Por Mark Gruenberg
Sem se deixarem abalar por um recente revés no Sul Profundo, os Trabalhadores da Indústria Automotiva retomaram sua campanha de sindicalização de dois anos, no valor de US$ 40 milhões, com uma votação marcada para hoje na fábrica de motores da International Motors/Navistar em Huntsville, Alabama.
As principais acusações da campanha entre os 220 trabalhadores da planta, que fabricam motores a diesel e transmissões de veículos para a Navistar — anteriormente conhecida como International Harvester — são desrespeito, sobrecarga de trabalho e péssima assistência médica, disseram os trabalhadores em um vídeo que o sindicato UAW postou no YouTube.
Declarações
“Trabalhamos duro por anos, mas não está sendo suficiente. Nossa assistência médica piorou”, disse o trabalhador Jeremy Fleming no vídeo. “Custos mais altos, menos cobertura, mais estresse para nossas famílias”, acrescentou seu colega Tony Bryant.
“Estamos fazendo mais com menos. Paralisações, mais horas extras, sem nenhum aviso real”, explicou Matthew Mathias. “Nós construímos os motores, mas não recebemos nenhum respeito.”
“Eu estava aqui durante a última campanha sindical”, acrescentou Fleming. “Eles pediram uma segunda chance”, disse ele sobre a gerência. “Nós demos, e as coisas só pioraram.”
Reconhecimento sindical
Os trabalhadores, que se autodenominam HPP Workers United For Change (“Trabalhadores da HPP Unidos por Mudança”), primeiro buscaram o reconhecimento sindical via card-check, conforme o site de notícias AL.com, que substituiu os jornais de Birmingham. A chefia recusou. Os trabalhadores então protocolaram pedido de uma votação oficial de reconhecimento sindical, administrada pelo Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB).
Os patrões reagiram com um vídeo próprio produzido pelo Conselho Empresarial do Alabama, culpando a campanha de sindicalização nos “chefes sindicais”. O anúncio exibe essas duas palavras com uma linha vermelha cortando-as. Essa aliança empresarial também desempenhou um papel importante nas duas tentativas mais recentes do UAW de sindicalizar fábricas no Alabama, no ano passado, na Hyundai e na Mercedes-Benz.
Campanha antissindical
Apenas uma semana antes da votação do dia 7 de agosto, o sindicato foi obrigado a apresentar três queixas por práticas trabalhistas desleais — o nome formal para violações da legislação trabalhista — no escritório regional do NLRB em Atlanta, que também cobre Huntsville.
Uma das denúncias dizia que os chefes da planta da International fizeram “declarações coercitivas e promessas” aos trabalhadores para convencê-los a se voltar contra o sindicato. Uma segunda denunciava “regras coercitivas” impostas pela chefia, sem especificar quais seriam. A terceira acusava “ações coercitivas”, como espionagem, projetadas para intimidar os trabalhadores e assustá-los para que votassem contra a sindicalização.
O AL.com também informou que os chefes da fábrica enviaram aos trabalhadores uma carta alegando que o sindicato é desnecessário e apenas cobraria suas contribuições sem fazer nada. Ambos são argumentos comuns usados pelos empregadores em campanhas antissindicais.
“Selecionar uma organização externa como um sindicato para representá-los em suas negociações com a empresa (e ter que se filiar ao sindicato e pagar contribuições sindicais) não é necessário aqui em Huntsville”, afirmava a carta.
O jornalista premiado Mark Gruenberg é chefe do escritório do People’s World em Washington, D.C.
Texto traduzido do People´s World por Luciana Cristina Ruy Matéria Publicada no site Rádio Peão Brasil
Leia também: OIT e Senac lançam programa para jovens no Maranhão