essa situação tem surtido efeito positivo.
“Ao melhorar a educação, a saúde e a distribuição de renda contribui significativamente essa desigualdade e as pesquisas demonstram isso. O movimento sindical dá um passo importante ao colocar, como debate nas nossas convenções políticas de apoio dos salariais essa busca também de reparar essas divisões que houveram na nossa história”, afirmou o dirigente sindical.
Veja a seguir o vídeo:
Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes presente – Participaram cerca de 200 pessoas presenciais e 300 online. Pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, representando o presidente Miguel Torres (Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes), participaram os diretores Teco e Zé Silva, as diretoras Alsira, Ester, Yara, Sonete e Leninha e as companheiras Renata, Lucilene e Marta.
Opinião – Miguel Torres lembra que a escravidão no Brasil durou quase 4 séculos, que o tempo passou, mas a herança deixada por este período ainda não foi plenamente superada, e que somos ainda um dos países mais desiguais do mundo e o racismo persiste entre nós.
“Basta observarmos com atenção as oportunidades no mercado de trabalho, a distribuição de renda, o percentual da população carcerária e as condições desiguais de moradia, entre outras condições sociais, econômicas, políticas e culturais. Portanto, precisamos unir cada vez mais todos os esforços, tanto dos governos federal, estaduais e municipais, na adoção de políticas públicas de combate às desigualdades e à discriminação racial, quanto da sociedade como um todo, incluindo os setores produtivos, o mundo do trabalho e o movimento sindical”.
Sobre o Glossário às Avessas, como material formativo de educação, Miguel Torres diz que a publicação promove o debate para mudanças estruturais necessárias para nossa sociedade. “Nosso objetivo é trazer para a reflexão e campo de atuação do movimento sindical a temática da diversidade com recorte de gênero e raça. Vamos trabalhar para que nossas campanhas salariais garantam, nas negociações e nos acordos coletivos, não apenas os necessários aumentos salariais, mas também a adoção permanente do trabalho decente, da inclusão social e da igualdade, incluindo a igualdade racial. Chega de racismo no mundo do trabalho! A luta faz a lei!”, conclui Miguel Torres.
Para Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM e conselheira do CDESS, é fundamental que o compromisso com a pauta antirracista vá além dos discursos. “Precisamos de práticas concretas e exitosas que demonstrem à sociedade e aos atores envolvidos que é possível fortalecer a democracia com base na justiça e na equidade. O mercado de trabalho tem que ser um espaço de respeito e oportunidade para todos, independentemente de raça, gênero, deficiência ou identidade”, afirmou.
Dados recentes do Dieese apontam que, entre as dez profissões mais bem remuneradas, os negros ocupam apenas 27% dos postos, enquanto são maioria (mais de 70%) nas ocupações de menor rendimento. O cenário é ainda mais crítico para as mulheres negras: uma em cada seis está empregada como trabalhadora doméstica, com renda per capita inferior a R$ 416. Para Mônica, isso revela um processo claro e contínuo de exclusão, que impacta não só o trabalho, mas também saúde, moradia e educação.
Durante o evento, acontece o lançamento oficial do Glossário às Avessas, um material pedagógico que reúne termos e expressões de uso cotidiano que carregam conteúdo racista. A proposta é usar o glossário como ferramenta de formação de dirigentes e assessorias sindicais em letramento racial. A assessora do CDESS, Rosângela Hilário, destacou que “a linguagem tem papel crucial na reprodução da desigualdade. Muitas expressões naturalizadas perpetuam a exclusão da população negra também no ambiente profissional.”. O Glossário traz termos que devem ser evitados para o bem-estar de todos no ambiente do trabalho.
Além disso, está sendo apresentado um grupo de trabalho permanente, que atua em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas para a Diversidade. O grupo coordena ações, formações e debates voltados ao enfrentamento do racismo nas estruturas laborais, com ênfase no treinamento de formadores para atuação nas bases territoriais da CNTM.
Com isso, o seminário marca um avanço no compromisso interinstitucional com a construção de um mercado de trabalho mais justo, inclusivo e antirracista, reconhecendo que o enfrentamento das desigualdades raciais exige ações contínuas, estruturais e monitoradas.

Durante o evento, aconteceu o lançamento oficial do Glossário às Avessas, um material pedagógico que reúne termos e expressões de uso cotidiano que carregam conteúdo racista. O documento traz termos que devem ser evitados para o bem-estar de todos no ambiente do trabalho. A proposta é usar o glossário como ferramenta de formação de lideranças sindicais em letramento racial.
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